NOSSA MISSÃO

A Igreja Evangélica Assembléia de Deus de Palmeira das Missões Ministério de Madureira, tem a missão de fazer a diferença no Reino de Deus em Palmeira das Missões, no Rio Grande do Sul, no Brasil e em outros países do mundo. Pois nossos objetivos nos levam a sermos uma igreja alicerçada na Palavra de Deus primando pela salvação das almas, levando o evangelho a toda a criatura fazendo sempre a vontade de Deus, reconhecendo que o Senhor Jesus Cristo é o Senhor e Salvador de todos nós, para que os homens sejam servos obedientes e bons dispenseiros da multiforme graça do Senhor. Ministério de Madureira Uma Igreja Feliz! Contatos: 55.99998.3905.

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CONAMAD NO BRASIL - CONEMAD NO RIO GRANDE DO SUL - CAMPO DE PALMEIRA DAS MISSÕES

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SÍNTESE DA BÍBLIA

A BÍBLIA
Eu, a Bíblia, estou em suas mãos. Quero ser uma bênção para você. Então atente para as verdades que lhe digo e para os conselhos que lhe dou ao pórtico de qualquer leitura de minhas páginas:
1. sou o Livro dos Livros Nenhuma criação ou obra humana se sobrepõe a mim, porque sou a palavra inspirada do Senhor (II Tim. 3:16);
2. não sou livro de ciências, embora a elas faça algumas referências: sou o livro do coração de Deus para o seu coração carente de alimento espiritual. (Sal. 42:1-2);
3. apresento cenas, painés, histórias, provérbios, poesias, lutas de reis, fatos sociais vulgares, intrigas palacianas, atitudes nobres, procedimentos vis, fracassos e vitórias de grandes personalidades, santos e ímpios, e faço-o com inteira imparcialidade. Sou a verdade (João 17:17);
4. entro em aposentos de reis e príncipes, em casebres paupérrimos, em escritórios de sábios e de inteligências menos aquinhoadas, para lhes anunciar o maior amor, o amor de Deus em Cristo Jesus. Sou o livro mais popular do mundo (Is 11:9)
5. vivo na mente e no coração de milhões de criaturas. Se eu desaparecesse da face da Terra agora, grande parte do que tenho e sou seria reconstituída por leitores meus e crentes piedosos que não se envergonha de mim (Rom 1:16);
6. desejo ser pão para a sua fome da verdade (João 6), água para a sua sede de vera Justiça (Atos 17:3), bálsamo para as suas angústias e sofrimentos morais (Mat 11:28), bússola para todas as suas peregrinações neste mundo (Sal 119:19);
7. por mim aprenderá que há um Deus só, um Mediador entre o Pai e você (I Tim 2:5), um Mestre e Senhor (João 13:13) - JESUS. Esperança nossa (I Pe 1:3). Amigo sem par (João 13:1);
8. Moisés teve de tirar as sandálias dos pés para pisar a terra santa (Ex 3:5). Descalçar as sandálias da vaidade humana, porque vai meditar na Catedral do Espírito. Em mim fala o Senhor (1:2);
9. não me manuseie com altivez acadêmica, mas com humildade, com o santo propósito de ouvir a mensagem de Cristo, a luz do Mundo (João 8:12). Diga como o jovem Samuel: - "Fala, Senhor, porque o teu servo ouve". (I Sam 3:5, 10);
10. com oração e sossego, com amor e fé, com singeleza de coração, aproxime-se de mim e o Deus da verdadeira Paz será com você eternamente (Fil 4:9).
A História de Jesus
A VIDA DE JESUS
O nascimento de Jesus - Mateus 1.18-2.15; Lucas 2.1-20
Jesus é apresentado no templo - Lucas 2.2 1-40
O jovem Jesus - Lucas 2.41-52
O batismo de Jesus - Mateus 3; Marcos 1.1-11; Lucas 3.21,22
A tentação de Jesus - Mateus 4.1-11; Marcos 1.12-13; Lucas 4.1-13
Jesus chama seus primeiros discípulos - Mateus 4.18-22; Marcos 1.16-20; Lucas 5.1-11
Jesus escolhe os doze apóstolos - Mateus 10.1-4; Marcos 3.13-19; Lucas 6.12-16
A transfiguração de Jesus - Mateus 17.1-13; Marcos 9.2-13
A Morte e Ressurreição de Jesus
A entrada triunfal em Jerusalém - Mateus2l.1-11; Marcos 11.1-11; Lucas 19.29-44; João 12.12-19
A última ceia de Jesus - Mateus 26.17-35; Marcos 14.12-26; Lucas 22.1-38
Jesus ora no Getsêmani - Mateus 26.36-46; Marcos 14.32-42; Lucas 22.39-46
Julgamento e crucificação de Jesus - Mt 26.47-27.66; Marcos 14.43-15.47; Lucas 22.47-23.56; João 18-19
A ressurreição de Jesus - Mateus 28.1-10; Marcos 16; Lucas 24.1-12; João 20
O grande comissionamento - Mateus 28.16-20
A ascensão de Jesus - Lucas 24.50-53; Atos 1.1-12.
 
INSPIRAÇÃO, REVELAÇÃO E CÂNON 
1. O FUNDAMENTAL
Cremos na inspiração divina do Velho Testamento. Muitas religiões se baseiam em documentos humanos. Por exemplo: o Livro dos Mórmons e os textos de Ellen White, que se apresenta como continuadora da Escritura. Cremos que Deus se revelou e inspirou os homens que escreveram o Velho Testamento. É algo sobrenatural. A falácia de "E a Bíblia Tinha Razão", é uma tentativa de comprovar cientifica e empiricamente que a Bíblia de fato é um livro especial e que suas narrativas são verdadeiras. 
2. INSPIRAÇÃO
Traduzida da palavra grega: theopneustos que traduzido quer dizer soprada por Deus. No Latim: inspiro (para dentro). Deus soprou para dentro dos homens. 
3. REVELAÇÃO
Traduzida da palavra grega: apokalipsis, quer quer dizer tirar o véu, a máscara. Jeremias, autor de "A Mensagem Central do Novo Testamento", na página 114 diz: "A revelação é o conteúdo e a inspiração é o método".
 4. O CÂNON DO VELHO TESTAMENTO
A palavra Cânon significa "Régua de medir", ou Padrão aferidor. Deste modo a Bíblia é o padrão aferidor que deve nortear a vida de todos os homens. Portanto, quando dizemos o Cânon do Velho Testamento estamos nos referindo ao conjunto dos livros do Velho Testamento. Como se formou? etc.
4.1 A fixação da lei
Houve anotações: Ex 24:4-7 e Dt 31:9-13 e 24. Não se sabe quando o Pentatêuco foi completado. Duas observações necessárias:
1a - Não tratavam os escritos como nós. Há adições aos pontos fundamentais. Houve tradição oral. Cremos na mão de Deus. Assim, tudo foi testado e aprovado.
2a - Duas vezes a nação declarou "obedeceremos ao livro desta lei". Com Josias (II Rs 23:1-3 e II Cr 34:29-31) e com Esdras (Ne 8 a 10 – a primeira leitura durou 6 horas conforme Ne 8:3). O povo reconheceu vir de Deus.
4.2 A fixação dos profetas
O reconhecimento dos profetas anteriores. (Josué, Juízes, Samuel e Reis). Três fatores contribuíram: 1o) Descrevem o trato de Iavé com o povo escolhido; 2o ) Seguem o mesmo sentido da Lei; 3o) A autoridade dos escritores foi aceita (Dt 31:24 e Js 24:26).
O reconhecimento dos profetas posteriores. Tidos como autoritativos desde o início da circulação. Predições se cumpriram, como o desastre do exílio. Alguns profetas citam outros, dando-lhes autoridade (Dn 9:2).
4.3 A fixação dos escritos
Sem problemas. Alguns salmos eram usados nos cultos. Outros eram proféticos. Os livros de sabedoria foram aceitos como sendo Dom de Deus – I Rs 3:28). Por que Crônicas e não "As Guerras do Senhor" (Nm 21:14)? E o "Livro dos Justos" (Js 10:13)? Hoje, perdidos. Na época, foram utilizados como referência, contudo não foram incluídos no Cânon por algum motivo que desconhecemos.
4.4 O estabelecimento final do cânon
Segundo o historiador Josefo: na época de Esdras, tudo, desde a criação do mundo até Artaxerxes I (465-425 a.C.) já estava anotado (em Contra Apião).
Talmude: Os escribas de Ezequias escreveram Isaías, Provérbios, Cânticos e Eclesiastes. Os homens da grande congregação escreveram Os Doze, Daniel e Ester. Esdras escreveu seu livro e as genealogias de Crônicas. Neemias completou o livro de Esdras.
O livro de "IV Esdras", um apocalipse judaico escrito no ano 100 d.C., portanto 30 anos depois da queda de Jerusalém que se verificou em 70 d.C., cujos relatos antigos dizia que Esdras estava na Babilônia e reclamou da queima dos livros da Lei. Conta-se então que Esdras divinamente inspirado pelo Espírito Santo, ditou, em 40 dias, 70 livros a 5 escribas. Contudo, este livro não mereceu crédito e não foi incluído no Cânon bíblico. Realmente, o ano de sua edição seria 557 a.C. e Esdras é de 458 (conforme. Esdras 7), mas mostra a visão dos judeus em ter Esdras como o compilador do cânon. Ele é mostrado como o novo Moisés.  

Sínteses dos Livros do Antigo Testamento
O Antigo Testamento conta a história do povo de Israel. Essa história retrata a fé do povo em Deus e descreve a vida religiosa dos israelitas. Os autores destes livros escreveram inspirados por Deus relatando o que Deus fez pelo povo hebreu e como eles deveriam adorá-lo e obedecê-lo em resposta ao seu amor. Os livros do Antigo Testamento formam cinco grupos que abrangem conteúdos semelhantes, e seguem a mesma ordem cronológica que se acham na Bíblia.

LIVROS DA LEI

LIVROS HISTÓRICOS

LIVROS POÉTICOS OU DE SABEDORIA

PROFETAS MAIORES


PROFETAS MENORES

I - LIVROS DA LEI – O PENTATEUCO

1. GÊNESIS

Gênesis pode ser descrito com exatidão como o livro dos inícios. Pode ser dividido em duas porções principais. A primeira parte diz respeito à história da humanidade primitiva (caps. 1-11). A segunda parte trata da história do povo específico que Deus escolheu como o Seu próprio (caps.12-50), para si. O autor apresenta o material de forma extremamente simples. Oferece dez "histórias que podem ser prontamente percebidas segundo o esboço do livro. Algumas dessas histórias são breves e muito condensadas, mas, não obstante, ajudam a completar o conteúdo. É bem possível que o autor do livro tenha empregado fontes informativas, orais e escritas, pois seus relatos remontam à história mais primitiva da raça humana. Embora muito se tenha escrito sobre o assunto das possíveis fontes literárias do livro de Gênesis, há muitas objeções válidas que nos impedem de aceitar os resultados da análise destas "fontes".
O livro de Gênesis salienta, por todas as suas páginas, a desmerecida graça de Deus. Por ocasião da criação do munto, a graça se exibe na maravilhosa provisão preparada por Deus para as Suas Criaturas. Na criação do homem, a graça de Deus se manifesta no fato que ao homem foi concedida até mesmo a semelhança com Deus. A Graça de Deus se evidencia até mesmo no dilúvio. Abraão foi escolhido, não por merecimento, mas antes, devido ao fato de Deus ser cheio de graça. Em todos os seus contatos com os patriarcas. Deus exibe grande misericórdia: sempre recebem muito mais favor do que qualquer deles poderia ter merecido.
Há uma outra importante característica do livro de Gênesis que não se pode esquecer, a saber, o modo eminentemente satisfatório pelo qual responde nossas perguntas sobre as origens. O homem sempre haverá de querer saber como o mundo veio à existência. Além disso, sente bem dolorosamente o fato de que alguma grande desosordem caiu sobre o mundo, e gostaria de saber qual a sua natureza; em suma, preocupa-se em saber como o pecado e todas as suas tremendas consequências sobrevieram. E, finalmente, o homem precisa saber se existe alguma esperança básica e certa de redenção para este mundo e seus habitantes de que consiste essa esperança, e como veio a ser posse do homem.
AUTOR
Ninguém pode afirmar com absoluta certeza que sabe quem escreveu o livro de Gênesis. Visto que Gênesis é o alicerce necessário para os escritos de Êxodo a Deuteronômio, e visto que a evidência disponível indica que Moisés escreveu esses quatro livros, é provável que Moisés tenha sido o autor do próprio livro de Gênesis. A evidência apresentada pelo Novo Testamento contribui para essa posição (cfe. especialmente João 5:46-47); Lucas 16:31; 24:44). Na tradição da Igreja, o livro de Gênesis tem sido comumente designado como Primeiro Livro de Moisés. Nenhuma evidência em contrário tem sido capaz de invalidar essa tradição.
Traduzido por João Bentes, da Holman Study Bible, publicada pela A. J. Holman Co. de Philadelphia, Pa (EUA), cfe. A Bíblia Vida Nova, S.R. Edições Vida Nova, São Paulo, Brasil, 1980.

2. ÊXODO

Assim como Gênesis é o livro dos começos, Êxodo é o livro da redenção. O livramento dos israelitas oprimidos do Egito é tipo de toda a redenção. (I Coríntios 10:11). A severidade da escravidão no Egito (tipo do mundo) e Faraó (um tipo de Satanás) Exigiam por assim dizer, a preparação do libertador Moisés (2:1-4:31), um tipo de Cristo. A luta com o opressor (5:1-11:10) culmina com a partida (grego, êxodo ou saída) dos hebreus do Egito. São remidos pelo sangue do cordeiro pascoal (12:1-28) e pelo poder de Deus manifestado na travessia do mar Vermelho (13:1-14:31). A experiência da redenção, festejada mediante o cântico triunfal dos redimidos (15:1-21), é seguida pela prova que têm de enfrentar no deserto (15:22-18:27). No monte Sinai a nação redimida aceita a lei (19:1-31:18). O não depender da graça conduz a infração e à condenação (32:1-34:35). Contudo, triunfa a graça de Deus ao ser dado ao povo o tabernáculo, o sacerdócio e os sacrifícios, mediante os quais o povo redimido podia adorar o Redentor e ter comunhão com ele (36:1-40:38).
AUTOR
Embora o livro de Êxodo não declare em nenhum lugar que Moisés fosse seu autor in toto, toda a lei abrangida pelo Pentatêuco, que compreende principalmente a parte que se estende desde Êxodo 20 e atravessa o livro de Deuteronômio, declara mediante termos positivos e explícitos seu caráter mosáico. Afirma-se que Moisés é o escritor do livro do pacto (capítulos 20 a 23) que abrange os dez mandamentos bem como os juízos e as ordenanças que os acompanham (24:4, 7). Afirma-se que o assim chamado código sacerdotal, que se ocupa do ritual do tabernáculo e do sacerdócio que figura no restante do livro do Êxodo (exceto os capítulos 32 a 34), foram dados diretamente por Deus a Moisés (25:1, 23, 31; 26:1, e assim por diante). O levantamento do tabernáculo apresenta-se como um trabalho "segundo o Senhor havia ordenado..."Tanto esta terminologia como outras semelhantes aparecem muitas vezes nos capítulos 39 e 40. A paternidade literária mosaica é igualmente ressaltada numa destacada seção narrativa: a vitória de Israel sobre Amaleque (17:4). Em uma referência tomada do capítulo 3 do Êxodo, o Senhor Jesus denomina o Pentateuco em geral e o Êxodo em particular, "o livro de Moisés" (Marcos 12:26). A atual exegese conservadora, bem como a tradição, sempre afirmaram que Moisés é o autor. As teorias de alguns críticos não nos oferecem substitutivo adequado para a autenticidade mosaica. Merrill F. Unger  -  Doutor em Filosofia e Letras.

3. LEVÍTICO

Conforme diz o nome, Lévitico, o terceiro livro de Moisés ressalta a função dos sacerdotes de Israel, membros da tribo de Levi aos quais Deus escolheu para prestar serviços em seu santuário (Deuteronômio 10:8). Portanto, muitos crentes pensam que o Levítico é uma espécie de manual técnico que orientava os antigos sacerdotes nos pormenores das cerimônias que o povo de Deus já deixou de observar, e por isso mesmo, o Levítico é hoje o menos prezado dos livros do Pentateuco. Contudo, devemos afirmar que sua mensagem estava dirigida originariamente a todos os crentes (Levítico 1:2), e suas verdades continuam sendo de principal significado para o povo de Deus, visto que o Levítico contitui a primeira revelação pormenorizada do tema vivo do Grande Livro em geral, isto é, a revelação da forma mediante a qual Deus restaura o homem perdido. Tanto a atividade redentora de Deus como a conduta do homem que se apropria de tal redenção se acham resumiddas no versículo-chave, que diz: "Ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor, sou santo, e separei-vos dos povos, para serdes meus "(20:26).
A fim de realizar a salvação e restaurar o homem ao seio de seu Criador, é preciso prover um meio de acesso a Deus. A primeira metade do Levítico (capítulos 1 a 16) apresenta-nos, assim, uma série de medidas de caráter religioso que representam a forma mediante a qual Deus redime os perdidos, separando-os de seus pecados e suas consequências. Os diversos sacrifícios (capítulos 1 a 7) eram figuras, por assim dizer, da morte de Cristo no Calvário, onde aquele que não tinha pecados sofria a ira de Deus em nosso lugar, para que pudéssemos ser salvos de nossa culpa (II Coríntios 5:21; Marcos 10:45). Os sacerdotes levíticos (capítulos 8 a 10), prefiguravam o serviço fiel de Cristo ao efetuar a reconciliação pelos pecados do povo (Hebreus 2:17). As leis da limpeza e purificação (capítulos 11-15) deviam constituir-se em lembranças perpétuas do arrependimento e da separação da impureza, que deve caracterizar os redimidos (Lucas 13:5), enquanto o dia culminante do culto de expiação (capítulo 16) proclamava o perdão de Deus para os que se humilhassem mediante uma entrega fiel a Cristo, o qual proporcionaria acesso ao próprio céu (Hebreus 9:24).
Mas a salvação não é apenas separação do mal: abrange uma união positiva ao que é bom, justo. De modo que a segunda metade do Levítico (capítulos 17-27) apresenta uma série de padrões práticos do que o homem deve aceitar a fim de viver uma vida santa. Esta conduta prática inclui expressões de devoção em assuntos cerimoniais (capítulo 17), na adoração (capítulos 23 a 25), mas giram em torno de assuntos de conduta diária do amor sincero a Deus, e citando desta parte do Levítico: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (19:18).
Em sua forma, Levítico existe principalmente como legislação expressa por Deus: "Chamou o Senhor a Moisés e... disse: Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes..."(1:1-2), As duas narrativas históricas (capítulos 8 a 10 e 24:10-22) servem-nos de pano de fundo para assuntos de caráter legislativo: e a única variante em sua forma, o sermão final de exortação de Moisés (capítulo 26), é seguido de um apêndice de leis que regulam matérias que em si mesmas não são obrigatórias (capítulo 27).
AUTOR
Em mais de 50 pontos em seus 27 capítulos, o Levítico afirma ser palavra de Moisés dirigida por Deus. O Novo Testamento também cita o livro ao dizer: "Ora, Moisés escreveu..."(Romanos 10:5). Os críticos que relegam o Levítico a um milênio depois de Moisés, fazem-no a expensas da integridade da evidência bíblica. As Sagradas Escrituras descrevem o Levítico como livro dado a Israel pouco depois que os israelitas foram adotados como o povo da aliança de Deus (Êxodo 19:5). Fora-lhes dada a lei moral básica, o Decálogo (Êxodo 29:43; 40:34). A seguir, vem o Levítico, segundo Deus o havia prometido (Êxodo 25:22), como guia para a conduta e para a adoração. Sua legislação e seus acontecimentos abrangem tão-somente algumas semanas de tempo, desde o levantamento do tabernáculo por parte de Moisés (Êxodo20:17), até à partida de Israel do monte Sinai, menos de dois meses depois (Números 10:11), no mês de maio de 1445 a.C., segundo datas fixadas pela maioria dos exegetas evangélicos. J. Barton Payne - Doutor em Teologia.

4. NÚMEROS

O livro de Números deriva seu nome em nossas Bíblias em português, como nas versões latina e grego, dos dois censos nele narrados. Em realidade, o livro forma uma divisão de um conjunto maior, o Pentaceuco. Entre os escribas judeus ele era conhecido principalmente pelo nome de "no deserto", que em hebraico é uma só palavra, "bemidbar", título tomado do primeiro versículo. É um título apropriado, de vez que o tema do livro gira em torno das vicissitudes e vitórias do povo de Israel desde o dia em que deixou a zona zul do Sinai até chegar às fronteiras da Terra Prometida.
O livro de Números parece, às vezes, constituir uma coleção não muito estruturada de informações, narrativas e rituais ou lei civil. Contudo, estas informações são sempre pertinentes à história, ao passo que os pronunciamentos legais surgem, com frequência, das exigências da situação na vida, tal como a autorização para celebrar uma páscoa especial (9:1-14) em circunstâncias que impediam a observância da páscoa regular; ou o pedido das filhas de Zelofeade (27:1-11) cujo resultado foi que Deus estabeleceu medidas para a herança das filhas quando não houver filho sobrevivente.
No aspecto histórico, o livro de Números começa onde termina o Êxodo, dando lugar necessariamente às seções de narrativas dispersas de Levítico. Abrange um período de aproximadamente 40 anos na história da caminhada de Israel sobre a Palestina. Conquanto estes anos descrevam, em geral, a peregrinação, é evidente que o povo residiu ao sul de Canaã, principalmente na zona conhecida como o Neguebe, não muito distante de Cades- Barnéia, durante 37 anos. No decorrer desse período, o tabernáculo foi o ponto central tanto da vida civil como da religiosa, visto como era aqui onde Moisés exercia suas funções administrativas. Presume-se que o povo seguia os costumes dos povos nômades, vivendo em tendas e apascentando os rebanhos nas estepes semi-áridas. Nestas circunstâncias, o povo necessitava da provisão especial divina de alimentos e água.
No livro de Números, Deus é apresentado como um soberano que exige absoluta obediência à sua santa vontade, mas que também demonstra misericórdia ao penitente e obediente. Assim como o pai educa e castiga os filhos. Deus dirige a Israel, seu povo amado. Escolhe entender-se com o homem servindo-se de mediadores. Destes, Moisés é único, embora outros talvez estejam dotados de dons proféticos e até mesmo um pagão, Balaão, pode ser usado, visto como Deus é o Deus dos espíritos e de toda a carne.
No Novo Testamento se encontram diversas referências ao livro de Números, em que o livramento do Egito é considerado como modelo terreno da redenção eterna. Afirma-se que as experiências no deserto estão registradas para nossa admoestação (I Coríntios 10:11). Nosso Senhor Jesus Cristo referiu-se ao incidente da serpente de bronze como ilustração da forma em que ele próprio será levantado a fim de que os que crêem nele não pereçam mas tenham a vida eterna.
AUTOR
Tanto judeus como cristãos tradicionalmente têm considerado Moisés o autor do livro de Números. Considerando que o período mosaico é, quando menos, de 1300 anos antes de Cristo, o livro, em sua forma atual, passou por muitas mãos, e mesmo no hebraico tem sido transcrito de um tipo de escritura para outro. Sem dúvida, existem aqui e acolá adições redatoriais. Expoentes extremos da crítica literária têm procurado negar que Moisés pudesse ter escrito qualquer parte do livro, e têm procurado dividi-lo em documentos que datam de períodos diferentes da história de Israel. Todavia, os descobrimentos arqueológicos têm demonstrado a antiguidade das leis, das instituições e das condições de vida descritas no livro de Números. A opinião de que o livro de Números procede da pena de Moisés e do período no qual ele viveu é apoiada, também, pela profunda veneração que os judeus tinham por Moisés e pelos escritos sagrados a ele atribuidos. David W. Kerr - Mestre em Teologia.

5. DEUTERONÔMIO

O nome do livro de Deuteronômio, ou "segunda lei", sugere sua natureza e propósito. Figura, segundo consta em nossas Bíblias, como o último dos cinco livros de Moisés, fazendo um resumo e pondo em relevo a mensagem que os quatro livros precedentes contém. Não significa isto que se trata de mera repetição do que ficou dito anteriormente. Sem dúvida, Deuteronômio faz parte dos acontecimentos históricos que se deram previamente, em particular no Êxodo e em Números. Contudo vai além destes relatos visto que os interpreta e os adapta.
Através deste livro, os acontecimentos estão repletos de significado. Moisés proporciona-nos bastante história; mas em quase todos os casos relaciona os acontecimentos com a lição espiritual que sublinham. Toma a legislação que Deus dera a Israel havia quase 40 anos, e adapta-se às condições de vida da coletividade na terra para a qual Israel se mudaria em breve.
Quando este livro foi escrito, a nação de Israel se encontrava na terra de Moabe, ao leste do rio Jordão e do mar Morto. Numa oportunidade anterior, Israel havia falhado, por falta de fé, ao não entrar na Palestina. Agora, 38 anos depois, Moisés reúne o povo escolhido e procura infundir-lhe fé que capacitará a avançar em obediência. Diante deles está a herança. Os perigos, visíveis e invisíveis, jazem além. Acompanha-os se Deus, a quem chegaram a conhecer melhor durante suas experiências na penísula do Sinai, penísula deserta e escarpada. Moisés compreende, corretamente, que os maiores perigos que os assediam estão na esfera da vida espiritual; sendo assim, sua mensagem acentua o aspecto espiritual. O Senhor Deus deles, é o único Senhor; foi ele quem os libertou da escravidão. Deu-lhes a lei. Selou uma aliança com eles. São o seu povo. O Senhor exige devoção e adoração exclusivas. Seus caminhos são conhecidos do povo. Mediante longa experiência, Israel aprendeu que o Senhor honra a obediência e castiga a transgressão. Agora, em um novo sentido, Israel age por sua própria conta, sob a direção do Senhor e em sua própria casa.
O livro abrange toda uma gama de perguntas que surgem desta nova fase da vida de Israel. Sua atitude para com o Senhor é, naturalmente, o principal problema. Moisés, com toda a diligência de que é capaz, convida Israel a confiar de todo o coração no Senhor, e a fazer das leis divinas a força diretriz de suas vidas. Esta lei, se obedecida, infundirá vida e fará que os israelitas sejam povo destacado entre todas as nações. Receberão bênçãos, e as nações reconhecerão que seu Deus é Senhor. Porém, se Israel imitar a conduta das nações vizinhas, esquecendo-se de seu Deus, então sobrevirá a aflição, e finalmente será espalhada entre os povos. Através do livro todo acentua-se a fé somada a obediência. Em um sentido verdadeiro, esta é a chave do livro.
AUTOR
Nas páginas do livro de Deuteronômio se declara que Moisés é o autor dos discursos que abrangem a maior parte da obra. É evidente que a narrativa de sua morte, que consta do final do livro, foi escrita por outro autor, mui provavelmente Josué. Daí que é inteiramente apropriado referir-se a Deuteronômio como o quinto livro de Moisés. Harold B. Kuhn - Doutor em Filosofia e Letras.

II – LIVROS HISTÓRICOS

1. JOSUÉ

O livro de Josué é a continuação, poderíamos dizer, do Pentateuco. Moisés morreu na terra de Moabe, contemplando a terra prometida. A Josué, seu sucessor, coube a missão de dirigir o povo de Israel através do Jordão e na terra prometida. A maior parte do livro descreve a conquista de Canaã e a divisão da terra entre as tribos de Israel. Depois da queda de Jericó e de Ai, e da capitulação de Gibeon, na região central de Canaã, Josué teve de enfrentar duas coligações sucessivas de estados cananeus, uma na região meridional capitaneada pelo rei de Jerusalém, e a outra no norte, sob as ordens de Jabim em Hazor. Contando com a ajuda divina Josué pôde conquistar tanto o sul como o norte, e distribuir a terra entre as tribos. Contudo, formaram-se bolsões de resistência, e cada uma das tribos teve a responsabilidade de ocupar a terra que lhe foi designada. O Livro de Josué registra a história de Israel desde a nomeação de Josué como sucessor de Moisés até sua morte aos 110 anos de idade.
AUTOR
O título do livro indica que Josué é seu personagem principal. O livro em si mesmo é anônimo, embora exista sólida evidência interna de que foi escrito por uma testemunha ocular dos muitos acontecimentos aí descritos. Em sua forma atual, porém, o livro é posterior a Josué, cuja morte registra. A conquista de Debir por Otniel e de Laís pelos danitas ocorreu depois da morte de Josué.
O livro talvez tenha sido escrito por um dos "anciãos que ainda sobreviveram" depois de Josué, que empregou o material escrito pelo próprio Josué (24:26; leia também 24:1-25). Charles F. Pfeiffer - Doutor em Filosofia e Letras.

2. JUÍZES

O título do livro dos Juízes provavelmente foi sugerido pelo versículo 16 do capítulo 2, que diz:"Suscitou o Senhor juízes, que os livraram da mão dos que os pilharam." Os juízes eram pessoas cheias do Espírito Santo, que em épocas de emergência nacional conduziram o povo à guerra, e depois de libertá-los da opressão estrangeira, continuavam dirigindo os destinos da nação na paz. Exerciam as funções de magistrados militares e civis.
Mediante convite feito a duas tribos ou mais para realizar uma ação conjunta, vários dos juízes prepararam o caminho para a união das doze tribos na futura monarquia.
Na tríplice divisão da Bíblia hebraica - lei, profetas e escritos - o livro dos Juízes acha-se entre os profetas.
O livro dos Juízes contém a história dos treze juízes que governaram Israel desde a morte de Josué até à época de Eli e Samuel. É possível que alguns dos juízes tenham governado simultaneamente em diferentes regiões. O livro dos Juízes abrange um período de aproximadamente 400 anos.
Juízes é um livro valioso pelas provas históricas que apresenta sobre o desenvolvimento da religião de Israel durante os primeiros anos da conquista. O livro abrange períodos de transição que se iniciam com a vida incerta e desintegrada das tribos, até organizar-se uma federação que, finalmente, culminou na formação da monarquia. As lutas intestinas das diversas tribos, com seus problemas individuais, no meio de uma população estrangeira, são vistas com maior clareza nos Juízes do que no Pentateuco ou em Josué.
Conquanto profetas posteriores tenham feito apelo mais vigoroso, à consciência do homem, o livro dos Juízes nos apresenta uma filosofia da história que demanda a atenção do crente moderno. O descuido das ordenanças do Senhor e a adoração de deuses falsos conduzem ao castigo, ao passo que o arrependimento sincero proporciona o favor divino. O fato de que Deus trata com a nação em face da atitude desta para com as leis morais divinas, merece hoje nossa consideração.
AUTOR
Na ausência de informação precisa, várias sugestões têm sido apresentadas com respeito ao autor do livro dos Juízes. A opinião mais aceita é que Samuel, além de seu cargo de profeta ou vidente, compilou o livro. A época em que foi escrito este livro pode ter sido durante sua retirada da vida pública. A evidência interna insinua que o livro já estava em circulação antes de Davi conquistar Jerusalém. Sem dúvida alguma, o escritor empregou anais escritos deixados por juízes anteriores, relativos à época e aos acontecimentos de seu respectivo governo. Fred E. Young - Doutor em Filosofia e Letras.

3. RUTE

O livro de Rute descreve a direção providencial de Deus na vida de uma família israelita. Devido à morte do genitor e de seus dois filhos em terra estrangeira, correm perigo o nome e a herança desta família. Contudo, a situação extrema do homem é a oportunidade de Deus. Por força da conduta de um parente que, inspirado por nobres ideais, cumpre suas obrigações, a linha hereditária permanece inalterada. A união de Boaz, o hebreu, e Rute, a moabita, converte-se no meio pelo qual Deus cumpre seu misericordioso propósito. Com relação à mensagem toda das Escrituras Sagradas, o livro nos porporciona uma perspectiva da história do Natal e dos acontecimentos do Pentecoste. A genealogia culmina no rei teocrático Davi, a cuja linha genealógica é prometido o advento do Messias. Isto, ocorre com a inclusão de uma mulher de descendência moabita, mediante a qual se abre diante de nossos olhos a perspectiva pentecostal do significado universal do Messias: não é somente o Salvador de Israel, mas da raça humana.
AUTOR
No grego, e em traduções posteriores, o livro de Rute vem em seguida ao de Juízes, visto que foi em seu tempo que ocorreu a história narrada neste livro. Na Bíblia hebraica, faz parte dos chamados escritos sagrados, uma subdivisão dos cinco pergaminhos que se liam em público nos dias de festa de Israel. A história de Rute culmina na época da colheita. Este relato era lido, em geral, durante a semana, ou festa da colheita do trigo, que se denominou mais tarde festa de Pentecoste. Não se conhece seu autor. O anúncio do capítulo 1:1 no sentido de que a história aconteceu "nos dias em que julgavam os juízes", indica que a época dos juízes pertencia ao passado. Pela forma como o autor escreve acerca de Davi em 4:17 e da genealogia em 4:18-22, fica demonstrado que conhecia o esplendor do reino de Davi. Esta consideração indicaria que o livro foi escrito antes que o reinado perdesse sua glória, possivelmente na última parte do reinado de Davi ou imediatamente depois. P. A. Verhoef - Doutor em Teologia .

4. I E II SAMUEL

Os livros de Samuel relatam o período de transição da teocracia para a monarquia, e o estabelecimento desta. A história começa nos dias finais dos juízes e nos deixa com o velho Davi firmemente entronizado como rei de Israel e de Judá. Samuel e Saul são os outros dois grandes personagens do livro.
Samuel foi o último dos juízes e o primeiro dos profetas. Homem de profunda piedade e dircenimento espiritual, dedicava-se totalmente à realização dos propósitos de Deus para o bem de Israel. Embora não descendesse da linha genealógica de Arão, sucedeu a Eli no cargo sacerdotal. Ao que parece, foi o primeiro a estabelecer uma instituição para o preparo dos jovens que desejavam abraçar a vocação profética. Viu-se na contingência de guiar a Israel em algumas das mais profundas crises de sua história; no desempenho de suas funções quase alcança a estatura de Moisés. Embora não tivesse ambições pessoais, achou-se no papel de "fazedor de reis", comissionado para ungir a Saul, o primeiro rei, e a Davi, o maior dos reis de Israel.
Saul, o monarca, é um personagem enigmático. Era homem de extraordinária coragem, contudo lhe faltava a perseverança, ingrediente essencial para a grandeza. A inconstância de seu temperamente empanou todas as suas relações pessoais, e um medo mórbido de que surgissem possíveis rivais embargou-lhe a mente e afetou seu raciocínio. De origem humilde, foi chamado a desempenhar a função mais elevaqda da nação. Finalmente, sem haver alcançado o êxito que lhe desse direito de ser sepultado em um túmulo real, seus ossos foram devolvidos à sua terra de origem.
Davi é um dos grandes personagens da história bíblica. Como Saul, procedia de família humilde, mas era dotado de atributos de ordem superior. Era homem com dotes de comando, capaz de conseguir e manter a lealdade de seus subordinados. Alguns de seus servos mais fiéis provinham de lugares situados fora de Judá e de Israel. Itai, por exemplo, era oriundo de Gate. Davi era administrador prudente e podia julgar com acerto a natureza humana. Sua capacidade de tomar decisões rápidas fica bem demonstrada por sua solução do delicado problema que surgiu com respeito a Melfibosete(II Samuel 19:24 e outros). Era poeta altamente inspirados; suas canções de louvor enriqueceram a adoração, primeiro do templo, e depois da igreja cristã. Pensaríamos que o elevar-se a tão grande altura e a um custo tão alto lhe houvessem dado forças para vencer a tentação. Todavia, seu poder de resistência não era maior do que o dos outros mortais. Mesmo levando-se em consideração a época em que viveu, devemos admitir que apesar de suas fraquezas, percebeu claramente os propósitos de Deus para seu povo, e previu a vinda do Rei messiânico, a quem ele, em sua vida, representou de modo imperfeito.
Os livros de Samuel proporcionam-nos um capítulo indispensável nos anais do trato de Deus com seu povo Israel, e sua preservação e preparação para seus duplos fins: serem depositários dos oráculos de Deus e trazerem à luz, no seu devido tempo, "o mais importante Filho do grande Davi".
AUTOR
Em nenhuma parte se nos diz quem escreveu estes livros. A declaração constante de I Crônicas 29:29 sugere-nos de modo vigoroso que Samuel escreveu de co-autoria com Natã e Gade. W. J. Martin - Doutor em Filosofia e Letras.

5. I e II REIS

Em parte alguma se diz com clareza qual o propósito destes livros. Porém, mesmo uma leitura casual deixará bem claro que o escritor se propõe demonstrar que embora Israel tivesse uma aliança com Deus, a maior parte de seus reis havia rejeitado e ultrajado as obrigações inerentes a tal aliança.
Passa-se em revista tanto os reis de Judá como os de Israel, e até onde possível, são tratados segundo a época em que viviam. O valor de cada rei é determinado mediante comparação com dois reis de épocas anteriores. O rei Davi que se manteve bastante fiel à aliança, e o rei Jeroboão de Israel, que menosprezou, a referida aliança.
A comparação, feita desta forma, demonstra se um determinado rei "andou em todo o caminho de Davi seu pai", ou andou em "todos os caminhos de Jeroboão, filho de Nebate". É evidente que o escritor dos livros dos Reis descobriu que sobre estas bases foram muito poucos os reis de Israel ou de Judá que guardaram a aliança com Deus. Exceções notáveis são Asa (I Reis 15), Josafá (I Reis 22), Ezequias (II Reis 18-20), e Josias (II Reis 22-23), e mesmo estes tinham falhas.
Davi foi o rei que mais se aproximou do ideal. Pouco antes de morrer, aconselha seu filho Salomão a guardar os preceitos do Senhor (I Reis 2:3). Essa conduta é a única esperança de prosperidade e paz. O afastamento desse caminho, dessa conduta, equivalia a expor-se ao juízo divino.
A Lealdade a aliança de Deus era requisito antigo em Israel. Teve sua origem em Abraão, mas encontrou expressão nacional na época do Êxodo, quando Israel, que acabava de ser libertado do Egito, se apresentou no monte Sinai e estabeleceu uma aliança solene com Deus (Êxodo 19:5; 24:3-8). Desse momento em diante, Israel seria povo escolhido de Deus, separado das outras nações, obediente a seus mandamentos e leal a ele. Aos israelitas era proibido fazer alianças com outras nações ou outros deuses. A adesão a aliança com Deus resultaria em bênçãos; a desobediência a essa aliança traria maldição e castigo. Estes princípios estão elaborados com clareza em II Reis 17-23.
O escritor remonta à história de Israel desde Salomão até ao último rei de Judá. De maneira sincera, franca, narra a história triste da rejeição da aliança por parte da maioria dos reis. O colapso final de Israel diante da Síria (II Reis 17) e o de Judá diante da Babilônia (II Reis 25), constituiam uma demonstração da verdade do princípio que o livro sublinhava, e não constituiu surpresa alguma para os homens de discernimento espiritual.
Em dias prosteriores, os dois livros dos Reis passaram a ser uma advertência para o remanescente do povo de Deus, proporcionando assim uma lição prática no sentido de que a rejeição da aliança com Deus, um ato pecaminoso e rebelde, só pode provocar o castigo divino.
AUTOR
Não se sabe quem seja o autor dos livros dos Reis. Sabe-se que tinha acesso aos anais escritos, tais como o "livro dos sucessos de Salomão"(I Reis 11:41), o "livro das crônicas dos reis de Israel" (I Reis 14:19), e o "livro das crônicas do rei de Judá" (I Reis 14:29), que eram provavelmente documentos oficiais. Talvez tivesse acesso a outras fontes anteriores, possivelmente compilados por alguns dos profetas.
O compilador final deve ter vivido depois da queda de Judá no ano 596 a.C., visto que registra o livramento de Joaquim, por volta do ano 560 a.C. (II Reis 25:27-30).
Pelo interesse que demonstra na aliança, podemos conjeturar que se tratava de um profeta aproximadamente contemporâneo de Jeremias, e que escreveu na primeira metade do século dezesseis antes de Jesus Cristo. J. A. Thompson - Mestre em Teologia.

6. I e II CRÔNICAS

Nas Escrituras hebraicas, nossos dois livros das Crônicas formavam originalmente um só. Os tradutores da Versão dos Setenta (cerca do ano 220 a.C.) foram os primeiros a fazer a divisão. Jerônimo (morto no ano 420 d.C.) adotou esta divisão na Vulgata Latina. Tinha por título a frase hebraica "Dibrey hay-yamim", que significa "atos dos dias", ou relato dos acontecimentos diários. A Versão dos Setenta, ou Septuaginta, denomina os livros das Crônicas Paraleipomena, que quer dizer "coisas omitidas" nos livros de Samuel e dos Reis. Contudo, os livros das Crônicas se ocupam dos mesmos fatos que estes livros, porém os apresenta com um propósito diferente e de outra forma. O título Crônicas foi adotado do termo Chronicon, empregado por Jerônimo. É um nome apropriado.
Parece evidente que quando o cronista se propõe abranger o mesmo terreno que os livros de Samuel e dos Reis, deseja apresentar os fatos segundo seu próprio ponto de vista da história do povo de Deus, desde os dias de Samuel até ao cativeiro. A nação necessitava de reconstruir-se sobre sólidos alicerces espirituais, visto que o longo cativeiro havia produzido uma séria brecha no que respeita aos ideais e tradições de seu próprio povo. Anteriormente, haviam pertencido a uma teocracia, na qual se esperava que os dirigentes civis e religiosos honrassem e obedecessem tanto à verdade divina como a lei.
Israel estivera sob a monarquia persa, cujo rei era estrangeiro e pagão, nada sabia do Deus de Israel. Só mediante uma vigorosa e estrita organização eclesiástica pôde a nação manter a unidade religiosa. Quanto mais passavam os dias, tanto mais se sentiam os judeus convencidos de que a prometida soberana davídica, perpétua se prendia mais ao reino espiritual do que ao secular. Daí que se escrevesse o livro das Crônicas. Não se tratava de uma hábil casta sacerdotal que desejasse impor suas idéias contra os profetas, como costumavam declará-lo os críticos liberais. Os que haviam regressado do cativeiro deviam compreender sua própria relação com o povo de Deus.
Depois de passar em revista a história do homem antes da época de Davi, o cronista nos aponta o significado superior da promessa feita à linha genealógica de Davi, especialmente com respeito ao futuro Messias. Acentua-se a atitude anterior dos reis com referência a assuntos religiosos mais que seus empreendimentos civis. Acentua-se a imensa importância do templo, do sacerdócio, dos ritos religiosos e da lei moral. Demonstra-se que quando os reis desafiam a lei de Deus, são eles apanhados por inequívoco castigo, enquanto os que honram as ordenanças divinas, esses prosperam. O livro das Crônicas é acentuadamente didático, e insiste nas bênçãos recebidas por aqueles que vivem uma vida religiosa autêntica. O livro deve ter causando efeito estimulante na religião nacional. Ressalta somente as partes da história que exemplificam a vida eclesiástica (que era agora a única esfera sagrada); por exemplo, a história das dez tribos apóstatas é abondanada, visto como não conduz à edificação espiritual.
AUTOR
Os livros das Crônicas, de Esdras e de Neemias estão intimamente relacionados, e refletem o mesmo espírito. Crônicas é o antecedente dos outros dois, e se ocupa dos acontecimentos ocorridos depois do cativeiro. O Talmude, e a maior parte dos escritores judeus, bem como os pais da igreja cristã, atribuem os livros das Crônicas a Esdras. Os livros das Crônicas e de Esdras são semelhantes no que respeita à linguagem e ponto de vista. Têm-se feito objeções no sentido de que as Crônicas contêm relatos de acontecimentos posteriores à época de Esdras. Poderíamos muito bem aceitar Esdras como o principal autor (ou compilador), mesmo quando pudessem ter sido feitas algumas adições mais tarde. Muitos exegetas conservadores não vêem necessidade de reconhecer tais acréscimos.
O livro das Crônicas foi compilado de ricas fontes históricas que constavam de arquivos anteriores, além de Samuel e de Reis. Um estudo cuidadoso do livro tem levado muitos comentaristas dignos de crédito a fixar sua data entre os anos 430 e 400 a.C. Não existe necessidade de admitir uma data posterior. Alexandre M. Renwick  - Doutor em Divindade.

7. ESDRAS

Este livro contêm quase tudo o que se sabe da história dos judeus entre o ano de 538 a.C., quando Ciro, o persa, conquistou Babilônia, e o ano de 457 a.C., quando Esdras chegou a Jerusalém. Note-se a conexão de 1:1-3 com o final do livro das Crônicas.
Observa-se que a mão de Deus faz que o rei Ciro permita aos judeus regressar do exílio babilônico a fim de reconstruir o templo em ruínas (1:1-11). Contudo, muitos foram os judeus que preferiram as comodidades da civilização babilônica às vicissitudes da Judéia açoitada pela pobreza (2:1-70). Os que voltaram, começaram a dar preeminência a Deus (3:1-13), embora tenham permitido que o inimigo fizesse paralisar a reedificação do templo e da cidade (4:1-24). Decorridos dezesseis anos, verificou-se o avivamento em virtude da pregação de Ageu e de Zacarias, e o templo foi completado por volta do ano de 516 a.C., a despeito de novas oposições (5:1 - 6:22).
No ano de 437 a.C. interrompe-se um silêncio de quase sessenta anos, com a chegada de Esdras (7:1-10), comissionado pelo rei persa para ensinar a lei judaica e pô-la em vigor (7:11-28). Esdras reuniu uma nova geração de exilados para o acompanharem e realizou a perigosa viagem sem escolta (8:1-36). Quase de imediato se vê às voltas com o problema suscitado pelos casamentos entre judeus e pagãos, e depois de oração e confissão, pôde conseguir o apoio da maioria do povo mediante um profundo exame deste escândalo, inspirando as pessoas a fazerem uma nova aliança com o Senhor (9:1 - 10:44).
O livro demonstra a forma pela qual Deus emprega os governantes pagãos para cumprir seus fins, proporcionando ânimo e ao mesmo tempo advertência ao povo de Deus. Podem estar atemorizados pela oposição, quando Deus quer que avancem; talvez estejam contentes com os padrões de vida do mundo pagão; ou, talvez, tenham a mesma fé revelada por Esdras e pelos profetas.
AUTOR
Não se conhece o autor ou compilador deste livro, mas poderia ser o próprio Esdras. Empregou documentos existentes para fazer uma crônica dos acontecimentos que ele não presenciou pessoalmente. Duas seções do livro estão escritas em aramaico (4:8 - 6:18 e 7:12-26). Este idioma semítico era empregado comumente em todo o Oriente Próximo naquela época. J. Stafford Wright  - Licenciado em Teologia.

8. NEEMIAS

Este livro lega-nos uma lição quando ao sacrifício, à oração e à tenacidade. Neemias, o personagem principal, renunciou a um cargo de responsabilidade e bem remunerado perante o rei da Pérsia, no ano de 445 a.C., a fim de construir os muros de Jerusalém e congregar os judeus como nação (1:1 - 3:32). Seus trabalhos provocaram a intensa oposição de homens poderosos, mas Neemias se sobrepôs às ameaças, adotando sábias medidas defensivas (4:1-23). Solucionou a falta de unidade interna enfrentando o problema mediante exemplo pessoal digno (5:1-19), e resolveu as acusações falsas mediante discernimento e coragem (6:1-14).
Terminada a reconstrução dos muros, tomou medidas para que a cidade estivesse plenamente habitada (6:15 - 7:73), mas, acima de tudo, tomou providências para que Esdras lesse a lei a fim de que o povo pudesse reger sua vida por ela (8:1-18). Ele e o povo confessaram os pecados nacionais, buscaram o perdão divino, e renovaram a aliança com Deus (9:1 - 10:39). Foi trazida gente da cidade, fizeram-se preparativos para os cultos de adoração, e os muros foram consagrados (11:1 - 12:47). Mas cin i decirrer dis anos, o fervor do povo começou a declinar, e Neemias viu-se forçado a introduzir novas reformas, mesmo em face da oposição. (13:1-31).
O livro mostra a necessidade da oração e de uma atitude firme na obra de Deus. As orações de Neemias constituem um excelente estudo.
AUTOR
Acredita-se, em geral, que Esdras e Neemias constituíam originalmente um só livro. O compilador emprega aqui as memórias pessoais de Neemias, bem como outros materiais. J. Stafford Wright  - Licenciado em Teologia.

9. ESTER

O livro de Ester descreve graficamente as lutas vitoriosas dos judeus dispersos, durante o período do rei persa Assuero, contra as iníquas conspirações de certo primeiro-ministro por nome Hamã. Embora nunca se mencione neste livro o nome de Deus, sua mão se manifesta continuamente em todos os pormenores circunstanciais da narrativa. Ester, por sua beleza, é escolhida rainha em lugar de Vasti; Mardoqueu, em virtude de sua capacidade, toma o lugar de Hamã no cargo de primeiro-ministro. Todos os personagens desde o rei até ao escravo obsequioso, desempenham seu papel no momento oportuno. Hamã é encarnado do mal; Mardoqueu, a essência da bondade; Assuero, inflexível, possui também traços vigorosos. Ester, prima de Mardoqueu e sob a tutela deste, converte-se na heroína da história devido à sua boa vontade de arriscar a vida e sua posição, a pedido de Mardoqueu, em benefício de seu próprio povo em época de profunda necessidade.
AUTOR
Não se pode conseguir evidência certa com respeito ao autor do livro de Ester. A paternidade literária tem sido atribuída a vários personagens (Esdras, Joaquim, Mardoqueu, homens da Grande Sinagoga).
Intrinsecamente nada há de improvável em se atribuir o livro a Mardoqueu, destacado personagem guardador dos fatos principais narrados no livro.
Diferentemente das obras de ficção e romance, o livro de Ester está profundamente saturado de história e documentado com datas específicas. Este livro, à semelhança da profecia de Ageu (1:1, 15; 2:1, 10, 20) está datado segundo o reinado de Assuero, a quem se identifica comumente como Xerxes I (485 a 465 a.C.) da antiguidade. Segundo escavações realizadas na era moderna, em Susã, tem-se comprovado de forma substancial a exatidão do autor, que deve ter tido conhecimento pessoal do povo e da história.
Talvez nenhum outro livro da Bíblia tenha sido atacado tão acerbamente nem com tanta veemência como o livro de Ester. Devido a seu espírito de nacionalismo e vigança, os críticos o têm declarado indigno de ocupar lugar no cânon sagrado. Contudo, se lermos a história com reverência, dependendo humildemente do Espírito Santo para que nos ensine, acharemos verdades que satisfarão nossa mente e edificarão a alma. Quanto mais estudarmos esta história incomparável, tanto mais chegaremos à conclusão de que suas profundas verdades deverão ser desenterradas como se fossem pepitas de ouro. Wick Broomall  - Doutor em Teologia.

III – LIVROS POÉTICOS OU DE SABEDORIA

1. JÓ

A apresentação claramente visível do livro - prólogo, discurso e epílogo, além dos ciclos dentro dos próprios discursos - demonstra-nos que se trata de uma interpretação teológica de certos acontecimentos da vida de um homem chamado Jó. Do começo até ao fim o autor procura com diligência responder a uma pergunta básica. Qual é o significado da fé?
Chefe tribal de extraordinária piedade e integridade, Jó é abençoado por Deus com prosperidade terrena que o converte no homem "maior do que todos os do oriente" (1:3). De repente, Jó sofre vários reveses de fortuna. Vítima de uma série de grandes calamidades, vê-se privado primeiro de seus bens e de seus filhos (1:13-19). Seu corpo se cobre de uma enfermidade repulsiva (2:7). Três amigos, que se apresentam com a intenção evidente de consolar Jó, insistem em que seu sofrimento é castigo pelo pecado , e por isso mesmo, seu único recurso é o arrependimento. Mas Jó repudia com veemência esta solução, afirmando sua integridade, e admitindo ao mesmo tempo sua incapacidade de entender sua própria condição. Outro amigo, Eliú, sugere que Jó está passando por um período de disciplina de amor ordenada por Deus, para impedi-lo de continuar pecando. Jó rejeita também esta interpretação. Finalmente, Deus responde às contínuas solicitações de Jó, de uma explicação direta de seus sofrimentos. Deus responde, não mediante uma justificação de sua conduta, nem mediante uma solução imediata, mas em virtude de sua apresentação de si mesmo com sabedoria e poder. Esta apresentação é suficiente para Jó; observa ele que, por ser Deus quem é, deve haver uma solução, e nela apoia sua fé.
Conquanto o tema do sofrimento e suas causas seja predominante no livro, este preenche um fim mais amplo na mente do autor: o de demonstrar que a certeza da fé não depende das circustâncias externas nem das explicações conjeturais, mas do encontro da fé com um Deus onipotente e onisciente.
AUTOR
O livro não nos dá indicações certas do autor nem do tempo em que foi escrito. Embora muitos, atualmente, afirmem que foi escrito no exílio ou em época pós-exílio (sexto a terceiro século a.C), tradicionalmente tem-se fixado a data na época dos patriarcas (século XVI a.c.), ou nos dias de Salomão (século X a.C.). Robert B. Laurin - Doutor em Filosofia e Letras.

2. SALMOS

Os Salmos, metade dos quais é atribuída por suas inscrições a Davi, o suave cantor de Israel, em geral procedem da idade áurea de Israel, por volta do ano 1000 a.C. Sem a menor dúvida, alguns foram escritos mais tarde, na época do cativeiro (por exemplo, o Salmo 137). Os salmos expressam verdades profundas num estilo poético, com a intenção de penetrar os recônditos do coração. Devem ensinar-nos que o conhecimento intelectual não é suficiente; o coração deve ser alcançado pela graça redentora de Deus. A poesia hebraica não consiste no rítimo, mas principalmente na repetição de pensamentos apresentados em cláusulas paralelas, como, por exemplo: "Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos retribuiu segundo as nossas iniquidades" (103:10). Se prestarmos atenção a este paralelismo, poderemos, às vezes, interpretar palavras obscuras mediante o paralelo mais claro. Outro recurso que se emprega com freqüência no artifício poético é a dramatização. Davi não escreve para si próprio. Escreve para outros. O salmista escreve para todos nós, e podemos apropriarmos de que aqui também Davi escreve às vezes na primeira pessoa do singular; não obstante isso, proporciona-nos pormenores vividos das experiências do Messias.
Cerca da metade dos salmos pode ser classificada como orações de fé proferidas em épocas de angústia. Salmos tão preciosos como os de número 23, 91, 121 e muitos outros, sustentam-nos nos momentos de necessidades mais urgentes. Seria bom que apredêssemos de cor estes salmos e os repetissemos com freqüência, a fim de fortalecer-nos com a Palavra quando a hora da provação nos apanha de surpresa. Mais ou menos 40 salmos são dedicados ao tema do louvor. A nota de louvor a Deus deve constituir-se em uma parte da respiração mesma do crente, e salmos tais como os de números 100 e 103 devem figurar com proeminência em nossas devoções.
É difícil fazer uma classificação minuciosa dos salmos, visto como são obras profundamente poéticas, e um salmo pode tratar de assuntos diferentes. Sugerimos, contudo, várias categorias: os salmos do homem justo são representados pelos de números 1, 15, 101. 112 e 133. Seis poderiam denominar-se salmos messiânicos: 2, 21, 45, 72, 110 e 132. Os salmos 32 e 51 são chamados, de modo geral, penitenciais, juntamente com partes dos salmos 38, 130 e 143. Os salmos imprecatórios pedem vingança sobre os inimigos de Deus; são eles: 69, 101, 137 e parte dos salmos 35, 55 e 58. Há, pelo menos, quatro salmos históricos: 78, 81, 105 e 106. Dois ressaltam a revelação: 19 e 119.
Os salmos messiânicos que se referem a Cristo, no Novo Testamento, são: 2, 8, 16, 22, 40, 41, 45, 68, 69, 89, 102, 109, 110 e 118. Alguns destes são tipicamente messiânicos, isto é, escritos a respeito de nossas experiências em geral, mas aplicados a Cristo. Outros são diretamente proféticos. Os salmos 2, 45 e 110 predizem o Rei messiânico. No salmo 45:6, o Messias é Deus; no 110, é ele o Sacerdote, Rei e Senhor de Davi; no salmo 2, é o Filho de Deus que deve ser adorado. Outros salmos fazem referência a seus sofrimentos (22), seu sacrifício (40), sua ressurreição (16:10, 11). No salmo 89, ele é quem completa a aliança davídica em cumprimento das esperanças de Israel. .
AUTOR
Segundo os títulos, Davi foi o autor de 73 salmos; Asafe, de 12. Os filhos de Coré, 11; Salomão, 2; Moisés e Etã um cada um. No caso de 50 salmos, não se menciona seu autor. A versão dos Setenta ou Septuaginta acrescenta Ageu e Zacarias como autores de 5 salmos.
O valor das inscrições tem sido posto em dúvida, mas é evidente que figuravam muito antes do ano 200 a.C., visto que a Versão dos Setenta, traduzida em torno dessa época, interpretou erroneamente várias das anotações musicais dos títulos. As composições poéticas que figuram nos livros históricos da época do pré-exílio assinalam o uso semelhante de inscrições (Habacuque 3:1; Isaias 38:9; II Samuel 1:17; 23:1). O salmo 18, atribuido a Davi por sua inscrição, também se diz em II Samuel 22:1 que foi escrito por ele. Esta reputação de Davi como músico é mencionada repetidamente (II Samuel 23:1; I Samuel 16:18; Amós 6:5). Os livros das Crônicas explicam com clareza que Davi organizou coros no templo e compôs salmos para eles (I Crônicas 16:4, 5; 25:1-5). As expressões musicais enigmáticas das inscrições acham-se freqüentemente relacionadas pelo livro das Crônicas com este trabalho de Davi (I Crônicas 15:20, 21; 16:4; compare os títulos dos salmos 12, 38, 46; e 105:1; 148:1 e outros). Finalmente, o Senhor Jesus Cristo fundamentou um importante argumento sobre a validez do título do salmo 110 (Marcos 12:36). Não parece existir prova positiva contra o ponto de vista tradicional de que a maior parte dos salmos foi escrita em torno do ano 1000 a.C., como afirmam as inscrições. As novas provas derivadas dos pergaminhos do mar Morto descartam a idéia de que a escritura de alguns salmos se estendeu até ao segundo século antes de Cristo conforme o sustentaram alguns exegetas no passado. R. Laird Harris - Doutor em Filosofia e Letras.

3. PROVÉRBIOS
Entre os Provérbios, a sabedoria começa em Deus; sua centralidade, sua situação básica é dada por sentada em todo o livro. Os sábios se colocam em um mesmo nível. Trata-se dos que confiam em Deus, que o conhecem, que refletem esta confiança e este conhecimento mediante sua conduta reta e amorosa para com seus semelhantes, de acordo com princípios divinamente aprovados. O bom e o mau estão vinculados com a recompensa e com o castigo, uma vez que Deus incorpora em si mesmo o amor e a justiça , de modo que deve promover o bem e evitar o mal.
Os padrões positivos e negativos do livro dos Provérbios proporcionam-nos uma prova valiosa de conduta pessoal. O Senhor Jesus Cristo aconselha seus discípulos a serem "prudentes como as serpentes..."(Mateus 10:16). A sabedoria dos Provérbios é o adorno do Antigo Testamento, pelo assim dizer, no que respeita às muitas exortações práticas das epístolas do Novo Testamento, verdade aplicável tanto ao grande discurso de quatorze pontos como à ampla, expressiva e concisa série de instruções e observações de que se compõe a maior parte deste livro, referindo-se aos muitos aspectos de nossa conduta diária.
AUTOR
Provérbios 1:1 e 2 citam Salomão como seu principal autor, 10:1 - 22:16 são diretamente seus. Incorporou o primeiro grupo de "palavras" em 22:17 - 24:22 ("minha ciência", 22:17); e a passagem de 24:23-24 foi, talvez, acrescentada por ele, ou pelos homens de Ezequias, juntamente com a segunda série de Salomão, capítulos 25 a 29. Os discursos, capítulos 1 a 9, não têm data, porém existia um bom precedente oriental antiqüissimo que justificaria o fato de Salomão os antepor como uma introdução aos provérbios principais. Os poemas de Agur, de Lemuel, e da esposa virtuosa não têm data conhecida, mas poderiam ter sido acrescentados anteriormente, no tempo de Ezequias, embora talvez mais tarde. Assim, a data mais antiga para o livro dos Provérbios seria o reinado de Ezequias, imediatamente depois do ano 700 a.C., ou, quem sabe, algum tempo depois.
A literatura proverbial escrita já era antiga no Oriente Próximo: e estudos recentes (nem todos publicados) de contactos lingüisticos e fundos literários da região norte de Canaã, do Egito, da Mesopotâmia e de países heteus, ou hititas, indicariam que o livro de Provérbios foi escrito na primeira metade do primeiro milênio antes de Cristo. Kenneth A. Kitchen - Bacharel em Artes.

4. ECLESIASTES OU PREGADOR

Quem é Eclesiastes? A palavra significa "homem de assembléia", podendo ser o homem que convoca uma assembléia religiosa (Números 10:7), ou aquele que é seu porta-voz ou pregador. Nosso porta-voz não é um sacerdote que fizesse uso da lei, nem um profeta que fizesse uso da palavra, mas um sábio que fazia uso do conselho (Jeremias 18:18), grande parte de cuja obra se assemelha ao livro dos Provérbios.
AUTOR
De 1:1 se deduz geralmente que se trata de Salomão, o primeiro dos sábios de Israel (12:9, 11; também I Reis 3:12; 4:29-34); pelo menos, pensava-se que parte do livro refletia as experiências do Sábio.
Entretanto, poderíamos perguntar se Salomão, o terceiro rei de Israel, empregou alguma vez em sua história o tempo gramatical pretérito para dizer: "Fui rei sobre Israel em Jerusalem" (1:12). Teríamos confessado, como ele o fez, que a sabedoria "ainda estava longe de mim"(7:23)? Quando este pregador escreveu? Evidentemente, quando a nação de Israel vivia angustiada sob o jugo do opressor (possivelmente a Pérsia, entre os anos 444 e 331 a.C.) Onde? Perto da casa de Deus (5:1). Os conhecimentos do mundo demonstrados no livro poderiam ter sido adquiridos ali mesmo em Jerusalém.
A quem se dirige o livro? Embora escrito em hebraico, os traços distintivos de Israel são poucos. Nunca se emprega o nome de Deus associado com o concerto ou aliança; Israel é mencionado uma única vez. O autor fala aos filhos dos homens, e por fim à humanidade toda. Apontado para a estultícia natural do homem e sua ignorância, prepara o caminho para a sabedoria e para a luz do evangelho.
Por que este livro consta do cânon? Os rabinos punham em dúvida a consequência do escritor, porém o livro já figurava em suas Bíblias. Não vemos aqui um otimismo cego: existem muitíssimos problemas sérios da vida para justificar otimismo. Não vemos aqui, tampouco, um pessimismo cínico, visto que o autor é crente no Deus da justiça (8:12, 13). Temos aqui um penetrante realismo que faz frente à alegria e à fúria, aos triunfos e às derrotas, um jogo de luz e sombras, e termina afirmando que tudo é vaidade (1:2; 12:8); contudo, paradoxalmente, a vida toda do homem deve reverenciar e obedecer a Deus, uma vez que é a ele que finalmente prestaremos contas (12:13, 14). W. Gordon Brown - Bacharel em Teologia.

5. CANTARES OU CÂNTICO DOS CÂNTICOS

O livro descreve o amor e casamento de Salomão (chamado o amado) com uma jovem camponesa (denominada sulamita). Compõe-se totalmente de discursos pronunciados principalmente pela sulamita e por Salomão. Visto como se trata de poesia oriental antiquíssima, difere basicamente da forma como um escritor devoto da atualidade poderia apresentar as mesmas idéias básicas. Descreve a beleza do amor puro entre uma mulher e um homem, amor que se aprofunda numa devoção recíproca e imperecível. A mensagem fundamental é a pureza e o caráter sagrado do amor no casamento - mensagem muito necessária em nossos dias de tantas promessas matrimoniais quebradas e de divórcios fáceis.
Ao mesmo tempo, os Cantares de Salomão lembram-nos que o que sustenta todo o amor humano puro é o maior e mais profundo de todos os amores - o amor de Deus, que sacrificou a seu Filho para redimir os pecadores, e do amor do Filho de Deus que sofreu e morreu por sua esposa, a igreja. Cantares de Salomão não é alegoria nem tipo, mas uma parábola do amor divino que constitui o pano de fundo e a fonte de todo o verdadeiro amor humano.
AUTOR
O título (1:1) diz que Salomão é o autor. Isto está de acordo com o conteúdo do livro, especialmente a descrição da natureza. Até agora ninguém apresentou um caso convicente contra a paternidade literária de Salomão. Foi rei de Israel entre os anos 973 a 933 a.C., aproximadamente. Johannes G. Vos - Mestre em Teologia.

IV – PROFETAS MAIORES

1. ISAÍAS

Isaías é merecidamente conhecido como o profeta evangélico, visto que nos proporciona a mais ampla e clara exposição do evangelho de Jesus Cristo registrada no Antigo Testamento. Semelhante, em determinados aspectos, à epístola aos Romanos no Novo Testamento, Isaías serve de compêndio das grandes doutrinas da era pré-cristã, e se ocupa de quase todos os pontos cardiais na escala da teologia. Acentua de modo especial a doutrina de Deus, sua onipotência, sua onisciência e seu amor redentor. Em confronto com os deuses imaginários dos adoradores pagãos de ídolos, Deus se revela como o verdadeiro Deus, o Soberano Criador do Universo, que ordena todos os acontecimentos da história de acordo com um plano-mestre que ele próprio estabeleceu. Mediante a demonstração de sua autoridade e inspiração de sua Palavra, cumpre maravilhosamente as predições pronunciadas muito antes pelos profetas. Ele é o mantenedor da lei moral, que traz a juízo todas as nações ímpias dos pagãos, inclusive as mais ricas e poderosas dentre elas, e destina-se ao montão de cinzas da eternidade, ao passo que seu povo escolhido vive para lhe glorificar o nome.
É, acima de tudo, o Santo de Israel que Isaías apresenta como o Senhor que o inspirou a profetizar. Em sua qualidade de Santo, exige acima das formalidades da adoração mediante sacrifícios, o sacrifício vivo de uma vida piedosa. Para este fim, apresenta as mais vigorosas persuasões dirigidas à consciência de seu povo, tanto na forma de advertência e apelos proféticos, como nas ameaças de castigo destinadas a levá-los ao arrependimento. Mas, na qualidade do Santo de Israel, apresenta-se como inalteradamente obrigado para com seu povo da aliança, e o fiador fiel de suas misericordias promessas de perdoar-lhes, quando se arrependerem, e libertá-los do poder do inimigo. Está preparado para resgatá-los dos assaltos de seus arrogantes opressores gentios, e trazê-los, da escravidão e do exílio, para a Terra Prometida.
Entretanto, na análise final, até mesmo os crentes israelitas, instruídos nos ensinos do Antigo Testamento e usufruindo de imcomparáveis privilégios de acesso a Deus, demonstram ser inerentemente pecaminosos e incapazes de salvar-se a sí mesmo do mal. Seu livramento final só pode provir do Salvador, do Messias divino e humano. Este Emanuel, nascido de uma virgem, que é o próprio poderoso Rei, estabelecera seu trono como rei de toda a terra, e porá em vigor as exigências da santa lei de Deus, ao estabelecer a paz universal, a bondade e a verdade sobre o mundo todo. Contudo, este Messias soberano obterá o triunfo somente como Servo de Jeová, rejeitado e desprezado por seu próprio povo, oferecendo seu corpo sagrado como expiação pelos pecados deles. Mediante o sofrimento e a morte, libertará a alma não somente dos verdadeiros crentes de Israel como nação, mas também de todos os gentios de terras distantes que abrirem o coração para receberem a verdade. Tanto os judeus como os gentios formarão um rebanho de fé e constituirão os súditos felizes de seu reino milenial, que está destinado a estabelecer o governo de Deus e assegurar a paz de Deus sobre toda a terra.
AUTOR
Isaías, filho de Amós, provinha, ao que parece, de uma rica e respeitável família de Jerusalém, visto que não somente se registra o nome de seu pai, mas ainda desfrutava de estreita relação com a família real e com os mais altos funcionários do governo. Embora, talvez, tenha iniciado seu ministério profético no final do reinado de Uzias, menciona o ano da morte deste rei, provavelmente 740 a.C, como a época em que recebeu a unção e incumbência especial de Deus no templo (capítulo 6). Foi-lhe ordenado que pregasse com intrepidez e de modo inflexível uma mensagem de advertência e denúncia contra seu povo, pela impiedade de conduta e pela idolatria, chamando a nação para um sincero arrependimento e reforma. O idólatra rei Acaz odiou-o e criou-lhe obstáculos, mas foi favorecido e respeitado pelo rei Ezequias (716-698 a.C.), o qual, contudo, não levou em conta as advertências do profeta contra a aliança com o Egito, Isaías foi, provavelmente, martirizado pelo rei Manassés, brutal e depravado filho de Ezequias, isso por volta do ano 680 a.C. Gleason L. Archer Junior - Doutor em Filosofia e Letras.

2 JEREMIAS

O prolongado ministério de Jeremias, que durou mais de quarenta anos, estendeu-se desde o ano de 625 a.C. até poucos anos depois que Judá deixasse de ser um estado, no ano de 586 A.C. Mais de cinquenta nos de apostasia religiosa sob o reinado de Manassés foram, finalmente, seguidos de uma reforma religiosa no governo de Josias (621-607) a.C.). Jeremias apoiou a reforma com entusiasmo até perceber que o coração do povo não mudava. Dois anos após a morte de Josias, a batalha de Carquemis (605 a.C.) consolidou o domínio babilônico sobre a Ásia Ocidental. A partir daí, Jeremias defendeu a submissão a Babilônia, porém não teve êxito. Por causa da administração dos últimos quatro reis de Judá, dos vinte e um anos de apostasia religiosa e fraqueza política, tornou-se inevitável a queda de Jerusalém no ano de 586 a.C. e o conseqüente exílio.
As angustiosas circunstâncias sob as quais Jeremias trabalhava e a extraordinária extensão com que a idolatria tomara o lugar da religião revelada em Judá manifestam-se com clareza nas predições de Jeremias. Igualmente, a angústia espiritual de Jeremias é causada por esta apostasia. Contudo, não era ele um homem pessimista. Era, essencialmente, guerreiro de Deus, porém um guerreiro que também exercia as funções de atalaia e testemunha. O primeiro capítulo descreve o chamado de Jeremias para o mninistério profético. Os capítulos 2 a 13 capacitam-nos a reconstruir as condições em que ele profetizava, enquanto os capítulos 14 a 33 nos revelam sua consciência de Deus e sua comunhão com ele (leia também 1:1-19). O guerreiro surge, como atalaia de Deus (34:1 - 45:5) e testemunha de Deus (46:1-52:34).
Nos oráculos de Jeremias, Deus, o Governante moral do mundo, é o Deus das alianças de Israel. Por meio de Israel, procurou atingir fins morais. Em realidade, o adultério, pelo assim dizer, do reino setentrional com os baalins obrigou Deus a dar-lhe carta de divórcio, ou seja, mandá-lo para o exílio. Judá, o reino meridional, não tirou proveito da experiência de Israel. Na verdade, superou a Israel na prática de impurezas sexuais, a despeito de rejeitar as acusações de infidelidade religiosa. Portanto, Deus teve de castigá-la.
O arrependimento poderia ter suspenso o processo de divórcio (exílio), apesar de seus adultérios, visto como a graça divina é imensa. Todavia, tão arraigada estava a imoralidade em Judá que a nação não era capaz de corrigir-se moralmente. Aos poucos foram desaparecendo as virtudes sociais. Nem os sacrifícios nem os ritos poderam substituir o arrependimento e a justiça. A espantosa pecaminosidade de Judá significava que o pecado devia ser congênito, por conseguinte, não tinha capacidade moral. Esse pecado nascia de uma natureza pacaminosa. O juízo e o exílio eram inevitáveis. Porém o exílio não era a última palavra.
Voltaria um remanescente para viver sob a administração messiânica, em um ambiente de segurança religiosa e social. O governo justo do Messias sobre um povo reto contribui para explicar a doutrina do novo concerto de Jeremias. As pessoas seriam justas porque teriam o coração renovado. Obedeceriam às leis de Deus de coração espontaneamente. A nova aliança, garantindo o perdão e uma dinâmica espiritual interior, transcederia o legalismo da antiga aliança. Finalmente, pelo sacrifício e morte de Cristo, e mediante a manifestação regeneradora interior do Espírito Santo, a nova aliança se tornaria realidade.
AUTOR
Não se observa princípio algum na organização das profecias de Jeremias. Os oráculos sob os últimos cinco reis de Judá não seguem uma linha cronológica. A ordem dos capítulos, no hebraico, difere da ordem da Versão dos Setenta (Septuaginta), e nesta Versão se observam consideráveis omissões, conquanto de escassa importância. Isto nos sugere uma revisão redatorial distinta. Jeremias ditou as profecias e Baruque as escreveu (36:1-8, 32). O Novo Testamento contém numerosas referências a Jeremias. J  G. S. S. Thomsom  - Doutor em Filosofia e Letras.

3. LAMENTAÇÕES DE JEREMIAS

O livro de Lamentações contém um tema principal. Os sofrimentos que recaíram sobre Jerusalém quando o rei Nabucodonosor capturou a cidade no ano de 586 a.C. Em uma série de elegias, o autor expressa seu inconsolável pesar pela agonia e angústia da cidade.
O primeiro lamento descreve e explica as aflições de Jerusalém em termos gerais. O segundo descreve o desastre em maiores minúncias. Ressalta que a destruição da cidade é um juízo divino sobre o pecado. Alguns fatores fundamentais deste juízo se esclarecem no terceiro lamento. O quarto sublinha algumas lições que Jerusalém aprendeu por meio do juízo. O quinto e último lamento (poderíamos dizer mais acertadamente oração)descreve como Jerusalém, por causa de seus sofrimentos, lançou-se à misericórdia divina, esperando que Deus novamente se mostre misericiordioso para com Israel, agora purificada no cadinho da aflição. Considerando-se que as Lamentações de Jeremias tratam o sofrimento como castigo sobre o pecado, o crente afligido tem no referido livro a linguagem de sua confissão, auto-humilhação e invocação.
AUTOR
Desde época antiqüissima, tanto os judeus como os cristãos têm atribuído a Jeremias o livro das Lamentações. A Versão dos Setenta (Septuaginta) atribui a autoria do livro a esse profeta, desde o segundo século antes de Cristo, e a Bulgata o faz desde o quarto século de nossa era. Se dermos por definida a paternidade literária de Jeremias, o livro das Lamentações converte-se em "suplemento do livro de Jeremias", que com tanta freqüencia profetizou uma catástrofe como a que o livro das Lamentações descreve. Jeremias não adota um tom de censura em seu lamento, como quem diz: "Eu o avisei." Sente a dor das aflições de Jerusalém, e roga a Deus que não a rejeite para sempre. J. G. S. S. Thomson - Doutor em Filosofia e Letras.

4. EZEQUIEL

O Livro de Ezequiel relata a atividade de um profeta durante o exílio na Babilônia. O profeta dirige suas mensagens a seus compatriotas cativos e também ao povo hebreu que ainda reside na Palestina. Ambos os grupos permaneceram obstinados e impenitentes, mesmo depois da captura de Jerusalém levada a cabo pelo rei babilônio Nabucodonosor, e do exílio de Joaquim, rei de Judá, juntamente com uma considerável parte da população no ano de 597 a.C. Portanto, Deus atribuiu a Ezequiel a tarefa de denunciar a casa rebelde de Israel e predizer a destruição de Jerusalém e a deportação de um número ainda maior. Seis anos depois de Ezequiel haver começado a pregar, suas palavras se cumpriram. No ano de 586 a.C., Nabucodonosor destruiu Jerusalém e levou cativos para a Babilônia quase todos os sobreviventes. Mas, a despeito da infidelidade de Israel, Deus mostrou-se misericordioso. Ezequiel recebeu instruções no sentido de proclamar as boas-novas de que o exílio terminaria e Israel recuperaria sua posição de instrumento da salvação de Deus para todos os homens.
A forma pela qual o livro de Ezequiel apresenta esta mensagem de juízo e de promessa distingue-o dos outros livros proféticos do Antigo Testamento. A organização sistemática do conteúdo constitui seu primeiro traço característico. Os primeiros vinte e quatro capítulos representam a acusação e condenação de Israel, com aterradora conseqüencia. Esta perspectiva de juízo, minorada somente por lampejos incidentais de luz, fica compensada na última parte (capítulos 33 a 48) com uma apresentação também conseqüente com o brilhante futuro que Deus tem reservado para seu povo. Estas seções compactas de ameaças e promessas a Israel são separadas por uma série de discursos endereçados às nações estrangeiras, discursos que têm duplo aspecto: pronunciam juízo e castigo sobre os perversos vizinhos de Israel, mas a destruição dos inimigos de Israel constitui também segurança de que não poderão criar obstáculos no cumprimento da promessa de Deus de redimir e restaurar seu povo escolhido.
Outro traço característico do livro de Ezequiel é a forma pela qual expressa não somente a ameaça mas também a promessa. O livro é abundante em visões misteriosas, alegorias ousadas e estranhos atos simbólicos. Estas formas de revelação divina ocorrem aqui com maior freqüencia do que em qualquer outro livro profético, e se acham representadas por uma riqueza de pormenores descritivos. As visões em particular são bizarras, de forma quase grotesca, e portanto de interpretação dificil.
Todavia, o significado fundamental do livro de Ezequiel não escapará ao leitor se levar em conta que a glória de Deus e suas ações de juízo e salvação se acham apresentadas em linguagem e forma simbólicas. Aquilo que Ezequiel vê em visões, que descreve em alegorias e põe em prática numa forma que se assemelha a charadas, tem por objetivo contribuir para a certeza de que Deus leva avante seu plano de salvação para todos os homens aos quais ele havia iniciado neste pacto com Israel séculos antes. Purificado pelos juízos de Deus no exílio babilônio, o povo de Israel se tornaria de novo o veículo das promessas que se cumprirão no novo pacto e no final dos tempos. Tudo isto Ezequiel vê em perspectiva profética, na qual se sobrepõem no mesmo quadro relativo ao reino de Deus futuro e permanente algumas cenas de um futuro imediato e de um futuro distante.
AUTOR
A pessoa de Ezequiel se acha tão imersa na mensagem, que além de seu nome, pouco sabemos com referência a ele. Somente dois fatos de caráter biográfico podem deduzir-se do livro: que era filho de Buzi, o sacerdote, e, diferentemente de seu contemporâneo Jeremias. Ezequiel era casado, mas "o desejo dos teus olhos" lhe foi tirado de um golpe, enquanto realizava sua missão por ordem de Deus.
Ezequiel tem sido considerado, com freqüencia, uma pessoa severa, insensível. Tem-se dito que é impessoal, indiferente a seus ouvintes, e só lhe preocupa a vindicação da glória de Deus, mesmo na proclamação da misericórdia. Conquanto seus sentimentos não aflorem à superficie, como no caso de Jeremias, a afirmativa de que ele não é compassivo equivialeria a ir além das evidências. Nem tampouco podem os críticos radicais justificar suas teorias que afirmam que o profeta sofria de ataques catalépticos e de paranóia esquizofrênica. Os atos simbólicos que ele executa e as visões que recebe não são, em essência, diferentes dos que os outros profetas registram.
Ezequiel foi levado para a Babilônia no ano de 597 a.C., e foi chamado para o ministério profético cinco anos mais tarde. Exerceu tal ministério ativamente durante um período de vinte e dois anos, pelo menos (29:17).
Walter B. Roehrs - Doutor em Filosofia e Letras.

5. DANIEL

O livro de Daniel jamais deixou de despertar interesse e de provocar controvérsia nos círculos teológicos. Ao mesmo tempo, cativa os leitores com relatos de heroísmo em tempos de grande perigo e tem servido de consolo a multidão de fiéis seguidores de Deus quando lêem comoventes narrativas de sua presença e bênção.
Os primeiros capítulos de Daniel narram certas experiências dos jovens judeus - Daniel e seus três companheiros - que fazem parte dos cativos judeus na Babilônia no século sexto antes de Cristo. A recusa de serem atraídos pelo mundo pagão em que viviam e os perigos que os ameaçavam por causa de sua fidelidade constituem a essência do drama. Seus livramentos - Daniel da cova dos leões, e Sadraque, Mesaque e Abdnego da fornálha ardente - demonstram o poder e o amor de Deus. Nabucodonosor, orgulhoso e seguro de sua conduta despótica, é humilhado até que reconheça que a providência de Deus governa inclusive a vida do rei. O drama da escritura na parede fez que esta frase seja parte proverbial de nosso idioma hoje. O terrível pecado da arrogância diante de Deus, do qual Belsazar se fez culpado, traz com certeza a derrota e a morte. As seções narrativas do livro, entre as mais famosas da literatura, mantêm nosso interesse não somente pelo drama, mas também por sua vigência toda vez que o materialismo e o paganismo ameaçam envolver os filhos de Deus.
As visões que o livro de Daniel proporciona, quer sejam dadas a governantes pagãos ou ao próprio Daniel, são consideradas por sinceros estudiosos da Bíblia como uma visão prévia do mundo através da história até aos últimos dias. As profecias relativas aos quatro reinos e ao quinto grande reino, o reino de Deus, constituem um quadro da marcha do império. Os quatro reinos formaram-se de acordo com a profecia; o quinto reino espera seu cumprimento por ocasião da segunda vinda de nosso Senhor.
Os grandes temas da profecia de Daniel são assunto de vital solicitude para a igreja na atualidade: a apostasia do povo de Deus, a revelação do homem de iniquidade, a tribulação, a segunda vinda, o milênio e o dia de juízo. Ao abir o livro de Daniel, vemo-nos às voltas com uma interpretação da história que não somente se cumpriu em grande parte, mas que se cumprirá totalmente. Esta certeza é que faz que o livro de Daniel seja de vital e significativa importância na presente época.
AUTOR
No terreno histórico, tanto o Judaísmo como o Cristianismo têm incorporado o livro de Daniel no cânon, considerando-o obra autêntica do período acerca do qual afirma falar, isto é, do sexto século antes de Cristo, escrito por Daniel. Não existe base científica de nenhuma natureza que justifique afastar-se da aceita tradição judaico-cristã, no sentido de que o livro foi escrito no século VI a.C., por Daniel. G. Douglas Young - Doutor em Filosofia e Letras.
  
V – PROFETAS MENORES

1. OSÉIAS

O livro de Oséias apresenta-nos a intensa rogativa de um gigante espiritual, profundamente consagrado à tarefa de salvar a nação pecadora. Com autêntica solicitude, o pregador busca, repetidamente, conseguir a convicção e o arrependimento do povo a fim de que os escolhidos de Deus se sintam obrigados a voltar ao lar e ali achar o amor, o perdão e a cura. Com fidelidade, Oséias mostra graficamente os aspectos essenciais da verdadeira religião. Carregando nas tintas, lida com o pecado e seus resultados trágicos na vida humana, fala do juízo destrutivo e do inesgotável amor com seus tesouros indizíveis para o homem e para a mulher, trata da verdadeira natureza do arrependimento, da salvação certa que será proporcionada e do pleno perdão de Deus a todos quantos se arrependerem autenticamente com sincera fé. O veemente evangelista conhece seu povo. Sabe que é derramar lágrimas abundantes enquanto sua esposa infiel chafurda cada vez mais no pecado. Conhece a pronfundidade do amor e a boa vontade de amar sinceramente, de perdoar, de dar as boas-vindas e de restaurar. Tem consciência da sagrada pronfundidade do amor no coração de Deus. Dia após dia lança seu desafio pessoal, penetrante e poderoso aos recalcitrantes pecadores que devem voltar para Deus. Mediante a pregação deste profeta, Deus convida seu povo errante a regressar. Oferece-lhe misericórdia e perdão, a graça é abundante, a salvação os espera. É assombroso encontrar neste século do Antigo Testamento tanta mensagem do Novo e descobrir o apelo fundamental do verdadeiro evangelista. Todas as notas estão ali. Toda esfera é descoberta. Faz-se todo tipo de apelo. É a forma como Deus se manifesta.
AUTOR
O autor do livro é Oséias, filho de Beeri, de Israel. Profundamente influenciado pelo profeta Amós, tragicamente ferido pela terrível infidelidade de sua esposa Gomer, agudamente cônscio dos terríveis pecados de seu próprio povo, sensível à voz de Deus dirigida a um povo pecador, o profeta roga intensamente enquanto procura fazer que o povo infiel volte para seu Deus. É o evangelista divinamente escolhido para persuadir os pecadores empedernidos a que se voltem para um Deus cheio de amor, que está ansioso por perdoar-lhes e salvá-los. O ministério de Oséias estendeu-se por vários anos depois do ano de 746 a.C. Kyle M. Yares - Doutor em Filosofia e Letras.

 

2. JOEL

Uma praga de gafanhotos havia devastado a terra de Judá. Enquanto Joel, filho de Petuel, meditava nesta calamidade, veio-lhe a palavra do Senhor. Transformou-se em um grande profeta que proclamava a seu povo as divinas implicações desta catástrofe. O livro, que traz o seu nome, registra o sermão de Joel nesta ocasião.
O profeta descreve a praga comparando-a a um exército humano que, em seu avanço, deixa atrás de si terra assolada (1:4-12; 2:2-10). Joel sabe que no ataque desta praga Deus estava operando. Sim, é o exército do Senhor (2:11), e o dia da invasão é o dia do Senhor - o dia do juízo de Deus contra um povo pecaminoso (1:15; 2:1, 11). O profeta insta com o povo a que se converta, e ao mesmo tempo expressa a esperança de que Deus se arrependa e se abstenha de castigar (1:14; 2:12-17).
Não há dúvida de que o ministério de Joel teve maior êxito do que o de muitos dos outros profetas, visto como o perdão de Deus (2:18-27) indica que o povo se arrependeu de coração. "E aquele que é do norte (isto é, os gafanhotos) farei partir para longe de vós... E restituir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto" (2:20, 25) são promessas que o profeta faz em nome de Deus.
Contudo, o sermão de Joel ainda não havia terminado. Havia pela frente juízos ainda mais terríveis para o mundo que não reconhecia a sabedoria de Deus nem tampouco aceitava os padrões comuns de ética das nações pagãs (3:2-8). Deus, misericordiosamente, enviará seu Espírito sobre toda a carne (2:28, 29), porém as nações gentias serão julgadas e castigadas (3:1, 2, 9-16). O povo de Deus será libertado desta ira (2:32). Então Judá e Jerusalém gozarão de maravilhosa prosperidade e serão abençoadas eternamente com a presença divina (3:18-21).
Mediante estas palavras, Joel expressa a esperança humana e a promessa divina de que Deus é soberano neste mundo, e fará que sua vontade se cumpra na terra como no céu. Os reinos deste mundo "vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre" (Apocalipse 11:15).
AUTOR
A respeito de Joel, filho de Petuel, nada se sabe em definitivo. Joel significava o Senhor é Deus, e era nome comum, de origem hebraica, no tempo do Antigo Testamento. As numerosas referências que Joel faz acerca de Jerusalém (1:14; 2:1, 15, 32; 3:1, 6, 16, 17, 20, 21) parecem indicar que ele residia nessa cidade.
Não podemos determinar a data da praga dos gafanhotos, a qual constitui o pano de fundo histórico deste livro. Há divergências quanto à data em que foi escrito, embora possamos afirmar que o livro não depende em nada da sua data; sua mensagem se aplica ao homem de nossos dias. John B. Graybill - Doutor em Filosofia e Letras.

 

3. AMÓS

A grande proclamação feita no início de sua profecia (1:2) fixa o tom da mensagem de Amós. A voz de Deus, como a de um leão que ruge, será ouvida desde Sião no dia do juízo. Sob o respeitável manto da prosperidade material, Amós põe a descoberto a massa putrefata do formalismo religioso e a corrupção espiritual (5:12, 21). Aponta a total indiferença para com os direitos humanos e para com a pessoa humana (2:6), e assinala a deterioração da moral e da justiça social (2:7, 8). O profeta tinha um remédio para o mal que ameaçava a vida da nação. O homem devia buscar a Deus, devia arrepender-se e estabelecer a justiça a fim de poder viver (5:14, 15). Todavia, para ressaltar o aspecto irremediável da situação, o profeta Amós adverte que os responsáveis pelo mal que açoitava a terra não se "afligiam" pelo desastre que se avizinhava (6:6). Em conseqüência, outra coisa não esperava a Israel senão a destruição (9:1-8). O dia do Senhor não será uma vindicação de Israel, segundo acreditavam algumas pessoas daquele tempo, mas uma confirmação das exigências do caráter moral de Deus contra os que o haviam rejeitado. Somente quando esta verdade fosse reconhecida é que se estabeleceria o esplendor do reino davídico. Porém esse dia era inevitável (9:11-15). A mensagem de Amós é, em grande parte, um "clamor de justiça".
AUTOR
Natural de Técoa, local situado a vinte quilômetros ao sul de Jerusalém, Amós era pastor e também cultivava sicômeros (figos silvestres) 1:1; 7:14, 15). Enquanto cuidava do gado, recebeu o chamado de Deus para exercer o ministério profético. Profetizou no reino do norte durante breve período na segunda metade do reinado de Jeroboão II (785-744 a.C.), rei de Israel, e durante o reinado de Uzias (780-740 a.C.), rei de Judá (1:1). Arnold C. Schultz  - Doutor em Teologia.

4. OBADIAS

Este pequeno livro resume o significado da relação de Edom e Israel (Esaú e Jacó) na história da salvação, e ao fazê-lo revela um aspecto do dia do Senhor e do reino de Deus.
Edom, a nação oriunda de Esaú sempre se revelou hostil a Israel, a despeito dos laços fraternais existentes, visto que eram filhos de Isaque. Deus confiou a muitos profetas a mensagem de condenação dirigida contra Edom (Amós, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Malaquias), os quais frenqüentemente chamaram a atenção para o orgulho e para a auto-suficiência de Edom como as raízes de seu pecado. Em Obadias, o profeta parece tomar uma profecia de juízo existente contra Edom (vers. 1-4 e frases incluídas nos vers. 5-9) - talvez o mesmo oráculo que aparece em Jeremias 49:7-22 - e observe-se quão terrivelmente se cumpria e com que justa retribuição. Obadias relaciona, portanto, este castigo particular com o juízo de todas as nações no dia iminente do Senhor, quando o remanescente de Israel que escapou será como esfera de salvação e instrumento do governo de Deus sobre todas as nações.
Embora muitíssimo curta, esta profecia ressalta e exemplifica as verdades fundamentais da revelação bíblica: o governo soberano de Deus que será universalmente reconhecido (v.21); a eleição de Israel, o povo de Deus, para ser abençoado (v. 17b); sua eleição cumprida mediante um remanescente (v. 17a) que será a fortaleza do braço de Deus procedente do monte Sião; a culminância dos propósitos de Deus no dia do Senhor que, enquanto vindica a seu povo e lhe proporciona o júbilo da terra prometida de descanso, condenará os inimigos e opressores, dos quais Edom é aqui um tipo (v. 15).
Embora o livro de Obadias seja somente um dentre os muitos pronunciamentos proféticos relativos a Edom, é conveniente considerá-lo como o ponto de concentração de todas as referências que no Antigo Testamento se fazem concernentes a Edom, visto como não é possível, num comentário desta natureza, tratar de outras passagens pormenorizadamente. Portanto, apresentamos aqui uma lista das principais referências a Edom: Históricas: Gênesis 25-36 (Jacó e Esaú); Números 20:14-21, Deuteronômio 2:1-8 (o período do Êxodo); I Samuel 14:47 (sob Saul); II Samuel 8:14 (sob Davi); II Reis 8:20-22 (sob Jeroão); II Crônicas 20:10-23 (sob Josafá); II Reis 14:7, II Crônicas 25:11-13 (sob Amazias); II Crônicas 28:17 (sob Acaz); Salmos 137:7, Lamentações de Jeremias 4:22 (queda de Jerusalém); Salmos 83:1-6 (geral). Profecias: Isaías11:14; 34; 63:1-6; Jeremias 49:7-22, Ezequiel 25:12-14; 35; Joel 3:19; Amós 1:11-12; Malaquias 1:2-5.
AUTOR
Com exceção de seu nome (que é comum no Antigo Testamento), nada se sabe do autor deste livro, o mais curto do Antigo Testamento. Nem se sabe com certeza a época em que foi escrito. Obadias parece descrever um desastre que sobreveio a Edom depois da queda de Jerusalém (vers. 5-7). Talvez seja este o primeiro ataque dos nabateus contra o monte Seir, os quais derrotaram os edomitas em determinada época compreendida entre os séculos VI e IV (compare Malaquias 1:3, 4). Esta profecia pertenceria, portanto, à época do exílio ou logo após o regresso. D. W. B. Robinson - Licenciado em Teologia.

5. JONAS

Por seu conteúdo e intenção, o livro de Jonas revela a universalidade e a compaixão da graça divina. Insinua-se este fato em 3:10 e em 4:11 se confirma de modo inequívoco.
O livro é de caráter biográfico. Começa e termina com o Senhor falando a Jonas. Em primeiro lugar, Jonas é comissionado para anunciar um juízo; finalmente, o Senhor faz ver sua misericórdia e sua compaixão. Entre estas duas representações do caráter de Deus encontramos a resposta de Jonas à justiça e à compaixão divinas. No princípio Jonas se nega a aceitar a ordem do Senhor, temendo que os pagãos se arrependam e Deus demonstre misericórdia. O coração magnânimo de Deus, que perdoa aos pagãos arrependidos, estabelece nítido contraste com o espírito estreito, intolerante, não perdoador de Jonas.
AUTOR
Uma vez que o livro não faz afirmação alguma sobre seu autor, é de supor-se justificadamente que o autor seja o próprio Jonas. Ele é filho de Amitai (1:1), e sem dúvida o mesmo filho de Amitai que profetizou durante o reinado de Jeroboão II (compare-se com II Reis 14:25). Claude A. Ries - Doutor em Teologia.

6. MIQUÉIAS

Os três primeiros capítulos da profecia de Miquéias declaram os juízos de Deus contra Israel e Judá, e o desastre iminente que está à espera dessas nações. Os capítulos 4 e 5 oferecem consolo e esperança em face do que acontecerá no futuro, quando a casa do Senhor for estabelecida sobre os fundamentos de uma paz duradoura; um remanescente voltará para Sião, resgatado do cativeiro na Babilônia; um Libertador procedente de Belém fará que seu remanescente justo se constitua em bênção para a tera; e a terra será purificada da idolatria e da opressão. Os capítulos 6 e 7 declaram o caminho da salvação mediante uma analogia de um pleito ou contenda judicial; o Senhor é o reclamante , Israel o reclamado. Lembrando a seu povo o livramento do Egito, e falando-lhe da natureza da verdadeira adoração, Deus deplora seus tesouros de impiedade e de opressão. Esta declaração se faz seguir pela confissão de culpa da parte de Israel e pela oração, pedindo ao Senhor que volte e pastoreie seu rebanho como o fez no passado.Miquéias termina com uma pergunta: "Quem, ó Deus, é semelhante a ti?". Somente ele pode perdoar e demonstrar compaixão ao povo de sua aliança.
AUTOR
Miquéias era natural de Moresete, aldeia localizada perto de Gate, na região setentrional da Filistia, a trinta e cinco quilômetros ao sudoeste de Jerusalém. Provavelmente era agricultor. Seu ministério de profeta abrange o reinado de três reis, desde o ano de 738 até 698 a.C., aproximadamente. Não se menciona o nome de seu pai, razão por que os estudiosos concluem que sua família era de condição humilde. Miquéias é mestre consumado no emprego da poesia clássica hebraica. Defende a causa dos camponeses oprimidos e se põe contra os ricos arrogantes. Seus apelos em favor da verdadeira religião são igualados somente por Tiago (compare 6:6-8 com Tiago 1:27). Ross E. Price - Doutor em Divindade.

7. NAUM

Naum, livro contrastes, descreve o poderoso imperialismo de uma nação despótica e pagã, e declara o triunfo certo e final da justiça e soberania de Deus
A causa imediata da profecia foi a premente questão da justiça de Deus e sua fidelidade às promessas. Assíria, grande potência militar e econômica, havia dominado os destinos das nações limítrofes, inclusive Judá. Ao impor pesados tributos e exigir onerosa escravidão, aquela potência havia transformado Judá em um estado quase vassalo. A fim de proteger-se, Judá estabelecera alianças com outras nações, esquecendo-se da promessa de Deus de que ele protegeria a nação bem como seu povo.
Portanto, era fraca a vida nacional de Judá. Sua vida espiritual enfraquecia-se cada vez mais e sua segurança territorial corria constante perigo por causa das inscursões de hordas procedentes de Nínive. Surgiu, pois, a pergunta: "Esqueceu-se Deus de Judá? Por que prospera esta nação perversa da Assíria enquanto nós sofremos? São vazias as promessas de Deus?" E enquanto Judá não recebia resposta a tais perguntas, a desesperação se apoderava do povo.
De repente, ouviu-se a voz retumbante de Naum, que dizia: "Nínive cairá. Deus preservará seu povo." Esta profecia parecia inacreditável para os de limitada compreensão espiritual. O propósito da profecia era duplo: predizer a destruição de Nínive por causa de seu pecado; e aliviar a aflição e desesperança de Judá, assegurando-lhe que a promessa de Deus é fiel. A profecia tem um único assunto: Nínive cairá, Judá será vindicada.
Em seu estilo literário, o livro é a um tempo poético e profético, harmonizado a vivida linguagem metafórica com o estilo rude e direto da declaração profética. O primeiro capítulo é antes de tudo um salmo, ao passo que os capítulos 2 e 3 são proféticos.
Naum começa sua mensagem mediante uma declaração intrépida relativa à natureza e que toma vingança, o Senhor toma vingança e é cheio de furor: o Senhor toma vingança contra os seus adversários, e guarda a ira contra os seus inimigos" (1:2). Este tema satura o livro. Considerando que a Assíria pecou ao desprezar a Deus, será totalmente destruída. Judá foi desleal por não confiar implicitamente em Deus, estabelecendo aliança com outras nações. A queda e destruição de Nínive deve ser uma advertência para ela.
A mensagem de Naum é aplicável a todas as eras. Os que com arrogância resistem a Deus e não confiam na sua provisão e cuidado, sentirão inevitavelmente sua ira; os que nele depositam sua fé, esses serão preservados em virtude do amor divino.
AUTOR
Pouco sabemos de Naum, excetuando-se o que se nos diz neste breve livro. Seu nome não é mencionado em nenhuma outra parte das Escrituras Sagradas, com a possível exceção da linha genealógica citada em Lucas. Tudo o que dele sabemos é que viveu em Judá, provavelmente em Elcos, localidade que não se pode indicar com certeza, e que foi contemporâneo de Jeremias. A palavra Naum significa consolo.
De acordo com os melhores cálculos, o livro foi escrito por volta do ano de 620 a.C. Clarence B. Bass - Doutor em Filosofia e Letras.
  
8. HABACUQUE
Habacuque, o profeta-filósofo, perturba-se com a gravíssima iniqüidade de Judá. Mas, em contraste com seu contemporâneo Jeremias, sente maior solicitude pela aparente relutância de Deus em julgar, do que pela falta de arrependimento do povo. A destruição, a violência e a falta de consideração pelas leis divinas florescem sem que ninguém as refreie (1:2-4), apesar das ardentes rogativas do profeta pedindo a intervenção divina.
Deus responde a Habacuque que dentro em breve ele receberá a resposta; os ferozes e impios caldeus (babilônios) serão a vara de Deus que açoitará a Judá diante dos próprios olhos de Habacuque (1:5, 6).
Em vez de aliviar a carga do profeta, esta resposta torna-a mais pesada, ficando Habacuque angustiado por um novo e mais espinhoso problema: Como pode Deus, cujos olhos são tão puros que não podem contemplar o mal, permanecer em silêncio enquanto uma nação ímpia, sedenta de sangue, destrói uma nação mais justa que ela (1:13)? O profeta procura um lugar solitário para esperar a resposta de Deus (2:1).
A resposta vem mediante uma das mais sublimes declarações das Escrituras Sagradas: o justo pela sua fé (ou fidelidade) viverá; o justo será preservado no dia da angústia, porque dependeu de Deus, o que faz que se possa depender dele; certa e repentina será a retribuição dos invasores cheios de soberba, que compreenderão que a tirania não faz sentido e a idolatria é uma inutilidade (2:6-19). A resposta finaliza com um mandamento de silêncio universal diante do Deus soberano (2:20).
Com a convicção de que a justiça triunfará, o profeta eleva seu coração numa prece rogando a Deus que realiza uma obra portentosa como a que realizara no Êxodo e no monte Sinai (3:2-15). Depois de descrever o majestoso esplendor do Onipotente, Habacuque reafirma sua confiança no Deus de sua salvação, por meio de uma das mais emocionantes confissões que encontramos nas Escrituras Sagradas (3:17-19).
AUTOR
Nada se sabe acerca do profeta Habacuque, excetuando-se as qualidades pessoais que podemos discernir em seus escritos. Várias datas têm sido sugeridas para este livro, mas o período mais provável é o que se encontra entre o ano de 605 a.C., data da vitória de Nabucodonosor sobre os egípcios em Carquemis, Síria, e o ano de 597 a.C., quando os exércitos babilônios invadiram Judá.
David A. Hubbard  - Doutor em Filosofia e Letras

9. SOFONIAS

Sofonias, verdadeiro profeta do Senhor, defronta-se com Judá, nação corrupta e ímpia. Embora identificada com o povo escolhido, essa nação não podia perdurar, uma vez que o Senhor é um Deus justo que não faz acepção de pessoas. Distante, ao nordeste, achava-se a poderosa Assíria, que o Senhor utilizaria como seu instrumento para trazer a destruição a Judá. Com esta destruição seria vindicada a justiça do Senhor. Tratava-se, sem dúvida, do dia do Senhor.
Sofonias procura inspirar em seus ouvintes o temor daquele dia, e lhes roga que se arrependam. Mostra que mediante o juízo, Deus demonstraria misericórdia para com aqueles a quem o Senhor tem a intenção de libertar. O remanescente puro, quando for libertado, entoará louvores ao Deus justo que habita em seu meio.
AUTOR
Esta breve profecia diz ser a revelação de Sofonias que profetizou depois da ruína de Israel, durante o reinado de Josias. Provavelmente suas mensagens foram pronunciadas antes das reformas de Josias, visto como descrevem um povo desesperadamente mau, que não busca ao Senhor. Edward J. Young - Doutor em Filosofia e Letras.

10. AGEU

A profecia de Ageu, que pertence ao período pós-exílio, é um apelo dirigido às autoridades e ao povo para que retomem a constução do templo, após dezesseis anos de interrupção e atrasos. O profeta é implacável ao expor a opinião falsa, mas predominante, de que a obra de Deus é de caráter secundário e deve esperar até que primeiro se resolvam os problemas econômicos. Demonstra que tais problemas constituem o juízo pelo descuido do primeiro. Quanto tanto os dirigentes como o povo respondem ao seu apelo, assegura-lhes que receberão a ajuda de Deus, anima-os em face de comparações odiosas, e lhes promete melhoria nas circunstâncias materiais agora que se cumpriram a vontade e a obra de Deus. Termina sua mensagem confirmando a escolha divina do governador Zorobabel, e apontando seu significado messiânico.
AUTOR
A profecia está cuidadosamente datada (520 a.C.), e indiscutivelmente isto se deve à pena de Ageu, cujo nome traz e a quem se faz referência em associação com Zacarias em Esdras 5:1 e 6:14. Exceto sua parte na reconstrução do templo, nada sabemos de sua vida ou de seu caráter. Seu estilo direto, franco, adapta-se admiravelmente à sua missão prática de censurar e estimular. Geoffrey W. Bromiley - Doutor em Filosofia e Letras.

11. ZACARIAS

Zacarias, profeta contemporâneo de Ageu, consagrou-se como este à tarefa de promover a obra do templo. Suas mensagens escritas formam um vínculo significativo entre os profetas anteriores, a cujo ministério faz referências (1:6), e as fases posteriores da obra redentora de Deus acerca da qual seu livro dá eloqüente testemunho. Dessa forma o profeta nos ajuda, mediante um rico conteúdo bíblico, a aguardar com ansiedade o dia em que se estabelecerá por completo o reino de Deus, e encher nosso coração de jubilosa expectação concernente a esse dia.
AUTOR
Conquanto os oito primeiros capítulos do livro sejam atribuídos a Zacarias, no ano de 520 a.C., a data dos capítulos 9 a 14 é motivo de controvérsia, e muitos negam que Zacarias os tenha escrito. Embora seja difícil chegar a uma conclusão com absoluta certeza, pode afirmar-se que as semelhanças de atitude entre as duas partes nos sugeririam a unidade de origem deste livro. Zacarias, que iniciou seu ministério no ano de 520 a.C., poderia muito bem ter vivido até presenciar as importantes vitórias alcançadas pela Grécia sobre os persas nos anos de 490 a 480 a.C. Essas vitórias poderiam apontar para a futura dominação grega. Martin H. Woudstra  - Doutor em Teologia

12. MALAQUIAS

Como porta-voz de Deus, Malaquias se apresenta em uma das épocas mais decisivas da história. A terra tivera muitos profetas, mas o ambiente cultural que cercava o profeta não trazia as marcas da obra realizada por aqueles homens. Os sacerdotes eram corruptos (1:6 - 2:9), e o povo, salvo algumas exceções, não era melhor (2:10 - 4:3). Deus, porém, ainda governava de seu trono. Era soberano. Era o pai (1:6), o senhor (1:6), o grande rei (1:14), o príncipe celestrial (implícito em 1:8), o doador das alianças e dos mandamentos (2:5; 4:4). Como Deus do Juízo, ele havia causado a desolação de Edom (1:3, 4). Sua maldição recaia sobre os sacerdotes desleais (1:14; 2:2, 3, 9) e sobre os que o haviam roubado (3:9). Cortaria os que se haviam casado com pagãos (2:12). O juízo seria repentino (2:17 - 3:5). O dia do Senhor consumiria os maus (4:1, 3). Entretanto, como Deus da graça, abençoaria o remanescente fiel, visto que uma história de graça respaldava seu amor a Jacó (1:2), sua aliança com Levi (2:4, 5), sua pasciência para com os filhos de Jacó (3:6), seu oferecimento aos que não haviam sido mordomos fiéis (3:10), o livro memorial (3:16), o nascimento do Sol da Justiça (4:2) e a prometida vinda de Elias (4:5, 6). Vinha o dia do Senhor, diz-nos Malaquias. Seria um dia glorioso para os justos (3:16, 17; 4:2, 3), mas um dia de destruição para os iníquos (4:1, 3). Contudo, podem ler-se nas entrelinhas as seguintes palavras: "Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos, pois por que razão morrereis, ó casa de Israel" (Ezequiel 33:11).
AUTOR
Não se sabe com certreza se Malaquias é o nome de uma pessoa, ou significa antes meu mensageiro, ou um missionário. Acredita-se, contudo, que se trata provavelmente do profeta que escreveu o livro. Malaquias foi, talvez, escrito em torno do ano de 425 a.C., visto como descreve as condições existentes na época da segunda chegada de Neemias a Jerusalém, no ano de 432 a.C.
Burton L. Goddard - Doutor em Teologia

Sínteses dos Livros do Novo Testamento

Os livros do Novo Testamento foram escritos pelos discípulos de Jesus Cristo. Eles queriam que outros ouvissem a respeito da nova vida que é possível através da morte e ressurreição de Jesus. Da mesma forma que o Antigo Testamento, o Novo Testamento também está dividido em grupos de conteúdo semelhantes, quer pelos assuntos tratados, quer pelos autores ou pelos objetivos.

EVANGELHOS

LIVRO HISTÓRICO


EPÍSTOLAS PAULINAS


EPÍSTOLAS GERAIS



LIVRO PROFÉTICO

ESBOÇOS

I – OS QUATRO EVANGELIOS

1. MATEUS

O evangelho segundo São Mateus tem em mira dar testemunho de que Jesus é o prometido Messias da antigüidade, e que sua tarefa messiânica consistia em levar aos homens o reino de Deus. Estes dois temas - a messianidade de Jesus e a presença do reino de Deus - estão inseparavelmente vinculados, e cada um deles engloba um "mistério"- uma nova revelação do propósito redentor e divino. (Leia Romanos 16:25, 26).
O mistério da missão messiânica está que antes que o Messias venha nas nuvens, como celestial Filho do Homem, para estabelecer seu reino sobre a terra, deve primeiramente vir com humildade entre os homens, como o Servo sofredor que morrerá na cruz. O judeu do primeiro século jamais tinha ouvido tal coisa. Para o crente da atualidade, o capítulo 53 de Isaías relata com meridiana clareza os sofrimentos do Messias. Contudo, nesta passagem não se faz referência ao Messias, e o contexto (Isaías 48:20; 49:3) cita especificamente a Israel como servo de Deus. Portanto, não devemos surpreender-nos com o fato de que os judeus não compreendessem que o capítulo 53 de Isaías se referia ao Messias. Esperavam um Messias que viesse com poder e vitória, e o Antigo Testamento promete, em realidade, tal Messias.
O Filho de Davi é um Rei divino que governará no reino messiânico (Isaías 9:11; Jeremias 33), quando todo o pecado e todo o mal serão tirados, e prevalecerão a paz e a justiça. O Filho do Homem é um Ser celestial a quem é confiado o governo sobre todas as nações e reinos da terra. O Antigo Testamento não nos diz de que forma se relacionam entre si estes dois conceitos proféticos do Rei davídico e do celestial Filho de Deus, ou de que modo cada um deles pode ser identificado com o Homem de dores do capítulo 53 de Isaías. Portanto, os judeus do primeiro século esperavam um Messias vencedor, ou um Filho do Homem, porém celestial, e não um Servo humilde do Senhor, que sofreria e morreria. O mistério messiânico - a nova revelação do propósito divino - consiste em que o celestial Filho do Homem deve primeiro sofrer e morrer em cumprimento de sua missão messiânica e redentora, como o Varão de dores, antes de apresentar-se com poder e glória.
O mistério do reino está intimamente associado com o mistério messiânico. O capítulo 2 do livro de Daniel descreve a vinda do reino de Deus com linguagem vivida, do ponto de vista da destruição de toda e qualquer potência que resista a Deus e se oponha à vontade divina. O reino virá com poder, varrendo todo mal e todo governo hostil, transformando a terra e apresentando uma nova ordem universal de perfeita paz e justiça. Contudo, o Senhor Jesus não apresentou um reino de poder portentoso. Daí que tanto sua mensagem como sua pessoa deixassem completamente perplexos seus contemporâneos, inclusive seus discipulos. Era filho de um carpinteiro; sua família era conhecida em Nazaré; tinha muitíssima semelhança com qualquer rabino judeu. Suas obras eram atos bondosos de afeto e amor; não obstante isso, afirmou que em suas palavras, em seus feitos e em sua pessoa havia chegado a eles o reino de Deus. Contudo, os reinos do homem e do mundo continuavam como sempre, sem que o odiado governo romano sobre o povo de Deus fosse desafiado. Como podia ser o reino de Deus se ele não despedaçava os outros reinos do mundo? Que esse reino viesse com poder espiritual antes de apresentar-se em glória era uma nova revelação do propósito divino.
AUTOR
A tradição do segundo século da igreja atribui a autoria do primeiro evangelho ao apóstolo Mateus. George E. Ladd - Doutor em Filosofia e Letras.

2. MARCOS

O segundo evangelho tem traços que se destacam sobremaneira. A personalidade de Pedro reflete-se quase em cada uma de suas páginas. Assemelha-se a ele pela rapidez de movimentos, pela atividade, pela impulsividade. A rapidez de ação é um dos traços principais. o relato passa de um acontecimento a outro com extraordinária rapidez. Com propriedade tem-se denominado o evangelho de Marcos de filme do ministério de Jesus. A intensidade dos pormenores é outro de seus característicos distintivos. Embora Marcos seja o mais curto dos quatro evangelhos, com freqüencia narra pormenores vividos que não se encontram nos relatos do mesmo assunto em Mateus ou Lucas. Dispensa-se extraordinária atenção ao aspecto e aos gestos de Jesus.
O terceiro característico saliente é a descrição pictórica. Ao relatar a alimentação dos cinco mil, Marcos diz-nos que o povo se assentou em "ranchos" ou grupos sobre a erva verde.
O evangelho segundo São Marcos é, preeminentemente, o evangelho da ação. Não somente abrange o discurso mais longo de Jesus (o discurso proferido no monte das Oliveiras), como não deixa passar fatos ou ações. Ressalta antes as obras que as palavras de Cristo. Marcos registra dezoito dos milagres de Jesus, mas apenas quatro de suas parábolas.
Seu modo de acentuar as ações é apropriado em um evangelho escrito provavelmente em Roma e dirigido principalmente aos romanos. Marcos emprega dez latinismos e faz menos referências ao Antigo Testamento que os demais evangelistas. Explica os costumes judeus aos leitores romanos. Nem sequer emprega a palavra lei, que aparece oito vezes em Mateus, nove vezes em Lucas e quatorze vezes em João.
Considerando que escreve aos romanos, omite qualquer referência à genealogia de Jesus, bem como à sua infância. Os romanos estavam mais interessados no poder do que em genealogias. Daí observamos que neste evangelho Jesus é apresentado como o grande Vencedor da tempestade, dos demônios, da enfermidade e da morte. Ele é o Servo do Senhor (compare-se com Isaías): primeiro o Servo vencedor, depois o Servo sofredor e, finalmente, o Servo triunfante, na ressurreição.
Conquanto o evangelho segundo São Marcos seja antes de tudo histórico, observa-se nele um forte teor teológico. O primeiro versículo dá-nos o traço característico: "Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus". Repetidas vezes acentua-se a Deidade de Jesus, seja explícita ou implicitamente. É o Filho do Homem, o Messias, aquele por quem esperaram os longos séculos. Em uma das mais vigorosas passagens teológicas dos evangelhos sinópticos afirma-se a declaração de Jesus de que o Filho do Homem veio para "dar a sua vida em resgate de muitos"(10:45). Conforme o diz o primeiro versículo do livro, é principalmente o evangelho de Jesus Cristo, as boas-novas da salvação mediante sua morte expiatória.
AUTOR
De modo quase unânime a igreja primitiva atribui o segundo evangelho a Marcos, primo de Barnabé e companheiro de Paulo e de Pedro. A maioria dos intérpretes da Bíblia sustenta que este é o mais antigo dos quatro evangelhos. Pode afirmar-se com segurança que foi escrito entre os anos 50 e 70 de nossa era. Ralph Earle - Doutor em Teologia.

3. LUCAS

O tema que destaca no evangelho segundo São Lucas é: Jesus é o Salvador divino. No princípio, tudo se concentra nesta verdade surpresa. Antes mesmo de seu nascimento, o anjo enviado por Deus ordena a Maria que dê ao menino o nome de Jesus (que significa o Senhor salva, 1:31). Aos pastores o anjo deu "novas de grande alegria" (2:10) de que na cidade de Davi nascera o Salvador, que é Cristo, o Senhor (2:11). E no primeiro anúncio público que o Senhor fez a respeito de sua missão, afirmou de modo inequívoco que ele era o divino Salvador acerca de quem os escritos sagrados do Antigo Testamento faziam referência (4:17-21).
A partir desse momento, observamos de que forma o Senhor Jesus se revela como o Redentor divino que veio para salvar os perdidos. Salva do poder dos espíritos maus (4:33-36), de enfermidades graves (4:38-40), da lepra (5:12, 13) e, inclusive, do poder e das conseqüências do pecado (5:20-26). Além disso, Lucas nos apresenta Jesus como o Salvador Todo-poderoso que tem poder e autoridade divina para ressuscitar mortos (7:12-17). Sendo um com o Pai, tem igualmente poder sobre a natureza e pode salvar seus discípulos de uma violenta tempestade (8:22-25), e livrar da fome a multidão (9:11-17).
Depois de haver-se revelado como o Salvador Todo-poderoso e de os apóstolos o haverem confessado como o Cristo (9:18-20), Jesus começa a mostrar a seus seguidores que para ele poder ser o Salvador divino deles, primeiro ele devia sofrer e morrer (9:22).
As palavras pronunciadas pelo Senhor Jesus em 19:10, "Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido", cristalizam a maravilhosa mensagem do evangelho segundo São Lucas.
Lucas demonstra-nos que o Senhor Jesus veio como Salvador em sentido universal - para os povos de todos os tempos e de todas as condições, para os judeus (1:13, 2:10), para os samaritanos (9:51-56), para os pagãos (2:23; 3:6, 38), para os publicanos, para os pecadores e desprezados (7:37-50) bem como para pessoas respeitáveis (7:36), para os pobres (1:53) e também para os ricos (19:2; 23:50).
Ao mesmo tempo, nosso Senhor advertiu seriamente a todos de que embora ele tivesse vindo para salvar e não para destuir, todos quantos se negavam a ser salvos por ele trariam sobre si mesmos sofrimentos (19:27, 41:44).
O evangelho segundo São Lucas proclama as boas-novas do Senhor Jesus, que não somente afirmava ser o Salvador divino, mas também se revelava como o Redentor Todo-Poderoso e Unigênito Filho de Deus. Mediante sua ressurreição e ascensão (24:50-53), demonstrou finalmente a verdade de suas afirmativas e a autencidade de sua auto-revelação como Salvador do mundo, enviado, aprovado e equipado por Deus (4:17-21; 10:22).
AUTOR
Sem dúvida alguma, é correta a tradição que afirma ser Lucas, o médico amado (Colossenses 4:14), o autor deste evangelho. Como companheiro de Paulo (Filemon 24; II Timóteo 4:11; Colossenses 4:10-14; Atos 1:1; 20:5 - 21:17; 27:2 - 28:16), Lucas tinha muitos contatos pessoais com apóstolos e outras testemunhas da história do evangelho. Tudo isto, somado à sua base cultural grega, seu preaparo intelectual e sua íntima relação com homens como Marcos (que também escreveu um evangelho), capacitaram-no para escrever um evangelho, digno de crédito, amplo e formoso. Provavelmente, escreveu-o entre os anos 64 e 70 de nossa era. Pouco depois, escreveu os Atos dos Apóstolos. J. Norval Geldenhuys - Mestre em Teologia.

4. JOÃO

O quarto evangelho declara, de forma inequívoca, a finalidade do livro: "Jesus... operou também... muitos outros sinais... Estes, porém, foram escritos para que creais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que crendo, tenhais vida em seu nome" (29:30, 31).
Desde o prólogo (1:1-18) com sua frase culminante, "e vimos a sua glória"(vers. 14), até à confissão de Tomé, no final, "Senhor meu, e Deus meu!" (20:28), o leitor sente-se impulsionado constantemente a pôr-se de joelhos. O Senhor Jesus destaca-se como algo mais que mero homem; em realidade, mais ainda que um enviado sobrenatural ou representante da Deidade. Ele é o verdadeiro Deus que veio em carne.
Todavia, o povo hebreu, que esperava seu futuro redentor, necessitava de provas das afirmativas de Jesus de que ele era o Messias prometido do Antigo Testamento. João apresenta essas verificações. Milagres e discursos escolhidos de um período de vinte dias no ministério público de Jesus, ministério que durou três anos, confirmam-no dramaticamente como o Cristo, o Filho de Deus. Oito sinais ou maravilhas revelam não só o seu poder, mas atestam sua glória como Portador divino da graça redentora. Jesus é o grande "Eu sou", a única esperança de uma raça que de outra sorte não teria esperança alguma. A água transforma-se em vinho; os mercadores e os animais destinados aos sacrifícios são expulsos do templo; o filho do nobre é curado à distância; o paralítico recebe cura no dia de descanso; a multiplicação dos pães; Jesus anda sobre o mar; o cego de nascença recebe a vista; Lázaro é ressuscitado. Estes milagres revelam quem é Jesus Cristo e o que faz. Progressivamente, João apresenta-o como Fonte da nova vida, a Água da vida e o Pão da vida. Por fim, seus próprios inimigos retrocederam e caíram por terra ante o "Eu sou", que se entrega voluntariamente para sofrer na cruz (18:5, 6).
Procurando resgatar o homem do pecado e do juízo, e restaurá-lo à comunhão divina e santa, o Logos eterno faz deste mundo sua residência transitória (1:14). Em virtude de sua graça, o homem caído está capacitado para residir em Deus (14:20) e, finalmente, nas mansões eternas (14:2, 3). Em sua própria pessoa Jesus cumpre o significado das profecias e festas do Antigo Testamento. Por fim, triunfa sobre a própria morte e o túmulo, e deixa a seus seguidores um legado extraordinário para que levem avante esta missão de misericórdia, única na história.
Deslocando-se de uma eternidade para outra, o quarto evangelho vincula o destino de judeus e gentios como parte da criação toda à resurreição do Logos encarnado e crucificado.
AUTOR
Muito embora o quarto evangelho não mencione de modo definitivo seu autor, não resta dúvida de que foi João, o amado, quem o escreveu. Somente uma testemunha ocular, do círculo íntimo dos seguidores do Senhor Jesus Cristo (compare 12:16; 13:29) poderia proporcionar-nos determinados pormenores do livro. Além disso, o relato especial e às vezes indireto da participação de João confirmaria sua paternidade literária (1:37-40; 19:26; 20:2, 4, 8; 21:20, 23, 24). Exegetas conservadores colocam sua data depois que foram escritos os outros evangelhos, portanto, entre o ano 69 da nossa era (antes da queda de Jerusalém) e o ano 90.  - Carl F. H. Henry - Doutor em Filosofia e Letras
  
II – LIVRO HISTÓRICO – ATOS DOS APÓSTOLOS
Em Atos 1:8 o Cristo ressurreto declara o propósito do batismo no Espírito Santo: "Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra". Em virtude de sua localização e ênfase, este versículo parece designar com clareza o objetivo do livro de Atos dos Apóstolos. O livro constitui a principal história do estabelecimento e da extensão da igreja entre judeus e gentios, mediante a gradual localização de centros de influência em pontos destacados do Império Romano, desde Jerusalém até Roma. Além disso, Lucas organiza este material histórico de tal maneira que o progresso do evangelho é de imediato evidente. Trata-se de uma história grafica, cujo objetivo não é apenas narrar, mas edificar. Portanto, podemos considerar os Atos dos Apóstolos como um sermão de caráter histórico acerca do poder cristão: sua fonte e seus efeitos. Sua fonte é o batismo pentecostal com o Espírito Santo, e o efeito é o poder de dar testemunho perante o mundo. Esse testemunho é apresentado como resumo no sermão pentecostal de Pedro dirigido aos membros da dispersão congregados em Jerusalém, e em pormenores progressivas através do restante do livro.
AUTOR
A opinião quase universalmente aceita é que o evangelho segundo Lucas e os Atos têm um autor comum. O autor dos Atos dos Apóstolos começa fazendo referência ao "primeiro tratado" que se interpreta como a primeira prestação ou entrega do mesmo volume histórico, dirigido a Teófilo, a mesma pessoa. Existem, pelo menos três argumentos que confirmam a paternidade literária de Lucas: Primeiro, existe a evidência do uso da primeira pessoa plural nas seções l6:10-17; 20:5-15; 21:1-18; 27:1-28:16, sugerindo que o autor era testemunha ocular, como o foi Lucas. Segundo: há provas de que o escritor era médico. E, terceiro, uma ampla e convincente tradição apóia a paternidade literária de Lucas.
Aparentemente, o livro de Atos dos Apóstolos foi escrito em derredor da época do primeiro encarceramento de Paulo, com cujo relato termina o livro. John H. Gerstner, Doutor em Filosofia e Letras.
  
III – EPÍSTOLAS PÁULINAS

1. ROMANOS

Depois da saudação e da ação de graças, o apóstolo Paulo, referindo-se a um texto do Antigo Testamento (Habacuque 2:4), apresenta o tema da epístola que é a justificação pela fé.
Os três capítulos iniciais estabelecem o primeiro ponto principal: que todos os homens são pecadores. Paulo começa por uma descrição da crassa idolatria e imoralidade dos gentios; contudo, em virtude da revelação do poder de Deus na natureza, e pelo testemunho de suas próprias consciências de que "são dignos de morte os que tais coisas praticam", os gentios são considerados responsáveis.
Ao mesmo tempo, os judeus são igualmente pecadores, muito embora sejam eles objeto dos oráculos divinos. Os gentios pecaram sem lei - perecerão sem lei, os judeus pecaram sob a lei - serão julgados pela lei. "Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus: mas os que praticam a lei hão de ser justificados" 2:13.
Contudo, não há praticantes da lei, quer judeus quer gentios; porque "Não há um justo, nem um sequer"(3:10). "Por isso nennhuma carne será justificada diante dele"(3:20).
Portanto, se alguém vier a ser justificado, Deus mesmo terá de proporcionar misericordiosamente a justiça necessária para a absolvição. Isto se efetua em virtude de sacrifício propiciatório de Cristo. Seu sangue derramado satisfaz a justiça do Pai, de maneira que Deus pode ser justo e ao mesmo tempo justificador daquele que tem fé em Jesus.
O capítulo 4, citando a Abraão como principal exemplo, explica mais extensamente de que forma Deus atribui a justiça sem as obras. A seguir, o capítulo 5 estabelece um paralelo entre Adão e Cristo. Todos aqueles a quem Adão representava foram feitos pecadores por sua ofensa; todos quantos estão em Cristo são feitos justos por sua obediência.
Em resposta à acusação de que a justificação pela fé estimula o pecado, "Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde?" (6:1), o apóstolo Paulo explica que o crente sincero recorreu a Cristo a fim de escapar do pecado. A justificação produz santificação, e essa luta pela santificação pessoal (7:14-25) é prova de que escapamos à condenação. Portanto, em virtude do amor imutável de Deus (8:39), podemos ter a segurança da salvação.
A justificação pela fé, a rejeição dos judeus e a inclusão dos gentios são conseqüentes com as promessas de Deus a Israel. Tais promessas foram feitas aos descendentes espirituais de Abrão. Deus escolheu a Isaque e rejeitou a Ismael. Deus escolheu a Jacó e rejeitou a Esaú. Estas escolhas e exclusões são inerentes às próprias promessas. A eleição de Deus é soberana. É como o oleiro que fabrica vasos para determinados fins.
Contudo, chegará o dia quando, em geral, os judeus serão exertados de novo.
Em virtude destas misericórdias divinas, todo crente deve cumprir sua função particular na igreja, com diligência e singeleza. De igual maneira, no país, todo crente deve ser bom cidadão.
Finalmente, Paulo expressa a esperança de visitar Roma em sua viagem com destino à Espanha, e termina a carta com saudações pessoais.
AUTOR
A epístola aos Romanos, a mais longa, a mais sistemática e a mais profunda de todas as epístolas, e talvez o livro mais importante da Bíblia, foi escrita pelo apóstolo Paulo (1:1, 5). Naquela ocasião ele se encontrava em Corinto (15:26; 16:1, 2). A cuidadosa composição da carta sugere que depois de algumas experiências tempestuosas ali, desfrutou um período de tranqüilidade antes de receber dinheiro de ajuda aos santos em Jerusalém. Isto situa a carta por volta do ano 58 de nossa era. Diferentemente das demais epístolas, a dirigida aos romanos foi escrita a uma igreja que ele nunca havia visitado (1:10, 11, 15). Gordon H. Clark - Doutor em Filosofia e Letras.

2. I CORÍNTIOS

A primeira epístola aos Coríntios não é apenas uma carta na qual o apóstolo Paulo ministra conselhos e instrução sobre assuntos de importância da fé e do comportamento cristão; também jorra luz reveladora sobre determinados problemas com os quais se defronta uma jovem igreja não muito depois de sua inauguração, na metade do primeiro século de nossa era. O apóstolo Paulo havia levado a mensagem de Cristo à cidade de Corinto quando realizou sua segunda viagem missionária. Esta cidade constituia um tremendo desafio ao evangelho já por tratar-se de um grande centro cosmopolita de comércio do mundo antigo, já por ser reconhecido centro de libertinagem e desregramentos. Se a mensagem da cruz tinha poder para transformar a vida de homens e mulheres de tal ambiente, então essa mensagem era realmente poderosa. E foi precisamente isto que ocorreu. Além do mais, os membros desta jovem igreja desfrutavam de uma variedade de dons espirituais, e esse fato constituía confirmação tanto para eles como para o mundo, de que Deus se achava presente manifestando-se poderosamente em seu meio.
Todavia, não transcorreu muito tempo sem que surgissem entre os crentes graves erros de doutrina e de conduta; tais erros ameaçavam a vida mesma daquela coletividade cristã. A primeira carta aos Coríntios destina-se à correção desses erros. Em primeiro lugar, haviam surgido deploráveis divisões na igreja; essas divisões se haviam transformado em partidos hostís, que abalavam os próprios alicerces da unidade que deve vincular todos quantos se dizem irmãos em Cristo. Em segundo lugar, um de seus membros era culpado de grosseira imoralidade, um tipo de imoralidade que até mesmo aquela sociedade licenciosa e dissoluta teria condenado; a despeito disso, a congregação de crentes não havia disciplinado o ofensor nem o havia expulsado da comunhão. Em terceiro lugar, os membros daquela coletividade cristã denunciavam-se uns aos outros perante tribunais pagãos, aos quais recorriam para solucionar pendências que surgiam entre eles, em vez de resolverem suas dificuldades no espírito do amor cristão dentro da igreja, ou se disporem, segundo o exemplo de Cristo, a sofrer o mal sem vingar-se. Em quarto lugar, alguns haviam cometido atos imorais com prostitutas e procuraram justificar tal comportamento afirmando que o corpo apenas estivera envolvido, e que os atos do corpo não tinham conseqüencia. Em quinto lugar, a ceia do Senhor, que deveria ter sido uma expressão de harmonia e amor, degenerara-se em ato de irreverência, de glutonaria e de comportamento pouco caritativo. Em sexto lugar, comportavam-se desordenadamente quando se reuniam para os cultos públicos, especialmente no que respeita ao exercício dos dons espirituais com os quais haviam sido dotados. Paulo julga necessário lembrar-lhes que o dom do amor é o maior dos dons e o que mais deve ser buscado, fora do qual todos os demais dons estão destituídos de valor. Em sétimo lugar, insinuara-se na igreja de Corinto um ensino herético que, negando a ressurrreição de Cristo e igualmente a possibilidade de qualquer ressurreição, desferia um golpe severo contra o fundamento mesmo da fé cristã. Todos estes assuntos, cada um deles vergonhoso de per sí, recebem cuidadosa e urgente atenção nesta carta.
O apóstolo Paulo oferece também instrução sobre outras questões que os coríntios haviam mencionando em carta que le enviaram. Tais questões podem ser assim resumidas: Era aconselhável ao crente casar-se? Deve o marido ou a esposa, depois de converter-se, continuar vivendo com um cônjuge inconverso? Qual devia ser a atitude do crente quanto ao comer carne que anteriormente havia sido oferecida em sacrifício a idolos? Devia a mulher cobrir a cabeça quando assistia ao culto público? Qual o significado da variedade de dons espirituais? Que medidas deveriam ser tomadas com respeito à coleta de fundos para socorro aos crentes pobres de Jerusalém?
Seria erro imaginar que o conteúdo desta epístola se aplica somente a esta situação particular da igreja do primeiro século em Corinto, porque, muito embora as circunstâncias e a forma externa dos problemas da igreja variem de época para época, em sua essência continuam sendo os mesmos, e os princípios aqui lançados pelo apóstolo são aplicáveis a nosso tempo e situação, com tanta eficácia como o foram naquele tempo.
AUTOR
A evidência interna e a externa mostam que o apóstolo Paulo foi o autor desta epístola. Não é possível fixar com certeza a data em que foi escrita, mas provavelmente o foi na primavera do ano 55, 56 ou 57. Naquele tempo o apóstolo encontrava-se em Éfeso, durante o correr de sua terceira viagem missionária. Philip E. Hughes - Doutor em Literatura.

3. II CORÍNTIOS

Nenhum esboço breve pode proporcionar idéia da riqueza e simpatia desta extraordinária epístola. O principal motivo que inspira Paulo a escrevê-la é o de reivindicar sua autoridade apostólica, especialmente quando a igreja de Corinto tinha sido invadida por falsos apóstolos que procuravam minar sua autoridade e desencaminhar os crentes do evangelho que haviam recebido por seu intermédio. Escreve, contudo, não com caráter autoritário, mas antes como pai espiritual dos crentes de Corinto, aos quais ele ama e quer que respondam com reciprocidade ao seu amor e permaneçam fiéis as verdades que ele lhes comunicou. A situação em Corinto chegou a tal ponto que Paulo se vê na obrigação de falar por si mesmo. Conquanto apele para o conhecimento pessoal e íntimo que o povo tinha dele e de seu caráter, e lhes lembre os profundos sofrimentos e as vicissitudes porque passou a fim de comuncar-lhes a mensagem da salvação, ele o faz com humildade e sinceridade transparente, e por certo com relutância. Em toda a epístola, a dignidade, a devoção, a fé serena e a apaixonada consagração do apóstolo Paulo se destacam com um intenso resplendor que abranda o coração de todos, com exceção de alguns obcecados e indiferentes. Apresenta-se a si mesmo perante seus leitores como aquele que em sua própria pessoa é fraco e indigno, mas que, por meio dessa fraqueza, a graça e o poder do Deus Todo-Poderoso são magnificados. Em contraste com a auto-estima e interesses pessoais dos falsos apóstolos, contrapõe-se a abnegação de Paulo: tudo é de Deus e para a glória de Deus. O traço marcante em toda a epístola é o da segurança divina: "E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza" (12:9). Esta nova descoberta desta epístola em nossos dias, com sua doutrina de reconciliação em Cristo e seu tema de glória mediante o sofrimento, significaria uma renovação da visão e vitalidade do povo de Deus, e por este meio, uma bênção às multidões que vivem ainda em trevas espirituais.
AUTOR
Não existem dúvidas razoáveis e respeito da paternidade literária de Paulo no que se refere a esta epístola. A segunda epístola aos Coríntios foi escrita no mesmo ano em que o foi a primeira, provavelmente seis meses depois. Philip E. Hughes - Doutor em Literatura.

4. GÁLATAS

O apóstolo Paulo escreveu esta carta aos gálatas convertidos em alguma época situada entre os anos 48 a 53 de nossa era. Mestres judaico-cristãos haviam procurado predispor contra o apóstolo os gálatas convertidos., dizendo-lhes que, como gentios, deviam ser circuncidados (5:2-6; 6:12-15) e praticar o ritual da lei (4:10) para que fossem salvos. Mediante uma carta, Paulo reivindica sua autoridade como expositor do evangelho, e condena a posição judaizante como legalismo anticristão.
Paulo sustenta que os crentes, tanto judeus como gentios, desfrutam de completa salvação em Cristo. São justificados (3:6-9), adotados (4:4-7), renovados (4:6; 6:15), e feitos herdeiros de Deus segundo a promessa do pacto com Abraão (3:15-18). Desse modo, a fé no Cristo do Calvário liberta-nos para sempre da necessidade de buscar a salvação pelas obras da lei. De qualquer maneira, esta busca é impossível, uma vez que a lei não salva, nem era esse seu propósito (3:19-24). Os crentes não devem, portanto, voltar ao princípio de guardar a lei como base para a salvação, pois do contrário voltam à escravidão (5:1) privando-se da graça de Cristo (5:2-4). Devem, antes, apegar-se à liberdade que Cristo lhes deu, e servir a Deus e ao próximo no poder do Espírito, como homens livres (5:13-18), realizando com alegria a vontade de seu Salvador (6:2).
 AUTOR
O argumento de Paulo demonstra que todas as versões legalistas do evangelho são corrupções deste, e que o gozo da liberdade cristã depende de ver que a salvação é somente pela graça, unicamente mediante Jesus Cristo, recebida exclusivamente pela fé.  James I. Packer - Doutor em Filosofia e Letras.

5. EFÉSIOS

A epístola aos Efésios apresenta, de modo geral, doutrina na primeira metade e exortação na segunda; contudo, esta divisão não é absoluta. O discurso doutrinal é ocasionado pela situação prática, e as exortações se acham adornadas com formosas verdades.
O louvor inicial é de regozijo pelo plano de Deus para os crentes, mediante a redenção efetuada por Jesus Cristo e pela obra do Espírito Santo. Fazendo uma pausa para pronunciar duas orações (1:15-23 e 3:14-19), o apóstolo Paulo explica com minúcias as inferências e significados da redenção no que se refere a estar livre do pecado, à nova vida de vitória, e ao mistério da unidade de todos os crentes e sua união com Cristo.
Na segunda metade apresentam-se inferências de caráter ético segundo a unidade cristã, o novo andar, o amor, a humildade, as relações humanas construtivas, e a luta vitoriosa contra o mal, mediante a completa dependência das realidades espirituais.
AUTOR
Sem dúvida alguma, o apóstolo Paulo é o autor desta epístola. Nenhum dos antigos intérpretes da Bíblia parece discordar desta opinião. Conquanto a epístola tenha sido escrita também com a intenção de que circulasse entre outras igrejas da Ásia, não resta dúvida de que o autor tinha em mente, ao escrevê-la, a igreja que ele fundara na grande metrópole de Éfeso. As provas indicam que tanto o manuscrito como a doutrina nos ministram que a epístola esteve relacionada com a igreja de Éfeso desde época antiqüíssima. Parece que o apóstolo escreveu essa carta quando estava encarcerado em Roma, quase ao mesmo tempo em que escreveu as epístolas a Filemon e aos Colossenses, e que foi enviada por meio do mesmo amigo. Tíquico, que o estivera visitando (ano 62 ou 63 d.C.). Wilber T. Dayton - Doutor em Teologia.

 

6. FILIPENSES

Esta é uma das cartas mais pessoais do apóstolo Paulo. Basta que observemos a freqüência da construção verbal da primeira pessoa do singular. O apóstolo escrevia a um grupo de amigos aos quais amava profundamente. Esta carta não se presta com facilidade a um esboço sistemático. Nela destaca-se com caracteres nítidos a solicitude de Paulo por estes crentes. Escreve-lhes, não tanto como o apóstolo fundador da igreja em Filipos, mas como seu pai em Cristo. Observa-se a diferença na saudação: não diz aqui "Paulo, apóstolo...", sua introdução costumeira; diz, antes. "Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo...".
A nota dominante desta breve epístola é a alegria. E esta nota se faz mais notável ainda se levarmos em conta o fato de que Paulo a escrevia da prisão. As circunstâncias imediatas que rodeiam o crente não devem constituir-se em fatores que determinem sua atitude com respeito à vida em geral.
As notas gêmeas de humildade e solicitude pelos outros também são muito evidentes. Em vista do que Cristo realizou, não há lugar para a soberba no coração do filho de Deus. Em virtude do profundo exemplo lançado por Cristo, seus seguidores jamais devem adotar conduta egoísta.
Esta carta contém muito pouca teologia no sentido habitual que se dá a este termo. Contudo, uma exceção digna de nota é a grande passagem sobre a humilhação e exaltação de Cristo (2:5-11). Igualmente, a carta proporciona pouquíssimas instruções sobre ética. A carta contém advertências diretas e breves acerca dos que haviam causado ao apóstolo tantas dificuldades em outros lugares (3:2), porém não se refuta o erro teológico, nem se censuram com vigor as faltas dentro da igreja.
AUTOR
Presentemente, a opinião quase universalmente aceita é a de que Paulo foi quem escreveu esta epístola. Foi escrita da prisão, porém não se menciona o lugar onde estava dita prisão. Três localidades têm sido sugeridas: Roma, Cesaréia e Éfeso. Tradicionalmente, acredita-se que foi em Roma que o apóstolo a escreveu. Se situarmos a escritura desta carta próxima do encarceramento do apóstolo, a data seria por volta do ano 62 d.C.  Ralph A. Gwinn - Doutor em Filosofia e Letras

7. COLOSSENSES

Os colossenses dispensavam exagerada atenção a observância de ritos e cerimônias, e também se davam a alguma forma de adoração de anjos. Estavam, pois, contaminados por uma heresia que aparentemente contava com elementos tanto judeus como gnósticos. Paulo ocupa-se do problema ao apresentar-lhes o Cristo incomparável. Em uma notável passagem, o apóstolo fala do que o Senhor Jesus Cristo realizou na redenção e reconciliação, e também se refere à preeminência do Senhor. Cristo é a imagem do Deus invisível. Por ele todas as coisas foram criadas. Ele é a cabeça da igreja. Assim, o apóstolo Paulo apresenta-lhes o Cristo que ele prega. Em virtude da excelência de Cristo e de que ele lhes comprou a salvação, Paulo pode rogar-lhes que se abstenham das sutilezas em que viviam. Estabelece um contraste entre a nova vida em Cristo e sua antiga forma pecaminosa de viver, e insta-os a praticar as virtudes cristãs. Visto que são crentes, devem pautar todas as suas relações segundo a fé cristã. De maneira que fala das relações que devem existir entre marido e mulher, filhos e pais, escravos e senhores. Lembra-lhes que o crente deve comportar-se sabiamente perante os incrédulos. A carta termina com uma série de saudações.
AUTOR
A carta afirma ser escrita por Paulo (1:1). Tem o estilo de Paulo e expressa as idéias do apóstolo. Foi escrita da prisão (4:18), que, segundo muitos, foi o encarceramento em Roma, na fase final de sua vida. Leon Morris - Doutor em Filosofia e Letras.

8. I TESSALONICENSES

A igreja de Tessalônica, fundada por Paulo durante sua segunda viagem missionária (Atos 17), compunha-se de convertidos judeus, gregos devotos, mulheres nobres (Atos 17:4), e de muitos gentios que tinham vivido no paganismo. Depois de deixar Tessalônica (Atos 17:10), o apóstolo Paulo enviou Timóteo a fazer-lhes uma visita (I Tessalonicenses 3:1-3); mais tarde o citado discípulo leva um relatório a Paulo em Corinto. Muitos tessalonicenses sentiam-se desconsolados pela morte de entes queridos (4:13-17). Alguns estavam ociosos (4:11); e até viviam desordenadamente (5:14). Alguns sentiam-se tentados a voltar aos vícios pagãos (4:1-18). A perseguição era forte (3:3, 4). Alguns punham em dúvida os motivos e o caráter de Paulo (2:1-12), outros ansiavam por sua presença (3:6). Respondendo ao relatório que Timóteo lhe entregara, o apóstolo Paulo escreve de Corinto para felicitar os crentes por sua fé (1:2-10); para defender seu apostolado (2:1-12); para unir-se a si mesmo à igreja mediante vinculos mais estreitos (2:17-3:10); para exortá-los à pureza moral, ao amor fraternal e à diligência no trabalho quotidiano (4:1-12); para consolá-los em sua solicitude pelos seus entes amados que haviam morrido (4:13-17); para assegurar-lhes seu livramento do juízo que se avizinhava em virtude do dia do Senhor (5:1-5); para exortá-los à vigilância 5:(6-11) e para praticarem uma conduta ordenada na assembléia e na vida diária (5:12-23).
As epístolas aos Tessalonicenses são importantes, não só porque figuram entre as primeiras cartas de Paulo, mas também porque revelam muito do caráter do ministério do apóstolo e das condições prevalecentes na igreja, e porque contém tantos ensinos relativos a segunda vinda de Cristo.
AUTOR
No prefácio e saudação (1:1) afirma-se a autoria de Paulo, tendo como seus companheiros Silvano e Timóteo. A opinião unânime dos comentaristas da Bíblia é de que o apóstolo Paulo é o autor das epístolas aos Tessalonicenses. A primeira epístola foi escrita de Corinto, no ano 51 d.C. J. Dwight Pentecost - Doutor em Teologia.

9. II TESSALONICENSES

O portador da primeira epístola aos Tessalonicenses trouxe a Paulo notícias referentes ao crescimento espiritual dos crentes. Paulo sentiu-se profundamente consolado com o relatório. Além disso, o relatório apresentado ao apóstolo dizia que um ensino errôneo, atribuído a Paulo, já havia chegado a Tessalônica por meio de uma carta falsificada ou devido a informações orais ou escritas tratando de seu ensino. Alguns sustentavam que as tribulações e perseguições que eles sofriam eram as tribulações do dia do Senhor, e em conseqüência disso haviam sido excluídos da transladação, ou então Paulo havia comunicado ensinos errôneos (I Tessalonicenses 4:13 - 5:10). Paulo escreve-lhes a segunda epístola para felicitá-los por seu crescimento espiritual (1:3, 4); para consolá-los em suas perseguições (1:5-10); para transmitir-lhes a informação correta e acalmar os temores acerca do dia do Senhor (2:1-12); e para corrigir a conduta desordenada na igreja (3:6-15).
AUTOR
Pela semelhança das condições nas duas epístolas, chega-se à conclusão de que o apóstolo Paulo escreveu a segunda epístola pouco depois da primeira, provavelmente dentro de um período de poucos meses. Foi escrita de Corinto no ano 51 d.C. J. Dwight Pentecost - Doutor em Teologia.

10. I TIMÓTEO

Desde o princípio do século 18, I e II Timóteo e Tito têm sido chamadas cartas pastorais. Embora não seja totalmente apropriada, esta designação indica a natureza prática do assunto nelas ventilado. Timóteo, pastor inexperiente, ficou encarregado da importante igreja de Éfeso. Paulo, seu pai espiritual, escreve a fim de animá-lo e transmitir-lhe instruções relativas a questões práticas como a adoração em público, requisitos que os oficiais da igreja devem preencher, e confronto com o ensino falso na igreja. Instrui a Timóteo igualmente quanto às relações entre os diferentes grupos da igreja, abrangendo as viúvas, as pessoas idosas, os escravos e os falsos mestres. A primeira epístola a Timóteo contém, portanto, muita informação concernente aos problemas de desenvolvimento da igreja por volta do ano 75 de nossa era. Por toda a carta reflete-se o afeto pessoal do grande apóstolo por seu filho na fé, e sua ênfase no grande requisito para o ministério de Cristo: piedade.
AUTOR
Tradicionalmente, atribui-se a Paulo a paternidade literária da primeira epístola a Timóteo. Esta epístola foi escrita da Macedônia (provavelmente Filipos), por volta do ano 63 de nossa era, no intevalo entre a primeira e a segunda prisão do apóstolo. Walter W. Wessel - Doutor em Filosofia e Letras.

11. II TIMÓTEO

A segunda epístola a Timóteo é, cronologicamente, a última na ordem das três epístolas pastorais. Exala uma atmosfera diferente das outras duas. Na primeira epístola a Timóteo e na carta a Tito, o apóstolo Paulo encontra-se livre para formular planos de viagem e transferir-se de um lugar para outra à vontade. Nesta epístola está preso e seu fim aproxima-se rapidamente (4:6). Não se sabe onde Paulo foi preso a segunda vez, nem por que motivos. Escreve a segunda epístola a Timóteo aparentemente de Roma, onde espera ser executado. Todos o abandonaram, exceto Lucas. Está desejoso de que Timóteo, que se encontra provavelmente em Éfeso, vá a Roma antes do inverno. Todavia, em face de suas próprias circunstâncias, prefere que Timóteo cumpra o ministério para o qual foi chamado. O conteúdo da carta é rico e variado, e inclui vários apelos comovedores, especialmente em vista da situação na qual o apóstolo se encontra. Quatro incumbências e ordens se fazem especificamente a Timóteo, as quais se relacionam principalmmente com sua vida pessoal na qualidade de ministro. A ameaça dos ensinamentos falsos adquire muita importância, tanto nesta carta como na primeira dirigida a Timóteo.
AUTOR
As circuntâncias do escritor, sua teologia, seu vocabulário e seu estilo revelam que as três epístolas pastorais foram escritas pelo mesmo indivíduo. Se o apóstolo Paulo escreveu a primeira epístola a Timóteo, é igualmente o autor da segunda. Considerando-se que esta epístola foi escrita pouco antes da morte do apóstolo, poderia dar-se o ano 64 a.C. como provável data. Walter W. Wessel - Doutor em Filosofia e Letras.

12. TITO

Paulo saúda com afeto a Tito, seu representante apostólico junto às igrejas de Creta; saúda-o como a um "verdadeiro filho, segundo a fé comum". O apóstolo relaciona seu próprio apostolado com a promoção da "fé dos eleitos de Deus, e o conhecimento da verdade" (1:1-4).
O apóstolo Paulo havia deixado Tito em Creta a fim de reformar uma igreja fraca e corrupta. Escreve esta carta para reafirmar os objetivos que Tito deve promover (1:5). Isto requer a inclusão de diretrizes gerais para o estabelecimento de presbíteros capazes em cada cidade (1:6-9), e para tratar com as influências perniciosas do legalismo judeu e com a mitologização, segundo se encontrava no Talmude e na Midrashim (1:10-16).
Diante de tais problemas, Paulo esboça áreas específicas de responsabilidades morais cristãs que o ministério de Tito deve abranger no que concerne a grupos segundo idades e classes, livres escravos, a fim de cumprirem as obrigações da verdadeira fé (2:10; 3:1, 2). Em duas passagens belíssimas, o apóstolo lembra a Tito aspectos importantes do evangelho. Na primeira (2:11-15) explica a vigência necessária entre a fé salvadora de Deus em Cristo e o comportamento cristão. Na segunda (3:3-7), proporciona-nos humilde testemunho do que Deus fez em sua própria vida, por intermédio de Cristo, e pode fazê-lo também na vida do mais humilde cretense que crer. Insiste na pregação do evangelho e em que se evitem discussões com o legalismo judeu (3:8-11). Paulo termina fazendo dois pedidos (3:12-15).
AUTOR
Não temos certeza quanto ao lugar de onde o apóstolo Paulo escreveu esta carta a Tito. Provavelmente se encontrava na Ásia (Éfeso?) para onde partiu de Roma depois de ter sido posto em liberdade de sua primeira prisão, por volta do ano 63 d.C. Viajando para o leste, deixou Tito em Creta. Envia a carta, provavelmente por mãos de Zenas e Apolo, os quais talvez se achassem a caminho de Alexandria. Ao que parece, a carta foi escrita ao derredor do verão do ano 65 d.C.
Tito é um destacado jovem crente, companheiro de Paulo. Alguns suspeitam que era irmão de Lucas. Em geral é identificado com o Tito de Gálatas 2, crente gentio procedente da igreja de Antioquia (da Síria), que se converteu no caso de prova na controvérsia sobre a circuncisão suscitada na conferência de Jerusalém, cerca do ano 48 d.C. Mais tarde Tito prestou valiosos e notáveis serviços a Paulo ao reconciliar a igreja de Corinto, extraviada pela dissensão. Foi, portanto, muito útil aos crentes cretenses, como dirigente experimentado. Richard M. Sufferin - Doutor em Filosofia e Letras.

13. FILEMON

Depois da saudação e da ação de graças a Deus pela fé e pelo amor de Filemon, e da oração para que continue crescendo na graça, o apóstolo Paulo ventila o tema central da carta. Onésimo, escravo que pertencia a Filemon, fugira da casa de seu senhor em Colossos, aparentemente depois de haver cometido um furto. Chegou ã metrópole de Roma onde entrou em contacto com Paulo e converteu-se a Cristo sob a influência e ministério do apóstolo. E então quando Paulo o envia de volta a seu dono legal, com esta carta pessoal de recomendação a seu favor, para ser entregue a Filemon. Roga a Filemon que receba de volta o arrependido (e também convertido) escravo, com boa vontade; que lhe perdoe e o reabilite, já que não continuaria sendo escravo para ele, mas "irmão amado". O apóstolo mesmo reembolsaria a Filemon qualquer perda que Onésimo lhe houvesse causado, e esperava que aquele procedesse segundo as circunstâncias do amor e do dever cristãos. O relato em sua totalidade nos oferece uma impressionante analogia da história da redenção, narrada no evangelho.
AUTOR
Em três ocasiões o autor desta epístola identifica-se como Paulo (vers. 1, 9, 19), e a carta está, além disso, relacionada com aquela que o apóstolo dirigiu aos colossenses (Colossenses 4:10-17); Filemon 2, 23, 24). Sua autenticidade é geralmente aceita. A carta foi, com toda probalidade, escrita ao final da primeira prisão de Paulo em Roma, mais provavelmente nos anos 61 ou 62 d.C. Jacobus J. Muller - Doutor em Teologia.
  
IV – EPÍSTOLAS GERAIS

1. HEBREUS

Conquanto Deus tenha falado aos pais pelos profetas, agora falou por intermédio de seu Filho. O prólogo afirma o caráter distintivo do Filho. Ele é antes da história, está na história, é superior à história, é a meta da história. Compartilha a essência da Deidade e irradia a glória da Deidade. Ele é a suprema revelação de Deus (1:1-3).
A passagem seguinte (1:4-14) declara de forma inequívoca a preeminência de Cristo. Ele é superior aos anjos. Estes ajudam os que serão herdeiros da salvação. Cristo, em virtude de sua identidade, de sua nomeação divina e do quer realizou, ergue-se por cima deles. Quão trágico é descuidar a grande salvação que ele proclama. Ele cumprirá a promessa feita ao homem de que todas as coisas estarão harmoniosamente sujeitas ao homem. Pode fazê-lo, porque é verdadeiro homem e realizou a expiação pelos pecados. É superior a Moisés. Moisés era servo entre o povo de Deus. Cristo é um Filho que está sobre o povo de Deus. Quão trágico é deixar de confiar nele! Por causa da incredulidade, uma geração toda de israelitas não entrou na terra de Canaã. Os crentes são advertidos contra tal incredulidade. Acentua-se tanto a fé como o fervor para se entrar no eterno descanso de Deus. O evangelho de Deus e o próprio Deus esquadrinham o homem.
O saderdócio de Cristo é também desenvolvido por comparação (4:14 - 10:18). Os requisitos, as condições e as experiências do sacerdócio arônico se enumeram em comparação com Cristo como sacerdorte. Antes de desenvolver com maior amplitude este assunto, o escritor adverte os leitores sobre sua falta de preparação para um ensino mais avançado. Somente a sincera diligência nas coisas de Deus os tirará da imaturidade. Cristo, como sacerdote, à semelhança de Melquizedeque, é superior ao sacerdócio levítico, uma vez que sua vida é indestrutível; foi a um tempo sacerdote e sacrifício; seu sacerdócio é eterno. Seu santuário está no céu e seu sangue estabelece a validez do novo concerto que é igualmente eterno.
A perseverança dos crentes nasce da comunhão com Deus, da atividade em favor de Deus, da fé nele e da consciência do que o espera (10:19 - 12:29).
A cruz como altar cristão e a ressurreição do Grande Pastor são as bases para a ação divina. Estes acontecimentos históricos e redentores estimulam o crente à ação (13:1-25).
AUTOR
Não se menciona o nome do autor. Com exceção da epístola aos Hebreus e da primeira epístola de João, todas as demais epístolas do Novo Testamento designam seu autor, seja pelo nome, seja pelo título.
Desde o primeiro século, o problema da autoria da epístola aos Hebreus tem causado muita discussão. Várias são as respostas dadas pelos crentes da igreja primitiva. Na margem oriental do mar Mediterrâneo e perto de Alexandria atribui-se o livro a Paulo. Orígenes (anos 185-254 d.C.) considerava que os pensamentos do livro eram de Paulo, mas a linguagem e a composição pertencial a outrem. No norte da África, Tertuliano (155-225 d.C.) sustentava que Barnabé escreveu a epístola aos Hebreus. Embora a carta tenha sido conhecida primeiro em Roma e no Ocidente (I de Clemente, datada ao redor do ano 95 d.C. cita Hebreus com freqüência), a opinião unânime nesta região durante 200 anos foi que Paulo não escreveu a epístola aos Hebreus. Estes crentes da igreja primitiva não disseram quem, a seu ver, havia escrito a epístola. Simplesmente não o sabiam.
Em nossos dias os crentes não devem ser dogmáticos acerca de um assunto mantido em dúvida durante tanto tempo. Todavia, os estudiosos das Sagradas Escrituras devem estudar o livro de Hebreus. Um cuidadoso exame do texto grego diz-nos muitas coisas sobre o autor. O livro está escrito num grego brilhante, da pena de um escritor eloqüente. Não se parece, pois, com o estilo de Paulo. Com freqüência, o apóstolo Paulo segue o fio de um novo pensamento antes de haver finalizado o anterior. O escritor da epístola aos Hebreus nunca segue esse processo. O vocabulário, as figuras de dicção e de pensamento apontam a influência alexandrina e filônica (Filo, 20 a.C. a 50 ou 60 d.C.). Paulo não tem essa origem intelectual. O escritor da carta aos Hebreus cita o Antigo Testamento diferentemente de Paulo. Frases de Paulo "como está escrito", "a Escritura diz", "boas novas da vossa fé e amor" nunca se encontram na epístola aos Hebreus, embora o escritor cite com profusão o Antigo Testamento.
Não sendo Paulo o autor, quem será? Apolo parece preencher as condições que se encontram no livro. Vinha de Alexandria. Era homem eloqüente e instruído. Era poderoso nas Escrituras Sagradas. As seguintes passagens do Novo Testamento falam-nos de Apolo: Atos 18:24-28; 19:1; I Coríntios 1:12, 3:4-6, 22; 4:6; 16:12; Tito 3:13. É provável que nunca venhamos a estar seguros do nome do autor; se, porém, lermos a epístola com cuidado, chegaremos a conhecê-lo.
A data mais aceita para a escritura desta epístola oscila entre os anos 68 e 70 d.C. Berkeley Mickelsen - Doutor em Filosofia e Letras.

2. TIAGO

SÍNTESE
Imitando o estilo da literatura de sabedoria do Antigo Testamento, com evidentes pressupostos cristãos. Tiago escolhe o tema da "religião pura" (1:27), a religião do amor divino experimentado no coração. Mostra que a religião pura é posta à prova pelas tentações e pelas dificuldades dos fiéis, e de si mesma põe à prova o carnal e o egoísta. Estas experiências positivas e negativas da religião pura revelam o contraste entre as qualidades espirituais, da sabedoria benéfica e da falsa, da fé verdadeira e da falsa, do eu espiritual e do eu carnal, e da confiança verdadeira e da falsa.
Inequivocadamente cristã em seu reconhecimento das reivindicações de Cristo (1:2; 2:1, 7), e em sua referência à segunda vinda (1:12; 5:7, 8) e à regeneração pessoal mediante a fé (1:18-21), a epístola lembra-nos os ensinos da assim chamada literatura de sabedoria do Antigo Testamento, como se observa em Jó, em alguns dos Salmos, em Provérbios e em Eclesiastes. Coloca o bem e o mal em justaposição e faz referência basicamente ao tema da religião pura e da religião falsa.
O autor tem em mente os crentes fiéis que constituem exemplos da "religião pura" nas provações e vicissitudes. A estes ele anima. Tiago leva em conta também os mais carnais e egoístas, cuja conduta demonstra que não saíram airosos da prova da "religião do coração, quer seja posta à prova na vida dos fiéis ou pondo a prova e julgando a vida das pessoas carnais.
Tiago emprega repetidas vezes o paradoxo ao afirmar a superioridade dos valores espirituais tão comumente descumpridos. Por isso fala-nos de dois tipos de eu. Observa-los-emos à medida que o assunto se desenvolve. Tiago é prático, e sua ênfase não é teológica. O primeiro capítulo, que nos fala do programa de Deus no que concerne à santificação do crente, apresenta em miniatura os temas que serão ventilados com maior amplitude nos capítulos restantes.
AUTOR
A epístola diz ter sido escrita por Tiago. O Novo Testamento menciona três pessoas com este nome. Todavia, a igreja cristã atribui a Tiago, filho de José e Maria, e irmão do Senhor Jesus Cristo, a paternidade literária desta epístola. Tiago, em seus ensinos, apresenta notável semelhança com nosso Senhor. Uma comparação desta epístola com o sermão do Monte revela, pelo menos, doze paralelismos evidentes. Eleito moderador da igreja de Jerusalém, na época posterior ao Pentecoste, Tiago imprime a esta epístola uma nota de autoridade modesta. Sem desculpar-se em nenhum momento, os 108 versículos contém 54 mandamentos. Stephen W. Paine - Doutor em Filosofia e Letras.

3. I PEDRO

Esta bela carta foi escrita aos crentes da Ásia Menor, a fim de criar neles uma jubilosa esperança diante da perseguição que ameaçava cair sobre eles. Era intenção do apóstolo que esta carta circulasse entre os crentes de herança predominantemente gentia, em congregações localizadas nas províncias do Império Romano onde, provavelmente, o jugo imperial seria mais severo. A igreja não desconhecia a perseguição. Desde às primeiras perseguições no tempo de Estêvão e a dispersão que se seguiu, até à constante fustigação de que era alvo o apóstolo Paulo por onde quer que fosse, os crentes da igreja primitiva haviam experimentado na própria carne a fadiga e a tensão provocadas pelo antagonismo. E agora a ira do demente imperador Nero estava prestes a explodir em Roma, a expensas da igreja. Portanto, o apóstolo Pedro procurou preparar a igreja na Ásia Menor para o desastre iminente que se avizinhava nestas províncias orientais, onde a opressão se espalharia, sem dúvida, de sua origem em Roma. Inspirado de um espírito de pastor fiel e bispo das almas, o apóstolo Pedro envia esta carta pastoral para confirmar seu rebanho na esperança consoladora da vinda do Espírito Santo. Uma vez que estão arraigados em Cristo, devem abster-se dos desejos da carne. Caso se encontrem em uma sociedade hostil, seus sofrimentos por amor à justiça serão, em realidade, uma bênção.
AUTOR
Esta carta de Pedro foi, provavelmente, enviada de Roma aos crentes da Ásia Menor, entre os anos 62 e 69 d.C. Existe uma extraordinária semelhança de pensamentos entre esta carta e a epístola de Paulo aos Romanos (ano 56 a 57 d.C.) e a epístola anônima aos Hebreus (provavelmente em derredor do ano 60 d.C.). Pode ser que o apóstolo Pedro possuisse ambas as cartas quando se encontrava em Roma. Robert Paul Roth - Doutor em Filosofia e Letras.

4. II PEDRO

Enquanto a primeira epístola de Pedro é uma carta de jubilosa esperança em face do sofrimento, a segunda epístola desse apóstolo é uma mensagem da verdade fiel diante do erro. A segunda carta começa por uma declaração direta da verdade de Deus, que se fundamenta tanto na palavra profética como na palavra do testemunho. Adverte contra falsos mestres que procurarão substituir a Palavra divina por palavras humanas. E termina com a afirmação de que a vinda de Cristo é uma realidade futura que destruirá o mundo e trará novos céus e nova terra.
AUTOR
Há incerteza quanto ao autor, à data e ao destinatário da segunda epístola de Pedro. Contudo, a igreja tem suustentado tradicionalmente o ponto de vista de que o apóstolo Pedro foi o autor desta carta. A diferença de estilo entre as duas epístolas poderia ser explicada da seguinte maneira: Pedro teve diferentes ajudantes; escreveu a uma só congregação em vez de fazê-lo a um grupo; escreveu com menor urgência porque seu propósito e a situação eram diferentes. Quando, em sua segunda epístola, se refere a uma anterior, não devemos supor que faça alusão à primeira epístola de Pedro e, sim, a uma carta que se perdeu. Existe, inclusive, a possibilidade de que Pedro tenha escrito a segunda epístola antes da que conhecemos como primeira. As circunstâncias do escrito refletem uma situação na qual as heresias gnósticas contaminavam a igreja. Este falso ensino levava a um comportamento licencioso. Somente a correta compreensão da sabedoria de Deus à luz do retorno de nosso Senhor Jesus Cristo refutaria tais erros. Robert Paul Roth - Doutor em Filosofia e Letras.

5. I JOÃO, II JOÃO e III JOÃO

A primeira epístola de João foi escrita a uma coletividade cristã que tinha de enfrentar a heresia gnóstica do primeiro século. João procurava animar seus membros a viver uma vida conseqüente com a comunhão com Deus e com Cristo. Ventila assuntos tão vitais como a justiça, o amor, a verdade e o conhecimento. O autor não considera estes assuntos simplesmente como requisitos éticos, mas como realidades religiosas fundamentadas na revelação cristá de Deus e de seu Filho, o Senhor Jesus Cristo. Portanto, a doutrina cristã é parte integrante do livro e sentimos, às vezes a tentação de pensar nele como uma exposição doutrinal da realidade da encarnação de Deus em Cristo. Contudo, se quisermos seguir o pensamento do escrito, devemos evitar esta tentação, visto que o apóstolo João está interessado principalmente na qualidade da vida cristã de seus leitores.
A segunda epístola foi escrita para advertir uma mulher cristã contra a comunhão indiscriminada com os incrédulos. As idéias principais da epístola são o amor, a verdade e a obediência, que em parte se complementam entre si. A obediência sem amor é servil; o amor sem obediência é irreal; nenhum dos dois elementos pode florescer fora do ambiente da verdade.
A carta é dirigida "a senhora eleita", e este é, provavelmente, seu significado, embora muitos interpretem como expressão figurativa que designa a uma igreja. Ao que parece, a epístola é uma carta pessoal a uma mulher cristã que João conhece, talvez uma viúva, e o motivo foi o enncontro com alguns de seus filhos aos quais ele achou fiéis na fé em Cristo (ver. 4).
O propósito da terceira carta é elogiar a Gaio, leigo leal e ativo que tinha consideráveis bens, por sua hospitalidade cristã, dando acolhida a pregadores que viajavam de uma cidade para outra, e ajudando-os no caminho, participando assim em sua obra missionária. A carta refere-se também a determinada cinrcunstância interna da igreja, que envolve Gaio e Diótrefes.
AUTOR
As provas disponíveis indicam que João, o apóstolo, foi o autor não somente do evangelho do mesmo nome, mas também destas três epístolas. Estas cartas foram escritas, segundo se supõe, entre os anos 85 e 100 d.C. Fred L. Fisher - Doutor em Teologia.

6. JUDAS

A epístola de Judas foi escrita como advertência contra certos cristãos nominais que ameaçavem solapar e destruir a comunhão dos crentes, mediante seu caráter e conduta imorais. Os que seguiam seus passos receberiam o justo castigo de Deus. Em realidade, o Antigo Testamento dá testemunho de cinco juízos de Deus contra tais pecados praticados por estas pessoas (vers. 5-11). Como se quisesse acentuar o fato de que tais pessoas estavam prestes a sofrer a ira de Deus, Judas acrescenta uma descrição de doze pontos acerta de sua culpa (ver. 12-16).
Em contraste com a atitude mundana e destruidora dos falsos mestres, o crente deve demonstrar amor espiritual e construtivo. Lembrando a misericórdia de Cristo para com eles, devem também demonstrar misericórdia para com os que estão afundados nestes males. Talvez sejam desse modo salvos (ver. 12-23).
A formosa doxologia (ver. 24, 25) é especialmente apropriada para os que estão passando por grandes tentações.
Além do uso que faz do Antigo Testamento, Judas demonstra conhecer a atual tradição judaica. (Referências em Judas 9, 14, embora nao se encontrem no Antigo Testamento, acham-se em outros escritos judeus da época). A epístola guarda relação particularmente íntima com a segunda epístola de Pedro, e é provável que ambas as cartas fossem dirigidas ao mesmo grupo de crentes. Muito embora alguns exegetas creiam que a segunda epístola de Pedro tenha empregado material de Judas, é mais provável que a segunda espístola de Pedro fosse a mais antiga das duas. Os males que II Pedro (2:1; 3:3) prediz são descritos em Judas (vers. 4, 8, 19) como se houvessem ocorrido de acordo com a profecia apostólica a esse respeito.
AUTOR
Segunda a tradição, Judas é o irmão de Jesus (Mateus 13:55) que se tornou crente só depois da ressurreição (João 7:5; Atos 1:14), e cujo irmão, Tiago, foi o primeiro personagem dirigente da igreja primitiva (Atos 15:13; Gálatas 1:19). Isto concorda com a referência que Judas faz de Tiago (ver.1) como se este fosse amplamente conhecido. Em face de tudo isto, poder-se-ia sugerir uma data que oscilaria entre os anos 70 e 80 d.C., para a escritura desta carta. E. Earle Ellis - Doutor em Filosofia e Letras.
  
V – LIVRO PROFÉTICO

APOCALIPSE

A chave deste livro encontra-se no versículo inicial. "Revelação de Jesus Cristo". O propósito principal consiste em revelar o Senhor Jesus Cristo como o Redentor do mundo e Conquistador do mal, e apresentar de forma simbólica o programa mediante o qual ele desempenhará seu trabalho.
A estrutura do Apocalípse fundamenta-se em quatro grandes visões, cada uma das quais iniciada pela frase: "em espírito", e contém um aspecto da pessoa de Cristo em sua capacidade de julgar o mundo.
O Apocalípse começa com cartas que o Senhor dirige às sete igrejas da era apostólica típicas das igrejas de todos os tempos. Nessas cartas ele expressa seus elogios e críticas, terminando com uma advertência e uma promessa.
Ao iniciar-se o quarto capitulo, o vidente é trasladado ao céu, onde contempla "as coisas que depois destas devem acontecer"(4:1). Mediante uma sucessão de juízos, selos, trombetas e taças de ira, a terra é castigada por seu pecado, iniciando-se o grande dia da ira de Deus. Não há indícios da duração do processo, mas parece que se acelera ao aproximar-se de seu fim.
A partir do capítulo 17 e até o capítulo 20 inclusive, temos uma vista pormenorizada da consumação da era. Representa-se o retorno de Cristo em glória com os exércitos do céu (19:11-21), o estabelecimento do reino e sua conclusão no juízo final do grande trono branco (20:1-15), e a criação de um novo mundo (21:1-8). A última visão é prolongamento da terceira, ao descrever com maior amplitude a natureza da cidade de Deus (21:9-22:5).
A conclusão do livro é um convite à devoção. Se Cristo vai retornar, a santidade e o trabalho são obrigatórios no que respeita a seu povo. A oração no final deve expressar o desejo de todo crente: "Amém. Ora vem, Senhor Jesus"(22:20).
AUTOR
Ao autor do livro de Apocalípse dá-se simplesmente o nome de João. Estava na ilha de Patmos, onde se achava exilado por causa de sua fé cristã (1:4-9; 22:8) Era bem conhecido entre as igrejas da Ásia, e considerado "profeta"(22:9). Justino Mártir (cerca do ano 135 d.C.) e Irineu (cerca do ano 180 d.C.), citaram verbalmente este livro, atribuindo-o a João, um apóstolo de Cristo. Dado que sua linguagem é tão diferente do evangelho segundo São João, alguns intérpretes da Bíblia, pensam que não foi escrito pela mesma pessoa. Contudo, o pensamento conservador atribui a João, filho de Zebedeu, a escritura deste livro, por volta do ano 95 d.C., durante o governo de Domiciano. Merrill C. Tenney - Doutor em Filosofia e Letras.

ESBOÇOS

1. I TIMÓTEO

ESBOÇO
A primeira epístola de apóstolo Paulo a Timóteo foi escrita da Macedônia, depois de haver visitado a cidade de Éfeso, onde havia deixado Timóteo, para enfrentar sérios problemas de ensinos falsos surgidos no seio da Igreja (l:3-4). A experiência de Paulo invocada no texto (1:12-20), serve como uma espécie de escudo para as lições que vai dar ao jovem pastor. O ensino correto levará a atitudes acertadas. Estabelecendo-se o governo constituído, com a escolha criteriosa de oficiais que hão de secundar a ação pastoral (3:1-13). Assim se resolvem os vários problemas que agitam a igreja (Caps. 5 e 6). Dando orientação para cada um deles: viúvas, heresias, escravos, riquezas, disputas etc, e termina com uma exortação. Desse modo o tema principal desta epístola envolve a organização, administração e cuidados pastorais de uma igreja local, e é endereçada a Timóteo, verdadeiro filho na fé de Paulo (1:1-2). E, tem como propósito básico: 1. Ajudar Timóteo em refutar os falsos ensinos; 2. Instruir Timóteo acerca da administração e do pastoreio da igreja; 3. Encorajar Timóteo e desafiá-lo a sã doutrina, e vida exemplar. Na leitura e meditação desta carta, observamos o esboço a seguir que muito nos auxilia na compreensão de todo o texto:
1. INTRODUÇÃO (1:1-2)
2. ORGANIZAÇÃO DA IGREJA (2.1-3; 3:16);
2.1 O perfil das orações públicas 2:1-8);
2.2 O perfil das mulheres (2:9-15);
2.3 O perfil dos bispos (3:1-7);
2.4 O perfil dos diáconos (3:8-16);
3. A ADMINISTRAÇÃO DA IGREJA (4:1 a 6:19);
3.1 Cuidado contra hereges (4:1-5);
3.2 Cuidado da vida pessoal (4:6-16);
3.3 Cuidado dos membros (5:1-16);
3.4 Cuidado dos líderes (5:17-25);
3.5 Cuidado empresarial (6:1-2);
3.6 Cuidado da avareza (6:3-10);
3.7 Cuidado da vida exemplar (6:11-16);
3.8 Cuidado dos ricos (6:17-19).
Esta carta de Paulo a Timóteo dá orientações seguras de como proceder-se à frente do rebanho do Senhor (3:15; 4:11,13; 5:21). Timóteo é exortado a cuidar da doutrina (4:16; 6:12, 14).
Augusto Bello de Souza Filho - Bacharel em Teologia

2. II TIMÓTEO

ESBOÇO
Esta segunda epístola a Timóteo foi escrita pelo apóstolo Paulo por volta do ano 68 d.C., do calabouço onde se encontrava chamado de “Prisão Mamertina”, em Roma, no final do seu segundo aprisionamento. É conhecida como Epistola Pastoral, e foi endereçada a Timóteo, que dá nome a mesma. Timóteo, é filho na fé do apóstolo Paulo que o discipulou e nesta oportunidade o escreve com o propósito de: a) informar-lhe de seu aprisionamento; b) desafiar Timóteo à firmeza e fidelidade na vida pessoal e no ministério; c) pedir que Timóteo viesse a Roma o quanto antes (2 Tm 4:13, 21). O tratamento dado pelo apóstolo a Timóteo, é a de amigo para amigo, sem nenhum tratamento sistemático, tratando dos assuntos movimentando-se para a frente e para trás entre as idéias que apresenta. Na leitura e meditação desta carta, observamos o esboço a seguir que muito nos auxilia na compreensão de todo o texto:

1. INTRODUÇÃO (1:1-5)
2. EXORTAÇÕES A TIMÓTEO (1:6- 2:26);
2.1 Para firmeza no evangelho (1:6-18);
2.2 Para fidelidade no sofrimento (2:1-13);
2.3 Para fidelidade no ministério (2:14-26);
2.4 O perfil dos diáconos (3:8-16).
3. CONSELHOS A TIMÓTEO (3:1-4.8);
3.1 Sobre a apostasia (3.1-9);
3.2 Sobre a sã doutrina (3:10-17);
3.3 Sobre o ministério (4:1-5).
4. CONCLUSÃO
4.1 Previsão da morte (4:6-8);
4.2 Informação da situação (4:10-18);
4.3 Instruções a Timóteo (4:9,13, 19-22).
Igualmente à primeira epístola, o apóstolo Paulo exorta Timóteo a exercer o ministério que lhe foi confiado pelo Senhor com toda a dedicação, amor e zelo. São ensinos, com aplicação prática também em nossos dias, pelo que devemos estar atentos para o bom exercício do ministério pastoral à frente do rebanho do Senhor.  Augusto Bello de Souza Filho - Bacharel em Teologia

3 TITO

ESBOÇO
Esta epístola do apóstolo Paulo, foi endereçada a Tito, seu verdadeiro filho na fé (Tt 1:4), também tratado como irmão em Cristo conforme está descrito em II Co 2:13; companheiro e cooperador em II Co 8:23; fiel administrador financeiro em II Co 12:18. Ainda usando outro referencial fora desta carta temos em Gl 2:13, que Tito é grego de nascimento. Foi escrita pelo apóstolo Paulo por volta do ano 66 d.C., segundo comentários sobre o Novo Testamento, talvez da cidade de Corinto. Segundo o texto, o apóstolo Paulo escreveu a Tito com os seguintes propósitos:
1. Ajudar Tito a refutar os falsos mestres;
2. Instruir Tito acerca da administração e do pastoreio da igreja;
3. Encorajar Tito e pedir-lhe que venha a Nicópolis (3:12)
No esboço a seguir temos o perfil desta carta:
1. INTRODUÇÃO (1:1-4);
2. QUALIFICAÇÃO DOS ANCIÃOS E BISPOS (1:5-16);
3. EXORTAÇÃO AOS MEMBROS DA IGREJA (2:1-3.11);
4. CONCLUSÃO (4:12-15);
Igualmente às epístolas anteriores, vemos o apóstolo Paulo preocupado com as questões doutrinárias, pelo que pede a Tito para exortar os fiéis a serem sãos na fé (1:13); e a falar o que convém a sâ doutrina (2:1); São ensinos com aplicação prática também em nossos dias, pelo que devemos estar atentos para o bom exercício do ministério pastoral à frente do rebanho do Senhor. Os problemas que Tito estava enfrentando são semelhantes aos que nos deparamos em nossos dias, principalmente com relação as “novidades teológicas” ou “teologias” que surgem a cada dia. Sem consistente respaldo bíblico, se tratando de verdadeiras heresias; o que acaba por requerer constante vigilância e zelo doutrinário.
Augusto Bello de Souza Filho - Bacharel em Teologia.
Agradecimentos aos autores nominados.  Pastor João Amilton de Anunciação - ADEMMAD Palmeira das Missões/RS.

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MESA DIRETORIA DA CONEMAD-RS - PERÍODO 2022-2026

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CONVENÇÃO ESTADUAL DOS MINISTROS EVANGÉLICOS DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS MINISTÉRIO DE MADUREIRA NO ESTADO DO RIO GRANDE DOS SUL CONEMAD-RS

JUNTA CONCILIADORA - CONEMAD-RS

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Presidência, Relatoria e Membrasia da Junta Conciliadora da Convenção das Igrejas Evangélicas das Assembleias de Deus Ministério de Madureira do Estado do Rio Grande do Sul - CONEMAD-RS.

CIBE-RS - CONFEDERAÇÃO DAS IRMÃS BENEFICENTES EVANGÉLICAS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

CIBE-RS - CONFEDERAÇÃO DAS IRMÃS BENEFICENTES EVANGÉLICAS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
O que é CIBE? Fundada em 1968 pela saudosa Missionária ZÉLIA BRITO MACALÃO, a Confederação das Irmãs Beneficentes Evangélicas - CIBE, foi criada pela Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil Ministério de Madureira - CONAMAD, com a finalidade de ser um braço da igreja na ação social. Sua atuação baseia-se nos princípios fundamentais das Sagradas Escrituras e em conformidade com a legislação vigente. Cabe à CIBE desenvolver ações voltadas ao atendimento, amparo e acolhimento de necessitados e desamparados. Atualmente nossas Igrejas participam de apoio a asilos, orfanatos, abrigos, atuando na arrecadação e distribuição de gêneros alimentícios, remédios, agasalhos, cobertores, calçados e roupas. Palavra de Deus: "Aprendei a fazer bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas" (Isaías 1.17). Venha fazer parte da CIBE você também!

SEMMAD-RS - SECRETARIA DE MISSÕES 2022-2026

SEMMAD-RS - SECRETARIA DE MISSÕES 2022-2026
Qual é o papel de uma Secretaria de missões? A Secretaria de Missões tem a obrigação de manter a igreja sempre bem informada a respeito de seus missionários e também da obra missionária de maneira geral e abrangente.

UMARDERSUL - União da Mocidade do Ministério de Madureira

UMARDERSUL - União da Mocidade do Ministério de Madureira
Composição da Diretoria da UMADERSUL - União da Mocidade do Ministério de Madureira do Estado do Rio Grande do Sul para o quadriênio de 2023 a 2026.

DIRETORIA DO CAMPO PALMEIRA DAS MISSÕES

DIRETORIA DO CAMPO PALMEIRA DAS MISSÕES
ANO 2024

OBREIROS DO CAMPO PALMEIRA DAS MISSÕES EM 2024

OBREIROS DO CAMPO PALMEIRA DAS MISSÕES EM 2024
ANO 2024

ASSEMBLÉIA DE DEUS MADUREIRA PALMEIRA DAS MISSÕES

ASSEMBLÉIA DE DEUS MADUREIRA PALMEIRA DAS MISSÕES
Fotografia tirada no dia 24 de janeiro de 2004, por ocasião da Congregação Palmeira das Missões pertencente ao Campo de Cruz Alta, pela presidente da época do Pastor ANTÔNIO CARLOS RODRIGUES DOS SANTOS CAMPOS.inistério de Madureira em Palmeira das Missões

PÓRTICO NORTE DA ENTRADA DE PALMEIRA DAS MISSÕES

PÓRTICO NORTE DA ENTRADA DE PALMEIRA DAS MISSÕES
A cidade de Palmeira das Missões, esta localizada na Região Norte do Estado do Rio Grande do Sul, conhecida como a Capital da Erva Mate. Entre os episódios ocorridos no antigo município de Palmeira das Missões durante a Revolução Federalista de 1893, tem particular interesse o morticínio do Distrito de Boi Preto, um dos maiores da luta que, só encontra paralelo no genocídio da Mangueira de Pedra (Rio Negro, Bagé), que o precedeu e, segundo voz corrente, foi ainda maior. Afirma-se que naquela cidade da Fronteira Sul, os sacrificados por Adão de La Torre (e outros) somaram 410, enquanto na hecatombe serrana , conforme telegrama do comandante do massacre Firmino de Paula ao Presidente Júlio de Castilhos, atingiram 370. Formação Administrativa do município de Palmeira das Missões, cuja sede pertencia ao antigo 3.º Distrito do município de Cruz Alta, foi criado por força da Lei Provincial nº 928, de 6 de maio de 1874, com território desmembrado dos municípios de Cruz Alta e de Passo Fundo, se instalando definitivamente no 7 de abril do ano seguinte.