DEUS E O COVID-19
Meus queridos irmão e amigos leitores, estamos todos numa situação de calamidade. O COVID-19 só reforça uma verdade sobre nossa existência – a vida nunca foi normal, ela sempre foi cheia de crises. Nós estávamos entorpecidos para essa realidade. Foi isso que C. S. Lewis disse quando em 1939, em um culto vespertino na igreja de St. Mary em Oxford pregou um sermão intitulado “Aprendizado em tempos de guerra”: “A guerra [substitua por COVID-19] não cria nenhuma situação absolutamente nova; ela simplesmente agrava a situação humana permanente de tal maneira que não podemos mais ignorá-la. A vida humana sempre viveu à beira do precipício. A cultura humana sempre teve de existir sob a sombra de algo infinitamente mais importante do que ela mesma. […] A vida nunca foi normal. Até mesmo os períodos que julgamos ser os mais tranquilos, como o século XIX, foram, sob um olhar mais acurado, cheios de crises, situações alarmantes, dificuldades e emergências”.
Portanto o COVID-19 nos coloca perante um espelho que não gostamos de olhar. Vemos em nós mesmos fraquezas, vulnerabilidade, medos e receios. Quando ventos contrários desmoronam nossas falsas ilhas de sustentação, nos deparamos afundando em um mar revolto e infinitamente maior do que nós. Mas vamos ser sinceros nesse momento de reflexão. Algumas pessoas naufragarão nos leitos hospitalares, outras nos desempregos e nas crises financeiras. As pessoas Idosas sabem que são os mais vulneráveis do que os mais jovens. Já as crianças deixarão de ver seus amiguinhos, de estudar e de brincar fora de casa. Nas igrejas todas estarão vazias e fechadas. Os governos estão agindo rapidamente e mudando os planos de gestão em hora de crise, pois muito se mudará daqui para frente e tempo record. A vida esta fora da normalidade, ou melhor, prova mais uma vez que ela sempre foi assim e não como gostaria que fosse.
No meio a desse cenário apavorador, a pergunta sincera que devemos fazer é: como podemos estar seguros? A resposta é a mesma que Abraão deu quando também estava vivendo uma crise – “Deus proverá” (Gn 22.8). Deus quis colocar Abraão à prova pedindo que ele sacrificasse seu filho querido Isaque, o filho no qual estava a promessa da benção divina. Em meio a essa possível calamidade, Abraão se lembrou de que Deus tinha total controle dos eventos futuros de sua vida e é capaz de resolver coisas bem complexas. Em outras palavras, Abraão cria na doutrina da providência divina. E sim, boa doutrina em tempos de crise mantém a gente de pé e com fé. Abraão seguiu obediente e Deus proveu um cordeiro para sacrifício no lugar do seu filho. Sabemos que nem sempre é assim, nem sempre Deus livrará a gente do “holocausto”, mas podemos ao menos seguir adiante com a mesma fé de Abraão, a fé que descansa em Deus e a maneira dele agir nesse mundo.
Mas como a doutrina da providência nos ajuda nesse momento? Para respondermos essa pergunta, devemos lembrar-nos de algumas verdades bíblicas importantes: “Quando os dias forem bons, aproveite-os bem; mas, quando forem ruins, Considere: "Deus fez tanto um quanto o outro, para evitar que o homem descubra alguma coisa sobre o seu futuro” (Ec 7,14).
Em primeiro lugar, Deus faz com que todas as coisas, boas e ruins, aconteçam de acordo com seu propósito. Isso mesmo, coisas boas e ruins. Deus causa todas elas, não somente permite ou usa elas. Há aqueles que afirmam que Deus somente governa sobre todas as coisas, mas não causa essas situações ruins. Mas “o que é governar senão presidir de tal maneira que as coisas sobre as quais se preside sejam regidas por uma ordem determinada”? “Aprendemos na bíblia que Deus governa ativamente sobre tudo e todos, sendo a “primeira causa” de todos os eventos”.
Mas poderíamos continuar com a lista acima e usar outros exemplos bíblicos. Lembre-se da vida de Jó, a calamidade enfrentada por ele e sua família era incomparável. Logo no capítulo um lemos que seus bois e jumentas foram roubados pelos sabeus. Seus servos foram mortos. Fogo caiu do céu e matou suas ovelhas e pastores. Não bastasse isso, os caldeus atacaram e levaram os camelos, mataram cruelmente os outros empregados. Pior ainda, seus próprios filhos e filhas foram mortos por um vento que bateu contra a casa onde eles comiam. Qual foi a percepção de Jó perante aquela calamidade? ”Então Jó se levantou, rasgou o seu manto, rapou a cabeça, prostrou-se em terra e adorou. E disse: — Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei. O Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor! (Jó 1:20-21). Com certeza Jó poderia ter culpado os sabeus e teria razão. Também poderia ter culpado os caldeus e estaria correto. Poderia ter culpado seus filhos por não buscarem proteção suficiente em uma área em que provavelmente esses tipos de “tornados” aconteciam com frequência. Poderia ter achado inúmeras causas para o seu sofrimento, mas ele diz: “O Senhor o deu e o Senhor o tomou”. Ou seja, o Senhor causou toda essa desgraça. Porem Jó conhecia o poder e o amor de Deus. Quando conhecemos o amor e as providências do Todo poderoso, sabemos também passar pelas lutas e tribulações. Você crê nisso? Amem!
Boa semana a todos!
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