Hoje passei um bom tempo com minha mãe Maria Eloá Carôlo de Anunciação que esta internada no Hospital São Vicente de Paulo, na cidade de Cruz Alta, acompanhando a situação em que está passando, cujo seu estado de saúde requer tratamento intensivo. Ao lado dela fiquei lembrando de minha infância e de como ela me tratava com carinho, não somente a mim, como a todos os meus irmãos. Esta mulher gerou oito filhos, seis homens e duas mulheres. Descrevo aqui pela ordem hierárquica nossos nomes: José Sílvio Carolo de Anunciação, Valter Carolo de Anunciação, Maria Alice Carolo de Anunciação (Maria Alice Bueno - casamento), Nélson Carolo de Anunciação, Janete Teresinha Carolo de Anunciação (Janete Terezinha de Anunciação Santana - casada), João Amilton de Anunciação, Adelar de Anunciação e Paulo Sérgio de Anunciação. Vejamos que nem todos carregam o sobrenome de nossa mãe. Olhando para ela deitada naquela cama com olhar pálido, parado no tempo, com respiração fraca e com auxílio de oxigênio, uma dor apertava meu peito, um sentimento de que a qualquer momento nos separaríamos definitivamente. Falei a ela alguma coisa engraçada, pois sempre fazia brincadeiras com ela, mas não esboçou nenhuma reação, somente mexia a cabeça e seus olhos lacrimejavam. Falei em voz alta próximo a seus ouvidos, lágrimas correram em seu rosto. Foi então que me vieram lembranças de minha infância, o que me causou profunda tristeza em meu coração, por lembrar da mulher que era e agora ali sem reação nenhuma, no fim de sua vida, e de não poder responder aos meus questionamentos e eu nada podendo fazer por ela.
Recordei de minha mais antiga lembrança, de quando tinha apenas dois (02) anos e oito (08) dias, pois foi quando nasceu meu irmão Adelar, no dia 08 de agosto de 1967, isso era pela parte da tarde. Parece impossível, mas está é uma memória fotográfica daquele lindo acontecimento, o dia do nascimento de meu irmão mais novo, embora depois tenha vindo mais um, mas isso é outra história. Lembro-me dela deitada na cama com um bebezinho pequenino, que estava deitadinho todo enroladinho, afinal era inverno e frio, que estava aos pés cama e cercado de pessoas, que provavelmente fosse minha avó Francisca Otilha de Quadros Carolo, a vó Chiquinha, minhas tias Celeste Carolo, minha madrinha Duzulina Zanini Helfstein e a parteira, Dona Aurélia, não lembro sobrenome. Momentos antes meu pai João de Anunciação, do qual herdei o belo nome de João, havia ido até um poço de água próximo à casa de meus padrinhos, local onde próximos estávamos, buscando aguá de balde, quando nos avisou do nascimento de mais um novo membro em nossa família. Recordo que minhas duas irmãs Maria Alice e Janete Terezinha estavam comigo brincando num potreiro com nossos vizinhos, Noeli, Lucílda e Erni Zanini Helstein, filhos de meus padrinhos Edegar e Duzulina e Helfstein. Um dia inesquecível!
Destarte que está é a memória mais antiga, entre tantas outras lembrança que pairavam minha mente enquanto olhava minha mãe com lágrimas nos olhos. Tanto eu, quanto ela, tínhamos lagrimas em nossos olhos. Com certeza sei que ela não podia me responder com a voz, mas entendeu tudo o que falei a ela naquele momento.
Engraçado, como a vida nos prega peças. Quando eu tinha uns oito (08) anos de idade, lá na localidade de Alto Jacuí, local onde nasci, interior do município de Santa Bárbara do Sul, atualmente município de Saldanha Marinho, por ocasião de uma festa naquela comunidade, nos idos do ano de 1973, meu Tio Ermindo Picinini, casado com Tia Amantina Carolo Picinini, umas das irmãs mais novas de minha mãe, tocou uma música de sua autoria, lembro-me que era uma gaita Todeschini, de cor verde, a qual contava a história da morte de sua mãe que havia ocorrido quando ele tinha apenas nove (09) anos de idade. A melodia era muito triste, muito emocionante. Ao começar a ouvi-la, fui fugindo de mansinho, indo chorar no meio de uma plantação de pasto de capim elefante, pensando que um dia minha mãe iria morrer. Devido a isso, durante todo o período em que tive nove (09) anos de idade, minhas lembranças daquela musica me faziam temer a hipótese de poderia perder a minha mãe com aquela idade. Isso perdurou em todas as idades de final nove (09), de dezenove (19), de vinte nove (29) e assim por diante, pois o temor pela possível perda de minha mãe era grande. Hoje com mais de cinquenta e dois (52) anos de idade, isso ainda me assombra.
Tem coisas que podemos viver uma vida mas não estamos prontos ou preparados para enfrentar. Acho que uma mãe nunca deveria ficar velha, ficar doente ou mesmo falecer. São sentimentos que todos os filhos sentem em seus corações, pois dificilmente uma mãe não faça falta a um filho, por mais mais velhinha que esteja, é uma perda irreparável, pelo menos para os que amam verdadeiramente as suas mães, ou a seus pais, pois sei que esses sentimentos são reais, muito verdadeiros.
O que mais me deixa inquieto, e em profunda angústia, é a incerteza de que a qualquer momento posso receber uma notícia indesejada de que minha mãe faleceu. Pois mais preparado que estejamos, a dor virá e e nos causará tristeza em nossos corações
Meus queridos irmãos e amigos, leitores desse blog, hoje é 05 de julho de 2018, são 23h21min., e a incerteza continua, pois minha mãe está hospitalizada e sem ter reação de melhoras, pois seu estado é grave e também por não ter uma notícia médica confirmatória de seu real estado clínico, o qual possa nos dizer se há uma chance de recuperação. Que bom seria essa notícia! Por fim, peço a Deus que lhe cure e derrame poder, cura e saúde sobre sua tão importante e incomparável vida. Que assim seja. Em nome do Senhor Jesus! Te amo muito minha amada mamãe.
Como diz o Salmista no Salmos 125: "Os que confiam no Senhor são como os montes de Sião, que não se abalam, mas permanecem firmes para sempre".
Amém!