Doutrina bíblica sobre a Trindade - Deus Pai, Deus Filho (Jesus Cristo) e Deus Espírito Santo, repousa essencialmente sobre duas premissas teológicas:
1) O monoteísmo é uma verdade;
2) A divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo, também é uma verdade. Portanto, temos um único Deus, mas três pessoas. Cada pessoa distinta uma da outra, conforme nos relata a Santa Bíblia, que é verdadeiramente Deus falando, a Palavra de Deus.
Na Bíblia Sagrada o Senhor nosso Deus fala explicitamente que existe um Deus único, conforme Dt 6.4: "Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR" e Mc 12.29-32: "E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes. E o escriba lhe disse: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que há um só Deus, e que não há outro além dele;
O Discípulo amado de Cristo, o Apóstolo João, conhecido como apóstolo do amor, diz no Evangelho escrito por ele - Jo 17.3 "Ora a vida eterna é esta: que conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste". O Apóstolo João registrou essas palavras do Senhor Jesus Cristo, deixando claro que existe um único Deus Verdadeiro, neste versículo a expressão do Deus Verdadeiro está claramente associada à pessoa do Pai. Na declaração do Senhor Jesus Cristo, o Pai é o único Deus Verdadeiro. Porém, o mesmo João que escreveu o Santo Evangelho que leva o seu nome, escreveu também na sua Primeira Epístola Universal em 5.20: "Também sabemos que o Filho já veio, e nos deu entendimento para conhecermos aquele que é verdadeiro. E estamos naquele que é verdadeiro, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna. Essas palavras afirmam categoricamente a divindade de Jesus: Ele é o Verdadeiro Deus e a vida eterna".
Podemos observar que o mesmo Apóstolo João que escreveu no Quarto Evangelho, também foi o autor da Primeira Epístola a que nos referimos. Assim sendo, ele atribui a palavra Deus Verdadeiro, tanto à pessoa do Pai, como à pessoa do Filho. Esses textos são provas explícitas de que o Apóstolo João conhecia a Unidade Composta de Deus, ou seja, a unidade de essência de Deus como sendo único e verdadeiro, composto por pessoas, neste caso: Pai e Filho. Não estou dizendo que o Pai seja o Filho, de maneira alguma, mas que o Pai e o Filho são duas pessoas como o próprio João declara: 2ª Jo 1.3 "Graça, misericórdia, e paz, da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo, o Filho do Pai, serão conosco em verdade e amor".
Se o Pai é chamado de Deus Verdadeiro (Jo 17.3) e o Filho é chamado de Deus Verdadeiro (1ª Jo 5.20), e o Espírito Santo é chamado de Deus (Atos 5.3-4: "Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus" e, em Isaías capítulo 43.10-11 lemos: "Vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor, e o meu servo, a quem escolhi, para que o saibais, e me creiais, e entendais que eu sou o mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá. Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há Salva¬dor; se existem três pessoas chamadas na Bíblia de Deus Verdadeiro e ela não admite outro deus ou Deus, senão o Deus único, ou admitimos a pluralidade na unidade ou somos obrigados a admitir um politeísmo barato, insuportável e grosseiro".
O unicismo
O unicismo tenta explicar o assunto desenvolvendo a teoria das três manifestações. Seria um único Deus Verdadeiro que se manifestara em três formas, ora como Pai, ora como Filho, ora como o Espírito Santo. Essa teoria unicista não encontra sustentação na verdade bíblica, já que na Bíblia encontramos passagens deixando claro que são pessoas distintas e não meras manifestações, como nas seguintes passagens bíblicas: Jo 1.1-3: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez" - 8.16-18: "E, se na verdade julgo, o meu juízo é verdadeiro, porque não sou eu só, mas eu e o Pai que me enviou. E na vossa lei está também escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro. Eu sou o que testifico de mim mesmo, e de mim testifica também o Pai que me enviou". - 15.26: "Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim". O apóstolo João diz: "Quem é o mentiroso senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Esse mesmo é o anticristo, esse que nega o Pai e o Filho" (1ª Jo 2.22). Embora esses versículos foram escritos para proteger a Igreja do gnosticísmo, nos ensina que não podemos negar a personalidade das pessoas da Trindade. Quem nega que Jesus é o Cristo, quem nega a personalidade do Pai e a personalidade do Filho é classificado como mentiroso, que é contrário a Cristo, já que negar essas verdades bíblicas são características da doutrina do espírito do anticristo e não do cristianismo ortodoxo.
A crença em duas divindades
A seita As Testemunhas de Jeová por não compreenderem os santos mistérios de nosso Deus-Cristo, criaram uma teoria “racionalista paradoxal” negando a divindade de Cristo e a pluralidade na unidade divina, não observando o que esta explixito na seguinte passagem bíblica de 1ª Tm 3.16: "E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória".
Assim desenvolveram um sistema doutrinário peculiar, ou seja, a crença em duas divindades, uma todo-poderosa, chamada de Jeová e outra menos poderosa ou apenas Poderosa, chamada de Jesus. Esse ensino caí de vez no politeísmo, ou seja, a crença em duas ou mais divindades. Algo que é impensável na fé cristã monoteísta. Bem diz o Credo Niceno ou Atanasiano: Pois da mesma forma que somos compelidos pela verdade cristã a reconhecer cada Pessoa, por si mesma, como Deus e Senhor.
Um Deus, três Pessoas
A crença num Deus eternamente subsistente em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo contempla a realidade bíblica sem ferir o monoteísmo ético. Não enveredamos para o politeísmo nem para a negação das pessoas. Assim, a doutrina da Trindade não é irracional e antibíblica como querem os grupos não ortodoxos, mas é plenamente bíblica e verdadeira.
Objeções
Temos, porém, de ter em mente que As Testemunhas de Jeová não conseguem dissociar a palavra Deus do Pai. Todas as vezes que dizemos que Jesus é Deus, elas, no seu complexo sistema de entendimento, acusam a idéia de que estamos confundindo o Pai com o Filho. As Testemunhas de Jeová precisam entender que quando estamos falando de que Jesus Cristo é Deus, não estamos dizendo que Jesus é o Pai ou que seja o Espírito Santo. Mas o sistema de entendimento desenvolvido pela Sociedade Torre de Vigia não permite esse raciocínio, e a primeira coisa que ouvimos de As Testemunhas de Jeová quando falamos que Jesus é Deus, são as seguintes indagações: “Se Jesus é Deus então Ele orou para si mesmo? Se Jesus é Deus então o céu ficou vaziou quando Ele veio a terra? Se Jesus é Deus então Deus morreu?” Tudo isso porque elas confundem as pessoas da divindade. Essas perguntas de As testemunhas de Jeová devem direcionar para os unicistas e não para os que acreditam na Trindade. Já que a Trindade são três Pessoas em unidade divina, daí o motivo de qualquer das três Pessoas poder ser chamada de Deus.
Outro problema levantado pelas seitas que rejeitam a doutrina da Trindade é aplicar as passagens bíblicas que se referem ao Filho como homem, para contradizer sua natureza divina. Ignoram que o Senhor Jesus possui duas naturezas: a divina e a humana, assim, essas seitas apresentam as passagens bíblicas que provam a humanidade de Jesus para negar a sua divindade, sendo que essas passagens não contradizem sua divindade, apenas provam sua outra natureza, a humana. Assim como as passagens que revelam a divindade de Jesus não contradizem sua natureza humana, mas simplesmente revelam sua outra natureza a divina, já que o Filho possui duas naturezas, verdadeiro como vemos nas seguintes passagens bíblicas: 1ª Tm 2.5: "Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem." e verdadeiro Deus com em 1ª Jo 5.20: " E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna". Assim reza o Credo Niceno acerca de Jesus: Igual ao Pai no tocante à sua Deidade, e inferior ao Pai no tocante à sua humanidade.
No importante documento intitulado Tomo de Leão, que foi bispo de Roma (440-461) parte III diz: Assim, intactas e reunidas em uma pessoa às propriedades de ambas as naturezas, a majestade assumiu a humildade, a força assumiu a fraqueza, a eternidade assumiu a mortalidade e, para pagar a dívida de nossa condição, a natureza inviolável uniu-se à natureza que pode sofrer. Desta maneira, o único e idêntico Mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, pôde, como convinha à nossa cura, por um lado, morrer e, por outro, não morrer... e na parte IV diz: Neste mundo fraco entrou o Filho de Deus. Desceu do seu trono celestial, sem deixar a glória do Pai, e nasceu segundo uma nova ordem, mediante um novo modo de nascimento. Segundo uma nova ordem, visto que invisível em sua própria natureza, se fez visível na nossa e, Ele que é incompreensível, se tornou compreendido; sendo anterior aos tempos, começou a existir no tempo; Senhor do universo revestiu-se de forma de servo, ocultando a imensidade de sua Excelência; Deus impassível, não se horrorizou de vir a ser carne passível; imortal, não recusou as leis da morte. Segundo um novo modo de nascimento, visto que a virgindade, desconhecendo qualquer concupiscência, concedeu-lhe a matéria de sua carne. O Senhor tomou, da mãe, a natureza, não a culpa. Jesus Cristo nasceu do ventre de uma virgem, mediante um nascimento maravilhoso. O fato de o corpo de o Senhor nascer portentosamente não impediu a perfeita identidade de sua carne com a nossa, pois Ele que é verdadeiro Deus, é também verdadeiro homem. Nesta união não há mentira nem engano. Corresponde-se numa unidade mútua a humildade do homem e a excelsitude de Deus. Por ser misericordioso, Deus [divindade] não se altera; por ser dignificado, o homem [humanidade] não é absorvido. Cada natureza [a de Deus e a de servo] realiza suas próprias funções em comunhão com a outra. O Verbo faz o que é próprio do verbo; a carne faz o que é próprio à carne; um fulgura com milagres; o outro se submete às injúrias. Assim como o Verbo não deixa de morar na glória do Pai, assim a carne não deixa de pertencer ao gênero humano... Portanto, não cabe a ambas as naturezas dizerem: “O Pai é maior do que eu ou “Eu e o Pai somos um pois, ainda que em Cristo Nosso Senhor haja só uma pessoa. Deus-homem, o princípio que comunica a ambas as naturezas as ofensas é distinto do princípio que lhes torna comum a glória...
O autor evangélico Robert M. Browman Jr., declara com muita propriedade e profundo senso de responsabilidade: Existe a escolha, portanto, entre crer no Deus verdadeiro conforme Ele se revelou, com mistérios e tudo, ou crer num Deus que é relativamente fácil de ser compreendido, mas que tem pouca semelhança com o Deus verdadeiro, Os trinitários estão dispostos a conviver com um Deus a quem não conseguem compreender plenamente, já que adoramos a Deus conforme Ele se tem revelado.
Considerações Finais
Finalmente, declaramos com toda a confiança a nossa fé bíblica na doutrina da Trindade, porque:
Aceitamos a doutrina de acordo com o que expõe a Bíblia Sagrada, nas seguintes passagens: Mt 28.19 : "Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo"; Ef 4.4-6: "Nem torpezas, nem parvoíces, nem chocarrices, que não convêm; mas antes, ações de graças. Porque bem sabeis isto: que nenhum devasso, ou impuro, ou avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus. Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência"; 1ª Co 12.4-6: "Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos"; 2ª Co 13.13: "Todos os santos vos saúdam" e Nm 6.24-26: "O SENHOR te abençoe e te guarde; O SENHOR faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti; O SENHOR sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz".
Não somos politeístas, já que cremos num único Deus, e não aceitamos nenhuma divindade inferior ou superior, além de Deus, com vejamos a serguir nas seguintes passagens bíblicas: Dt 6.4: "Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR"; Mc 12.29: "E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor"; 1ª Co 8.6: "Todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele"; Gl 3.20: "Ora, o medianeiro não o é de um só, mas Deus é um" e Ef 4.6: "Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós".
Não somos idólatras, já que não temos nenhum outro deus diante do único Deus; (Êx 20.2-3: "Eu sou o SENHOR teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim" e Is 43.10-11: "Vós sois as minhas testemunhas, diz o SENHOR, e meu servo, a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais, e entendais que eu Sou o mesmo, e que antes de Mim deus nenhum se formou, e depois de Mim nenhum haverá. Eu, eu Sou o SENHOR, e fora de Mim não há Salvador".
Não aceitamos o paganismo, e encontramos fartamente no paganismo a crença em duas ou mais divindades. Exemplo: Júpiter (o deus supremo dos romanos ou o deus todo-poderoso dos romanos) e Mercúrio (divindade inferior ou deus poderoso); ou para os gregos (Zeus, o deus todo-poderoso e Hermes o deus apenas poderoso), crença similar à de As testemunhas de Jeová: Jeová, o Deus Todo-Poderoso e Jesus, o Deus poderoso;
Não aceitamos o critério da razão para conceber a divindade, já que Deus não é concebido por meio de um raciocínio humano, nem por uma demonstração matemática. Deus não é fruto da inteligência da carne, Ele é Deus de mistério, como nas seguintas passagens bíblicas: Is 45.15:"Verdadeiramente tu és o Deus que te ocultas, o Deus de Israel, o Salvador" e em 1ª Tm 3.16: "Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça".
Se o Cristianismo fosse alguma coisa que estivéssemos inventando, é óbvio que poderíamos torná-lo mais fácil. Não conseguimos concorrer, em termos de simplicidade, com as pessoas que estão inventando religiões. Como poderíamos? Estamos lidando com fatos. É óbvio que qualquer um pode simplificar as coisas se não precisar levar em conta os fatos! (C. S. Lewis).
Por fim, gostariamos de afirmar de que existe e comprovar a Trindade do Deus Pai, Deus Filho e do Deus Espírito Santo, distintamente um do outro, conforme versamos acima, a fim de que possas analisar a luz das santas Escrituras Sagradas, a veracidade teológica antes expressada, a qual elucidará quaisquer dúvidas acerca dos fatos em tela, uma vez que a Bíblia Sagrada é luz para iluminar a mente humana a respeito das coisas do céu. Deus os abençõe! J. Amilton.